Onde uma mulher não deveria nascer

Pesquisa feita pela Thomson Reuters Foundation para o site TrustLaw Women, destinado a prestar assessoria jurídica gratuita para grupos de mulheres ao redor do mundo, mostra quais os países nos quais uma mulher deveria evitar nascer. O Top Five da violência contra a mulher é composto por Afeganistão, República Democrática do Congo (RDC), Paquistão, Índia e Somália. No caso do Afeganistão, esse pódio infame resulta da soma de fatores como péssimo atendimento médico às mulheres, violência e condições brutais de pobreza. A vice-liderança do Congo deve-se à prática corrente de estupro como arma de guerra. Crimes de honra e ataques às mulheres com ácido explicam a presença do Paquistão nesta lista, enquanto a vizinha Índia notabiliza-se pelo tráfico de mulheres e escravidão sexual. Já na Somália... bem se você engravidar lá, terá 50% de sobreviver à gravidez e ao parto.



Segundo a Organização Mundial da Saúde, em 2008 morreram mil mulheres por dia em decorrência de complicações na gravidez ou no parto.  A mortalidade materna é usada pela instituição como o melhor indicador de saúde para mostrar as distâncias entre ricos e pobres entre países e dentro de um mesmo país.  Porque saúde da mulher não é foco prioritário do atendimento público de saúde: existe uma curva de aprendizado até que os governos foquem nessa questão.  Curva essa que reflete o amadurecimento da sociedade em relação à discriminação entre gêneros.  No caso das afegãs, as chances de morrer no parto são de 1 para 11, também um verdadeiro escândalo!

Situações de pobreza também são diferentes para homens e mulheres: em sociedades mais discriminatórias, estas chegam a ser totalmente alijadas de direitos econômicos, como no caso do Afeganistão.  E as mulheres que têm a intenção de falar ou assumir funções públicas que desafiam estereótipos arraigados do que é aceitável para o “sexo frágil”, muitas vezes são intimidadas ou mortas.  No caso do Paquistão, as práticas de intimidação incluem ataques com ácido e apedrejamento, mas também poderíamos considerar intimidação o que há por trás dos casamentos forçados e dos casamentos infantis.  De acordo com a comissão de direitos humanos do Paquistão, cerca de mil mulheres e meninas morrem por ano em assassinatos de honra.

No Congo, 400 mil mulheres são estupradas a cada ano – tanto as “inimigas”, como arma de guerra, como as “aliadas”, que são recrutadas como soldadas para, na realidade, serem usadas como escravas sexuais.  Ativistas de direitos humanos dizem que as milícias de soltados estupram de crianças de três anos a idosas, muitas vezes em bandos, com baionetas ou com a introdução de revólveres na vagina, os quais são disparados para feri-las. Como os direitos das mulheres são poucos e o Estado é muito corrupto, não há como recorrer à Justiça. A situação é tão grave que as Nações Unidas declararam o Congo como a capital mundial do estupro.

No caso da índia, o problema já começa dentro do útero:  a prática de aborto de fetos femininos persiste, junto com o assassinato de meninas.  Já crescidas, elas são traficadas: em 2009, foram 100 milhões.  Sim, isso mesmo que você leu: 100 milhões de mulheres traficadas como mercadoria apenas no ano de 2009!  Para outros países?  Não: 90% são comercializadas dentro da própria Índia.

A Somália, por sua vez, é um Estado em desagregação política onde as mulheres sofrem com fome, seca, lutas e também com estupro, mutilação genital feminina e acesso limitado à educação e à saúde: quando  uma  mulher engravida lá, suas chances de sobreviver são de 50%.

O site TrustLaw liga ONGs locais e empreendedores sociais a escritórios de advocacia que atendem em uma base pro-bono. Os grupos são avaliados pela Transparência Internacional.  Mais de 450 escritórios de advocacia já estão envolvidos, incluindo alguns da China.

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