A diferença de atitude do povo e dos negociadores no exato dia em que se completam três meses do acidente na usina nuclear de Fukushima denuncia a esquizofrenia no país em relação ao tema. De um lado, o povo preocupado com segurança e com as futuras gerações. Do outro, um governo atormentado por uma economia há muito tempo estagnada e que, por conta do terremoto que assolou o país, deve recrudescer este ano. No Japão, a energia nuclear responde por 30% do abastecimento do país e era tida, até o desastre, como uma das alternativas prioritárias: as autoridades repetiam, e a população aceitava, a argumentação dos lobbistas dessa indústria, que usam a necessidade de reduzirmos as emissões de CO2 na atmosfera para manter a temperatura do planeta dentro de limites seguros para pintar a energia nuclear de verde. Como ficou evidente neste último acidente, de verde, a energia nuclear não tem nada.
Numa evidente demonstração de anacronismo e falta de sintonia com a população que representam, os negociadores japoneses reiteraram sua posição de incluir todas as energias, incluindo a nuclear, nos Mecanismos de Desenvolvimento Limpo, prática estabelecida no Protocolo de Kyoto e que consiste no desenvolvimento de projetos de redução das emissões que são passíveis de gerar créditos a serem negociados no mercado de carbono. Considerando-se a recente experiência do país, é possível afirmar que o Japão tem hoje a legitimidade necessária para liderar os negociadores climáticos a banir a opção nuclear das energias que queremos para o futuro.
http://g1.globo.com/videos/jornal-nacional/v/japoneses-exigem-fechamento-de-usinas-nucleares-tres-meses-apos-tragedia/1533974/ |
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