Sacolas plásticas: a solução britânica

Common sense, ou bom senso, é uma expressão tipicamente inglesa. Ela sintetiza como nenhuma outra o espírito bretão – e também a forma como os problemas são resolvidos por lá.

Pegue o caso das sacolas plásticas, por exemplo. Por aqui, existe um esforço de comunicação para convencer o consumidor a utilizar embalagens retornáveis – no último domingo, por exemplo, o Wal-Mart distribuiu eco-bags para os assinantes de O Estado de S. Paulo. Mas a efetividade dessas iniciativas ainda está para ser provada: pelo menos eu não achei nenhum balanço de quantas sacolas plásticas deixaram de ser usadas por conta de tais ações. Caso você tenha visto algo, me conta, por favor! Porque o que eu tenho visto por aí é muita gente usando ecobags como bolsa – e sacolas plásticas para transportar as compras do supermercado e da feira.

Pois lá na terra da Rainha, ao invés de apelar para a consciência, eles resolveram cutucar o ponto mais sensível do ser humano: o bolso. E um ano depois de ter introduzido uma taxa de 5 pence por sacola, a Marks & Spencer, uma das maiores redes varejistas da Inglaterra, constata uma queda de impressionantes 80% em sua utilização. The National Trust, organização não governamental que cuida de propriedades históricas nas ilhas, confirma a tendência. Desde que começou a cobrar pelas sacolas plásticas em suas lojas, em maio do ano passado, viu a demanda por esse item cair 85%.

A cobrança, naturalmente, veio acompanhada por campanhas para que as pessoas adquirissem e não se esquecessem de usar as sacolas retornáveis.

Mas se o bolso do consumidor foi o alvo eleito para sensibilizá-lo sobre a questão das sacolas plásticas, as táticas eleitas não foram as mesmas. A Tesco, por exemplo, uma enorme rede de supermercados lá da terra de Shakespeare, optou por conceder pontos no cartão de fidelidade dos clientes que reutilizassem as sacolas plásticas em suas compras. Também tiveram grande sucesso – 50% de redução na utilização de sacolas novas – porém 1/3 atrás de quem resolveu ser menos sutil e cobrar pelo produto.

Graças à participação ativa dos varejistas, o consumo total de sacolas plásticas na Inglaterra caiu de 13,4 bilhões em 2006 para 9,9 bilhões no ano passado, segundo o Waste & Resources Action Programme. E o Department for the Environment Food and Rural Affairs acredita que as metas auto-impostas pelo varejo britânico farão com que 5 bilhões de sacolas deixem de ser consumidas por ano na Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte. Se tal meta for atingida, eles deixarão de emitir 130 mil toneladas de CO2 na atmosfera – o mesmo que tirar 41 mil carros da rua todo ano.
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Fonte: The Guardian.

Foto: não achei a quem creditar esta ótima imagem que demonstra de maneira inequívoca como as sacolas plásticas estão matando a vida no planeta (não custa lembrar, nós somos vida no planeta também...)

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