O planeta é o que você come

Os pecuaristas que me perdoem, mas está na hora de começarmos a investir em outras fontes de proteína, além da carne. Não, não estou pregando o vegetarianismo: eu mesma amo um bom bife e não pretendo abrir mão deste prazer, por mais que me lembrem que estou comendo um cadáver. Mas não preciso comer carne no almoço e na janta. E derivados de carne (=presunto, mortadela etc.) no café da manhã e no lanche da tarde. Eu posso variar, em nome do meu prazer gastronômico. Ganho, com isso, um organismo mais saudável, já que são inúmeros os estudos que correlacionam o alto consumo de carne com o aumento do colesterol e com o surgimento de tumores cancerígenos. Agora, sabe-se também que ganhamos um planeta mais limpo.

Cientistas do Banco Mundial recalcularam o impacto da produção da carne sobre a geração dos gases causadores do efeito estufa e chegaram a conclusões alarmantes. Ao contrário dos dados revelados em 2006 pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que na época afirmou que tal impacto era de "apenas" 18% (ou quase um quinto do que é produzido pela ação humana), o novo estudo conclui que a pecuária e seus subprodutos contribuem com, no mínimo, 51% de todos os gases causadores de efeito estufa. Em vez dos 7.516 milhões de toneladas de CO2 equivalentes calculados pela FAO, a pecuária e seus subprodutos geram 32.564 milhões de toneladas de CO2 equivalentes por ano.

Sim, mais da metade dos gases causadores do efeito estufa liberados na atmosfera pela ação humana vêm da produção de carne. Isso significa que mesmo se todas as pessoas do planeta optassem por fontes alternativas de energia, se todas as lâmpadas fossem substituídas por lâmpadas mais econômicas e todos os carros e aviões fossem completamente banidos, os efeitos sobre o clima ainda seriam menores do que se as pessoas parassem de comer carne e escolhessem uma dieta vegetariana.

Nem vou entrar no mérito de questionar se mais uma vez o Brasil não está andando na contramão da história ao lutar para ser o maior produtor mundial de carne. Ou ainda se a bancada ruralista, ao legitimamente defender os interesses de seu segmento, não está na verdade condenando todos nós, habitantes do planeta Terra, a um futuro incerto. E podem ter certeza que nunca, jamais, demonizarei uma churrascaria. Apenas defenderei o direito a um noque ao sugo. A uma batata assada com molho de queijo. A uma pizza de mussarela. E tantas outras opções corriqueiras que dispensam carne. Sem ser chamada de ecochata por isso.
E sem abrir mão do prazer da comida.

A pesquisa está disponível on line no site http://www.worldwatch.org/node/6294

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