De Kyoto a Copenhagen, de trem

Uma viagem de trem para simbolizar o longo caminho entre as negociações que resultaram no Protocolo de Kyoto e as que estão em curso para selar, em Copenhagen, um novo acordo climático: esta é a proposta do expresso que parte amanhã, 5 de novembro, da cidade japonesa em direção à capital dinamarquesa, onde deve chegar para a Conferência do Clima da ONU, no começo de dezembro. A bordo, mais de 400 negociadores, ativistas e personalidades que poderão conferir, ao longo do trajeto de nove mil quilômetros, algumas das áreas ameaçadas pelo aquecimento global, como a tundra siberiana, onde há o que os cientistas chamam de “permafrost”, uma camada congelada que retém bilhões de toneladas de metano e dióxido de carbono – caso ela descongele, pelo aumento da temperatura do planeta, tais gases serão liberados na atmosfera, agravando ainda mais o problema.

A escolha do modal ferroviário não foi feita por acaso: atualmente o setor dos transportes responde por mais de um quinto das emissões globais de CO2 e esse montante deve dobrar em 40 anos. Dentro desse cenário, as ferrovias são cruciais para a redução das emissões de gases com efeito de estufa e desenvolvimento de sistemas de transportes sustentáveis. O Expresso do Clima foi desenvolvido para funcionar com energias 100% renováveis. Por isso, ficará exposto ao público durante toda a conferência na estação central de Copenhagen.
De Kyoto, de onde sai amanhã, o trem passará por por ferry-boat para Daejeon, República da Coréia, depois para Vladivostok, no extremo oriente da Rússia e de lá para que a viagem transcontinental até a Europa. Está previsto ainda um trecho de barco pelo Baikal, o lago de água doce mais volumoso do mundo, antes da parada estratégica em Moscou, capital de um dos maiores produtores de gás e petróleo do mundo – e um dos potenciais líderes em emissões de carbono na atmosfera nos próximos anos. De lá, o Expresso do Clima irá para Poznan, na Polônia, Berlim, na Alemanha, e Bruxelas, na Bélgica.
O Expresso do Clima é uma iniciativa do Programa Ambiental da ONU (UNEP), da União Internacional dos Caminhos de Ferro (UIC) e do WWF.

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