O apagão da democracia

Primeiro, o governo disse que a causa do apagão que deixou 60 milhões de brasileiros sem luz na noite da última terça-feira teria sido uma falha em Itaipu. A binacional negou, por meio de nota à imprensa e nas várias entrevistas que seu presidente concedeu ao longo do dia. Depois, disseram que foi na rede de transmissão. Furnas soltou nota dizendo que suas linhas estavam ok. Aí falaram em problemas climáticos: em entrevista coletiva ontem, o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, declarou que "todos (sic!) chegaram à conclusão que foram descargas atmosféricas, ventos e chuvas muito fortes na região de Itaberá. Houve uma concentração desses fenômenos atmosféricos ali. O que provocou um curto circuito nos 3 circuitos que levam a Itaberá, que vêm de Itaipu".

E mesmo depois que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o INPE, negou veementemente essa hipótese em relatório e em várias entrevistas à imprensa, o governo decidiu manter a versão no dia de hoje. E mais: o próprio ministro Lobão afirmou que o governo federal encerrou o "problema". Nas palavras do digníssimo: "Buscamos a causa do problema e resolvemos. O problema está encerrado. Cada parte do sistema se empenhou em resolver o problema a tempo".

Detalhe: além de não explicarem a causa do apagão, em momento algum o governo falou em medidas para para evitar que o problema se repita ficou estabelecida.

Com esta atitude, o Ministro Lobão e demais atores governamentais ligados à área de energia (sem trocadilho) juntam-se a todos aqueles que recentemente resolveram ignorar alguns princípios básicos da democracia, como transparência e o dever de prestar satisfação / contas ao povo / aos eleitores. Entre eles estão o deputado federal Sérgio Moraes, do PTB-RS, autor da pérola "estou me lixando para a opinião pública", e nosso imortal José Sarney, que conseguiu, graças ao apoio de sua gangue, oooops, de seu partido, o PMDB, manter-se à frente do Senado Federal e, pior, manter a maioria das iniciativas escusas da qual era acusado - apenas para citar dois exemplos de maior repercussão. Porque todos os dias as páginas dos jornais trazem novos casos de membros dos poderes executivo e legislativo que fazem o que querem e não prestam a mínima satisfação, como se governar fosse um direito, e não um dever.

Vivemos um apagão de energia na terça. E um apagão da democracia nos dias subsequentes.

Como diria Dick Vigarista: "raios! raios duplos! raios triplos!".

PS - a quantidade de negativas às várias tentativas do governo de fornecer uma explicação para o apagão indica como os quadros do governo rejeitam a candidatura da Dilma - ninguém colaborou para aliviar o lado do Poder Executivo!

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