Sim, são muitos os pontos de divergência entre os três mil delegados dos 183 países que participam da rodada de negociações preparatórias à CoP17, a Conferência das Partes que tenta chegar a um acordo climático de alcance global. Mas três tópicos são mais críticos: a continuidade do Protocolo de Quioto, a diferença entre a promessa e a necessidade de redução das emissões de gases causadores de efeito estufa e, sim, ele: o dinheiro.
Sobre o Protocolo de Quioto,a briga é: ele continua ou não continua? Mais detalhes sobre esse cabo de guerra estão aqui.
Sobre a redução necessária nas emissões dos gases causadores do efeito estufa para que a temperatura não suba mais que 2 C, como consta nos documentos que no momento estão em negociação (embora muita gente, inclusive a própria Christiana Figueres, presidente da UNFCCC-Convenção Quadro da ONU para Mudanças Climáticas, defenda que esse aumento não deve ser superior a 1,5 C), a questão é: como fazer com que os países elevem suas metas? Porque as que foram apresentadas até agora mal cobrem 60% do que é preciso! Nessa hora, ONU e ONGs dão as mãos na pressão sobre os delegados e seus respectivos governos.
Mas quando o assunto é grana... senta que lá vem história! E ela começa em 2009, com a malfadada CoP15, onde foram estabelecidas duas linhas emergenciais de crédito: uma, no valor de US$ 30 bilhões, a serem investidos até 2012, e outra, de US$ 100 bilhões, até 2020. Lindo, né? Só esqueceram de dizer de onde viria o dinheiro...
Pesquisa do World Resources Institute (WRI) mostrou que o dinheiro que os 21 países desenvolvidos e a União Européia afirmaram que irão destinar na verdade só chega a US$ 28 bilhões, no curto prazo. Ou seja, já faltam US$ 2 bilhões. Mas o pior é que de verdade só US$ 12 bilhões estão orçados. Ou seja, na verdade faltam US$ 18 bilhões. E, pior ainda (achou que não podia piorar, né? – rs!), uma parte desses recursos já havia sido prometida antes. Traduzindo: não é dinheiro novo, mas números já apresentados e não cumpridos que são apresentados novamente. No caso de Estados Unidos e Reino Unido, são US$ 3,4 bilhões. No do Japão, US$ 10 bilhões.
Ficou com a sensação de que não vai vir dinheiro? Pois é: eu, você e todos os países em desenvolvimento. Tanto que a Bolívia apresentou a proposta de um IOF Climático e negociadores da União Européia andaram vazando para a imprensa, em off, sua preocupação com o tema logo no primeiro dia de negociações.
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