A incrível história do lago que sumiu

Ele se chama Urmia e fica no Irã. Seus primeiros registros foram feitos pelos assírios no século 9 AC. Com uma superfície de 5.200 Km2, 140 Km de comprimento, 55 Km de largura e 16 metros de profundidade, era o maior lago do Oriente Médio e o terceiro maior lago salgado do planeta. O Urmia era destino migratório dos flamingos, pelicanos e gaivotas no Oriente Médio. Era também um centro turístico, que atraia visitantes interessados em navegar e ganhar-se em suas águas salgadas. Hoje, os barcos não navegam mais: estão presos no sal.


Hoje, o lago é um salar.

(Fotos de Vahid Salemi/AP)



Sessenta porcento da área do Urmia desapareceram graças a uma combinação de secas, políticas de irrigação equivocadas e a contínua construção de barragens ao longo dos rios que o alimentam.


Os primeiros sinais do desastre puderam ser notados no final dos anos 90, durante uma grande seca. Ainda assim, o governo iraniano prosseguiu na construção das 35 barragens que obstruem o fluxo dos cursos d´água que desembocam no lago.


Outras 10 estão em construção e devem começar a operar nos próximos anos. Para completar o cenário, uma rodovia foi construída através do lago sem qualquer estudo de impacto ambiental sobre a circulação das águas.


Já no começo deste século, pesquisadores acadêmicos alertavam para a possibilidade de que o Urmia seguisse a triste sina do Aral, que hoje ocupa um décimo de sua área original, entre o Casaquistão e o Usbequistão, graças aos projetos de irrigação patrocinados pela União Soviética desde os anos 60.



Apenas em abril deste ano o governo iraniano apresentou um plano para reverter esta situação. Ele se baseia em três pilares: pulverizar as nuvens para provocar chuvas, reduzir o consumo de água pelos sistemas de irrigação e suprir o lago com fontes remotas de água.



Levar água do Mar Cáspio para alimentar o Urmia exigiria a construção de um aqueoduto de 700 quilômetros!



Sobre a solução óbvia - aumentar a vazão das barragens que obstruem as fontes naturais do Urmia - nem uma palavra.



Enquanto não se encontra uma solução, o lago continua diminuindo. E as populações do seu entorno perdem seu ganha-pão.



Quem vivia de turismo vê a atividade minguar. Os condutores de barco até insistiram, carregando turistas mesmo tendo que parar a cada 10 minutos para liberar o motor. Mas hoje nem esse esquema funciona: não há possibilidade de navegação.



Os agricultores, por sua vez, assistem,estarrecidos, à invasão do sal carregado pelas tempestades. Terras reconhecidamente férteis durante milênios, com antiqüíssima tradição de produzir maçãs, uvas, nozes e amêndoas, correm o risco de se tornar improdutivas.






Um comentário:

  1. Nossa, impressionante isso!!! Agora fico aqui pensando, e a construção da barragem de São Francisco, o que pode acarretar no desenvolvimento do ecossistema?

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