1º de Maio: bom dia para pensarmos na condição do trabalhador – tarefa que inevitavelmente se dá sob o pano de fundo da crise mundial e que, por conseqüência, evidencia a diferença de tratamento que ainda prevalece entre os donos do capital e os donos da força de trabalho (os chamados “talentos”).
O número de desempregados deve aumentar dramaticamente segundo a pesquisa Global Employment Trends, da Organização Internacional do Trabalho. Por conseqüência, a incrível soma de 200 milhões de trabalhadores – um Brasil inteiro! – pode cair na extrema pobreza. O número dos trabalhadores pobres (que ganham menos de US$ 2 por dia por pessoa) pode atingir 1,4 bilhão de pessoas, ou 45% da população empregada no planeta.
A pesquisa trabalhou com três cenários econômicos fornecidos pelo Fundo Monetário Internacional. O menos pessimista implica em uma taxa de desemprego global de 6,1% (em comparação a 5,7% em 2007). Maior deterioração econômica pode elevar este percentual a 6,5%. No pior dos cenários, o nível de desemprego global chega a 7%. Por conta da variação de cenário, a pesquisa estima um aumento entre 30 milhões e 50 milhões de desempregados no mundo sobre os números de 2007. Caso o pior cenário se confirme, 53% da população trabalhadora do mundo estará no mercado informal, ou no “emprego vulnerável”, na terminologia da OIT.
Ou seja, é inevitável concluir neste Dia Internacional do Trabalho que embora o discurso oficial do mundo corporativo seja de que é o trabalho que gera riquezas, na prática o trabalho é apenas quem paga pelo prejuízo. Porque o lucro é privatizado para se manter nas mãos dos detentores do capital. O prejuízo, por sua vez, é socializado na forma de uma externalidade social cujo custo é pago por toda a sociedade na forma de violência, doenças e, principalmente, numa convivência doída e incompatível com a dignidade humana.
Mas já que andamos falando de diversidade aqui no blog, não custa lembrar que o cenário acima é muito mais cruel para as mulheres. Afinal, as taxas de desemprego global são diferentes para homens e mulheres, segundo a OIT: em 2008, as desempregadas eram 6,3% contra 5,9% dos homens. Dos 3 bilhões de pessoas empregadas em 2008, apenas 1,2 bilhão eram mulheres (40,4% do total). Para 2009, a OIT estima que 7,4% das mulheres fiquem sem emprego, contra 7% dos homens. E dos que cairão para o “emprego vulnerável” por conta da crise, 54,7% serão mulheres (50,5% em 2008) contra 51,8% dos homens (contra 47,2% no ano passado).
E neste Dia Internacional do Trabalho, feriado em todo o mundo, boa parte das trabalhadoras aproveitou o dia livre para colocar em dia o trabalho doméstico. Afinal, para as mulheres, trabalho não é só o que é feito para o patrão: existe o que é feito em casa. E sem qualquer remuneração ou respeito por parte da sociedade (se você tem dúvidas, pense na sua reação quando uma mulher diz que é “do lar”).
Triste.
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