Guapiruvu: o Brasil que pode dar certo

Marcelo Cardoso (*)



Guapiruvu é um bairro da cidade de Sete Barras, no Vale do Ribeira, litoral sul de São Paulo.  Esta é a região de maior índice de pobreza no Estado de São Paulo, mas é também uma região importante pela preservação e pela unificação entre o social e o ambiental. Foi aqui que o Vitae Civilis deu início a seu trabalho em 1997 com uma agenda local de desenvolvimento.  E agora, em 2013, voltamos para olhar essa trajetória e avaliar o trabalho realizado para esta comunidade e a contribuição dada pelo Vitae Civilis a este processo.


Desafios da CoP19


A fria Varsóvia deve receber, no final de 2013, mais uma morna etapa de negociações sobre o aquecimento global. O que podemos e devemos esperar da CoP19?

O Brasil na (e depois da) CoP18

Emb. André Corrêa do Lago em coletiva na CoP18
O Brasil se saiu muito bem na CoP18? Sim, se analisarmos a questão meramente do ponto de vista da diplomacia internacional. 

Cresce a cada ano a relevância de nossa delegação para fazer avançar os pontos mais sensíveis das negociações.Nossos negociadores são amplamente reconhecidos por seu preparo, por sua habilidade e por sua flexibilidade para promover o diálogo entre nações desenvolvidas, notadamente os Estados Unidos, e os países do G77, em particular as nações do BASIC. São também aclamados pela criatividade na proposta de soluções que atendem o emaranhado de premissas e procedimentos da UNFCCC e, ao mesmo tempo, facilitam os trabalhos. Entretanto, do ponto de vista doméstico, continuamos a apostar na aceleração do crescimento a qualquer custo, como se a superação da pobreza pudesse ser feita negligenciando as responsabilidades que o país tem com os seus atributos naturais e com a transição para o desenvolvimento sustentável....

COP18: um retrato do mundo

silvia gaines cop18
Silvia Dias e Morrow Gaines, do Vitae Civilis
Estamos há quase 20 anos tentando alcançar um acordo climático global que permita manter a tendência de aquecimento da temperatura média da Terra abaixo dos dois graus centígrados, minimizando, desta forma, as perspectivas de um cenário catastrófico que perversamente afetará de forma mais intensa as populações mais carentes. À frustrada expectativa de que tal acordo fosse alcançado em Copenhague seguiram-se vários encontros nos quais a grande vitória parecer ser simplesmente manter abertos os canais de negociação, evitando-se, a qualquer custo, vínculos ou obrigações legais de cortar a emissão dos gases causadores do efeito estufa ou de ajudar as nações mais pobres a se adaptarem às mudanças climáticas que já deixaram de ser teoria para se tornarem uma triste e desafiadora realidade.

Rio+20: a voz e a vez das pessoas


Pedro Telles, Luís Flores, Severn Suzuki,
Wael Hmaida, Rubens Born, Sharan Burrow, Kumi Naidoo eCamilla Toulmin

O fracasso da Rio+20 levou um grupo de notáveis a se manifestar individualmente, como pessoas, para além das bandeiras que seus movimentos representam. O resultado foi emocionante e passa uma mensagem de indignação e de esperança à sociedade.


“Não vamos desistir. Não vamos perder a esperança. Vamos continuar juntos e esperamos que esses lideres e negociadores se juntem a nós por mudanças concretas.”  Com estas palavras, Pedro Telles, um dos jovens que participou do projeto Youngers+Elders, resumiu o sentimento que levou líderes dos mais variados segmentos da sociedade civil – trabalhadores, comunidades indígenas, cientistas, setor privado, ambientalistas dos cinco continentes – a lançar na véspera do encerramento da Rio+20 uma carta aberta de repúdio ao documento O Futuro Que Queremos.  Em uma manifestação espontânea e pacífica, Severn Suzuki (a menina que, há 20 anos, fez um emocionante apelo aos chefes de Estado reunidos na Rio92), Luis Flores, Wael Hmaida, Sharan Burrow, Kumi Naidoo, Rubens Born, Fabian Cousteau e Camilla Toulmin representaram mais de 50 nomes de todo o mundo que já subscreveram a carta A Rio+20 Que Não Queremos” (clique aqui para ver o texto e a relação de signatários).
  
“Se esta declaração sair, vai ser a prova da falha do sistema de governança mundial.  O que significa quando lideres mundiais se juntam e não podem trabalhar para o bem da humanidade?”, indagou Severn Suzuki.  “Um processo sem metas, datas e inclusão da sociedade é inadmissível”, completou Sharan Burrow.  “Depois de quatro anos de crises econômicas, quero que nossos lideres nos liderem para uma nova economia.  Uma economia que seja baseada em novos valores e não em cima de uma dívida econômica e ecológica.  Tem que ser construída para benefício de muitos e não de poucos”, completou Camila Toullmin.

Wael Hmaidan, que representou as ONGs na sessão de abertura da parte oficial da Rio+20 e pediu a retirada da expressão que declara ter havido “ampla participação” da sociedade civil na produção do documento, lembrou o que ele aprendeu com a Primavera Árabe:  “A persistência faz a diferença”.

Kumi Naidoo também reforçou que a iniciativa de protestar contra o fracasso da Rio+20 foi deflagrada pela esperança: “Gandhi disse que primeiro eles te ignoram, depois riem na tua cara, depois lutam contra você e aí você ganha. Eles não estão nos ignorando, não estão rindo de nós: eles estão lutando contra nós, o que quer dizer que estamos prestes a ganhar”, concluiu.

“Esta é uma iniciativa de indivíduos de diferentes origens e segmentos, que vieram aqui se manifestar contra o resultado da conferência”, declarou Rubens Born na abertura do evento, que lotou uma das plenárias do pavilhão reservado aos Major Groups.  “É nosso dever, como cidadãos de nossos países e do planeta, expressar nossa indignação – uma indignação legítima e que não foi capturada e não está refletida na agenda oficial.  Porque a cada fracasso comprometemos o tempo e as opções para realizar a transição para um modo de vida sustentável”, completa.  

Se você também quer fazer parte desta iniciativa, mande seu nome para comunicacao@vitaecivilis.org.br  

Sustentabilidade no dia a dia: iluminação

São tantas as informações e questionamentos (e greenwashing!) que dá a impressão de que sustentabilidade: 1) é complicado; 2) é caro; 3) depende das empresas e governos.  Embora essas três opções sejam parcialmente verdadeiras, elas obscurecem o fato de que sustentabilidade também é simples, barata e está ao nosso alcance - é só prestar atenção a pequenos hábitos do dia a dia.  Por isso vou começar uma série de textos com dicas simples e práticas que ajudam a minimizar o impacto ambiental de nossa existência sobre o planeta - e que, de quebra, muitas vezes resultam em economia para o seu bolso!

Então, #ficadica de hoje: iluminação

O mundo ganha uma nova Alemanha a cada ano

A ONU prevê que serão 7 bilhões de habitantes até 2012 e 9 bilhões até 2050, se continuarmos no atual ritmo, a saber: 2,6 pessoas a cada segundo, 258 por minuto, 228.155 por dia. Ou uma nova Alemanha a cada ano: 83 milhões de novos habitantes na Terra por ano. Bacana, né?  Só tem um detalhe: o planeta em si não aumenta.  Ele continua do mesmo tamanho.  As terras aráveis não aumentam - e aumentar a área cultivável derrubando floresta é um tiro no pé, porque compromete o clima. Tampouco aumenta a quantidade de água potável existente no planeta. Nem os minerais: podemos descobrir novas jazidas, mas só contamos com as que já existem.  Pois é... mas antes que você pense que isso só vai acontecer lá na frente, tem um outro detalhe: se todos tivessem o estilo de vida das classes médias dos países ricos, os recursos da Terra já não dariam conta. E como nos países emergentes estamos vivendo um louvável afluxo dos mais pobres à classe média e como esperamos que a inclusão social continue e se estenda às nações menos desenvolvidas, é iminente a necessidade de mudarmos a maneira como produzimos e consumimos mercadorias.  Porque todos tem direito a uma vida digna e não podemos manter o planeta às custas da exclusão social. Por outro lado, o consumismo desenfreado que é pregado hoje como estilo de vida desejável não traz felicidade ou realização pessoal.  Por consequência, é uma falácia usar o PIB-Produto Interno Bruto como indicador de crescimento, como mostra o gráfico abaixo.  Precisamos mudar nossa visão de mundo.  E, a partir dela, todo o resto.

(fonte: http://meioambientecriativo.blogspot.com/)

Lufthansa lança vôo comercial movido a biocombustível que contém gordura animal

O setor de transportes, notadamente o aéreo, tem estado na mira das negociações climáticas há anos. Eles escaparam de regulamentação específica na época em que foi firmado o Protocolo de Kyoto porque prometeram empreender uma iniciativa voluntária de redução nas emissões dos gases causadores do efeito estufa. Porque esse segmento é um dos maiores poluidores individuais do mundo. Bom, chegou a CoP15 e nada – a não ser trocas de acusações entre a IATA, a entidade que representa o setor, e a ONU. Mesmo sem uma legislação, o setor corre porque sabe que, mais cedo ou mais tarde, ela virá – e quanto mais cedo eles se adaptarem, menores os custos depois. E nessa corrida, a Lufthansa aparentemente saiu na frente ao anunciar sua primeira rota comercial a usar biocombustíveis. Beleza! Não fosse por um detalhe: o tal do “biocombustível” é uma mistura de combustíveis fósseis com óleos vegetais... e gordura animal! Como alguém pode considerar sustentável um combustível feito às custas de seres vivos? Inclusive porque não é apenas uma questão de sensibilidade aos direitos dos animais: sua criação para corte é uma das principais fontes de gases causadores do efeito estufa. Ou seja, estão trocando seis por meia dúzia.

Pelo fim da apologia à violência como forma de promoção

Uma produtora chamada Guela Cine Produções colocou um site polêmico no ar com o intuito de se promover, o Domus Mortem, ou casa da morte, em latim. Ele apresentava um vídeo de um gato em uma gaiola e convidada os visitantes a decidir o destino do animal: viver ou ser morto. Após denúncia de Agência de Notícias de Direitos Animais, a polícia de São Paulo, a pedido do Ministério Público, abriu inquérito policial nº 287/11 na 1ª Delegacia do Meio Ambiente de SP para apurar a apologia à violência contra animais. Só que de nada adiantou: a imagem do gato foi substituída por a de uma mulher! E a apologia à violência continua.


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