Ruralistas podem inviabilizar plano brasileiro de redução de emissões

Hoje (03/11), o governo brasileiro se reuniu para discutir suas metas de corte de emissão de gases efeito estufa que serão apresentadas durante a reunião da Convenção do Clima em Copenhague (COP 15) em dezembro. Não houve consenso e o anúncio foi adiado em duas semanas. O único ponto que todos concordam é quanto a implementar um plano para diminuir em 80% o desmatamento no país até 2020. Mas se o presidente Lula não agir firmemente no âmbito da política interna, esse plano será pura ficção.

Amanhã (04/11) a Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados votará o PL 6424/05, que anistia os desmatamentos ilegais ocorridos até 2006 e diminui o nível de proteção às áreas ambientalmente sensíveis, como beiras de rio, encostas, topos de morro. Se aprovado, os que desmataram ilegalmente 34 milhões de hectares, só na Amazônia, serão premiados, o que incentivará o avanço da ilegalidade. Parlamentares ligados ao agronegócio, muitos deles de partidos da base de apoio ao presidente, têm maioria nessa comissão e prometem aprovar o projeto, que é na prática uma revogação do Código Florestal, e o fim do natimorto plano brasileiro de diminuição do desmatamento.

Apesar de antiga, essa lei até recentemente vinha sendo precariamente cumprida. Mas com um melhor aparelhamento dos órgãos de fiscalização e uma maior cobrança por parte da sociedade, houve, nos últimos anos, significativo aumento das punições aos desmatamentos ilegais, o que gerou descontentamento da parte do agronegócio brasileiro que se beneficiava da impunidade. Com grande influência no parlamento, esse setor econômico passou a pressionar pela revogação da lei e pela anistia às ilegalidades já ocorridas, a forma mais simples de se legalizar. O próprio ministro da Agricultura vem sendo porta-voz dessas propostas, defendendo publicamente que a proteção às florestas sejam “atenuadas”.

Apesar de não serem maioria no Congresso Nacional, os parlamentares ligados ao agronegócio contam com a total omissão do governo Lula para levarem adiante esse projeto. Conclamamos o presidente Lula a atuar firmemente para que um retrocesso dessa envergadura não ocorra, pois caso contrário a reunião ministerial de hoje terá sido pura encenação e o plano a ser apresentado em Copenhague, independentemente de seu conteúdo, uma fantasia.

Assinam:

Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi)
Conservação Internacional - Brasil
Greenpeace
Grupo de Trabalho Amazônico (GTA)
Instituto Centro de Vida (ICV)
Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon)
Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora)
Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica (Ipema)
Instituto de Pesquisa da Amazônia (IPAM)
Instituto Socioambiental (ISA)
Programa da Terra (Proter)
Rede de ONGs da Mata Atlântica
Vitae Civilis - Instituto para o Desenvolvimento, Meio Ambiente e Paz
WWF - Brasil

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A sessão da Comissão é aberta ao público e qualquer pessoa pode acompanhar no plenário 2 do Prédio das Comissões da Câmara dos Deputados. Além disso, você pode cobrar o deputado que elegeu/o partido no qual votou, lembrando-os que interesses eles representam.

Os integrantes da Comissão que vota amanhã o Projeto de Lei que ameaça o futuro ambiental brasileiro são:

* Roberto Rocha (presidente – PSDB/MA)

* Marcos Montes (1º vice-presidente erelator do Projeto de Lei, DEM/MG)

* Jurandy Loureiro (2º vice-presidente,PSC/ES)

* Leonardo Monteiro (3º vice-presidente, PT/MG)

* André de Paula (DEM/PE)

* Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB/SP)

* Antônio Roberto (PV/MG)

* Edson Duarte (PV/BA)

* Gervásio Silva (PSDB/SC)

* Givaldo Carimbão (PSB/AL)

* Jorge Khoury (DEM/BA)

* Marina Maggessi (PPS/RJ)

* Mário de Oliveira (PSC/MG)

* Paulo Piau (PMDB/MG)

* Rebecca Garcia (PP/AM)

* Rodovalho (???) (DEM/DF)

* SarneyFilho (PV/MA)

* Zé Geraldo (PT/PA).

Os suplentes são: Aline Corrêa (PP/SP), Antonio Feijão (PTC/AP), Arnaldo Jardim (PPS/SP), Cezar Silvestri (PPS/PR), Fernando Gabeira (PV/RJ), Fernando Marroni (PT/RS), Germano Bonow (DEM/RS), Homero Pereira (PR/MT), Luiz Carreira (DEM/BA), Miro Teixeira (PDT/RJ), Moacir Micheletto (PMDB/PR), Moreira Mendes (PPS/RO), Nilson Pinto(PSDB/PA), Paulo Roberto Pereira (PTB/RS), Paulo Teixeira (PT/SP), ValdirColatto (PMDB/SC), Wandenkolk Gonçalves (PSDB/PA) e Zezéu Ribeiro (PT/BA).

Um comentário:

  1. Saudações, Silvia!

    Isso é realmente algo muito grave. Devido a uma recente guinada de visão, estou para mudar meu curso de Filosofia para Gestão Ambiental... Assim, de algum tempo pra cá tenho procurado acompanhar bastante de perto as questões relacionadas ao Meio-Ambiente (cujas principais notícias replico no meu despretensioso blog).

    Desse modo, gostaria de saber, se possível, como foi o resultado da aludida votação??

    Forte Abraço, LéoJanz.

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