Tendências 2012 para relatórios e engajamento

Quem lê relatórios de sustentabilidade? A pergunta, que já foi tema de pesquisa da KPMG, foi também objeto de um levantamento informal da Sustainability, consultoria inglesa criada por John Elkington – o “criador” do conceito de triple bottom line. E os resultados foram apresentados hoje na Oficina de Gestão “O Futuro do Engajamento: Ferramentas para Reconstruir a Confiança”, conduzido por Jodie Thorpe, diretora de Economias Emergentes da Sustainability, durante o terceiro dia da Conferência Internacional do Ethos.

O levantamento confirmou aquilo que você já intuiu: sim, os relatórios de sustentabilidade têm baixíssimo índice de leitura. Sua produção é problemática. No entanto, sua eficácia é reconhecida dentro do esforço de conduzir corporações a práticas mais transparentes e sustentáveis. E se reconhecer o problema é um começo, propor um caminho é avançar. Foi o que a Sustainability fez: um exercício de tendências – como serão as práticas de engajamento e relato em 2012.

Engajamento = inevitável

1) A necessidade de criar valor, inovar cada vez mais e integrar processos do core business das empresas forçarão a migração do formato “pesquisa de opinião” para o engajamento.

2) Os stakeholders relevantes conduzirão a fusão da sustentabilidade com o core business das corporações.

3) O gerenciamento dos stakeholders deixará de ser visto como uma área específica e se transformará em um conjunto de habilidades que todas as áreas das empresas utilizarão.
4) A tecnologia mudará a natureza e a qualidade do engajamento.

O relatório vai acabar! Viva o relatório!

1) Os relatórios de sustentabilidade serão integrados dentro dos principais canais de comunicação das empresas.

2) Relatórios como peças sozinhas, explícitas, deixarão de existir ou encolherão dramaticamente de tamanho, concentrando-se apenas na intersecção da estratégia de negócios com os temas materiais.

3) O amplo acompanhamento de múltiplos indicadores de sustentabilidade deixará de ser um

processo de relato e evoluirá para um sistema de gestão dentro da empresa.


Um exemplo prático de como os stakeholders querem ser engajados

A afirmação acima é praxe nos cursos de engajamento de stakeholders. Hoje, tive a comprovação prática de que é a mais pura verdade. Foi na roda de diálogo "Oportunidades Geradas pela Busca por uma Matriz Energética Sustentável" da Conferência Internacional do Ethos. Coordenada por José Goldenberg, da USP, ela contou com a participação de Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética do Ministério de Minas e Energia, Marcelo Furtado, diretor executivo do Greenpeace Brasil e Luis Pescarmona, diretor geral da IMPSA (empresa de energia eólica).

Não vou entrar nos detalhes técnicos que foram apresentados sobre nossa matriz, exceto que todos lamentaram o fato de que ela está crescendo mais que o desejável na utilização de combustíveis fósseis. A conversa evoluiu até o ponto em que alguém na platéia perguntou: “onde é o fórum no qual podemos discutir esse assunto?”. Resposta: não há tal fórum. A política energética brasileira é decidida em gabinetes – do Ministério das Minas e Energia e no Congresso. Não há fóruns de interlocução que permitam a participação da sociedade nos debates e no processo decisório.

Quando confrontado com essa demanda, Maurício Tolmasquim tentou qualificar o debate na Conferência no Ethos como um desses espaços. Ledo engano imediatamente apontado e que o levou a repassar para os demais participantes da mesa a tarefa de organizar tal debate.

Conclusão da história: os stakeholders queriam ser engajados...

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