Mulheres líbias estupradas agora podem ser mortas "pela honra"

Eu sei que já saiu em tudo que foi lugar e eu estou sendo repetitiva aqui, mas não tem como ficar calada ou de deixar de repercutir esta atrocidade: depois de estupradas pelos soldados líbios e também pelos combatentes rebeldes, as vítimas  - mulheres e também meninas – agora correm o risco de serem assassinadas para “preservar a honra” de suas famílias!  Nessas horas, a primeira pergunta que me vem à mente é: Século XXI, quando você finalmente vai chegar?

Como a Líbia da ditadura de quatro décadas de Muamar Kadafi é basicamente uma sociedade de clãs familiares, o estupro de uma mulher atinge mais que sua família – ele é visto como uma desonra à toda a aldeia, que é basicamente composta por núcleos que compartilham laços familiares de maior ou menor grau.  Conhecedores dos costumes de seu país, os soldados (ou mercenários, como alega o Exército líbio) muitas vezes cometiam o estupro na frente dos familiares como forma de humilhação e submissão do grupo.  Incrível como o corpo feminino é território de disputa de poder! Mas isso é assunto para outra hora. Voltando à Líbia: há relatos de meninas que se suicidaram, depois de serem estupradas, para não envergonhar sua família – o que dá ideia da culpa e da pressão social que pesa sobre as mulheres líbias.  Mesmo entre as que não foram vistas sendo estupradas, há as que engravidaram e que, com o crescimento da barriga, ficarão expostas à violência familiar. Por isso grupos humanitários estão se oferecendo para pagar pelo aborto daquelas que assim o desejarem com base em fatwas – regras clericais islâmicas – que autorizam o aborto em circunstâncias como a de abuso sexual.

Agora vem o X da questão: sabe por que uma mulher estuprada desonra sua família, seu clã, sua aldeia? Porque a vítima é vista como culpada – a vergonha é porque de alguma forma entende-se que a mulher provocou / facilitou o crime.  

A ONU já havia denunciado que Kaddafi havia comprado Viagra para turbinar o estupro como arma de guerra.  Aqui fica a pergunta: quem vendeu não sabia o que estava acontecendo?  Não estou acusando a Pfizer, inclusive porque a patente já venceu e a compra pode ter sido feita de vários laboratórios em todo o mundo.  Mas seja qual for a empresa que vendeu o medicamento, a pergunta permanece: valeu a pena ganhar esse dinheiro?  Como está a consciência da pessoa que efetivou a venda?  E será que eles publicam relatório de responsabilidade social?

#ficadúvida

Um comentário:

  1. Lixo de gente
    Repudio estes animais inconsequentes e restritos e INFELZES!
    Valentina

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