Nunca entendi porque o Brasil explora tão pouco seu potencial eólico! Ok, a energia eólica tem suas limitações, sendo o armazenamento a principal delas: o que é produzido tem que entrar imediatamente no sistema. Porém, por seu baixíssimo impacto, ela tende a ser extremamente competitiva no futuro, quando o inventário ambiental das empresas começar a ser melhor detalhado em seus balanços. E quando as chamadas "externalidades" começarem a ser contabilizadas. Afinal, o baixo custo do petróleo não passa de ilusão: se sua conta incluir os gastos com saúde pública e recuperação ambiental, ele deixa de ser tão competitivo como aparenta ser. Fontes de energia que geram CO2 (como carvão, petróleo e gás) ficam mais caras, se seu impacto ambiental for contabilizado.
Mas voltando à energia eólica: minha frustração com a timidez do Brasil nessa seara aumentou ao consultar o Plano Decenal de Energia Elétrica do Ministério das Minas e Energia (http://www.mme.gov.br/site/menu/select_main_menu_item.do?channelId=7622). Nele, achei apenas o relato do que já foi obtido até hoje graças ao Proinfa, o marco regulatório que permitiu o início da exploração de fontes renováveis de energia no Brasil e que está assegurando um crescimento médio de 300 MW/ano. A primeira etapa desse programa de incentivo gerou 54 empreendimentos de energia eólica, totalizando uma potência de 1.493 MW – a maior parte deles, no Nordeste do país, onde se encontram os melhores ventos para a geração de energia elétrica.
E eis que hoje minha, digamos assim, surpresa aumentou depois de acompanhar o simpósio sobre Energias Renováveis, realizado na Ecogerma – Feira de Negócios e Congresso sobre Tecnologias Sustentáveis, em São Paulo pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha. Nele, fui informada que o Brasil tem um potencial eólico de 140 gigawatts. Esse número é 1,4 vezes maior que toda a potência instalada hoje! Tudo bem: tecnicamente, “apenas” 60 gigawatts são viáveis. Ainda assim, são mais de 40% de toda a energia produzida hoje no Brasil atualmente. Dados inéditos? Ninguém sabia? Não: são números oficiais, produzidos pelo Governo Brasileiro – e que podem ser encontrados no Atlas do Potencial Eólico Brasileiro (http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/pdf/06-Energia_Eolica(3).pdf).
Não falta potencial e tampouco falta tecnologia no Brasil: já estão instaladas no Brasil empresas como Telsis, Wobben WindPower, Suzlon, Impsa Wind, Siemens e a Vestas, a líder mundial nesse segmento (ver http://ascendidamente.blogspot.com/2009/03/boeing-e-vestas-fecham-parceria-para.html). Na falta de mercado interno, elas exportam boa parte de sua produção.
Mas falta um programa de longo prazo. A energia eólica é tratada pelo governo dentro do bloco das energias renováveis incentivadas pelo PROINFA. Não tem um projeto específico, apenas iniciativas esparsas – como o leilão, previsto para o segundo semestre deste ano: ainda sem data, sem a quantidade de MW prevista, sem tarifa... e sem perspectiva se este será um leilão isolado, ou se teremos outros.
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