Diversidade


Sustentabilidade não é só meio ambiente e investimento social externo, como muita gente pensa. Sustentabilidade é responsabilidade, antes de mais nada. Não tem porquê complicar, falando em tripple bottom line e esses termos complicados que dificultam a compreensão e deixam o discurso restrito a um determinado grupo selecionado de pessoas. Sustentabilidade é pura e simples responsabilidade: comigo, com meus descendentes, com meus amigos, com aqueles que não conheço, com as águas, o ar, os passarinhos... Sim, é o segundo mandamento da lei mosaica, comum ao cristianismo e ao judaísmo, presente também no islamismo – e, sob forma diferente, também um dos pilares das religiões orientais. Não se trata de coincidência, mas de evidência de que as diferenças são ilusórias: os princípios básicos da maioria das religiões são muito parecidos porque os seres humanos são muito parecidos em sua essência - no desejo de amar, de ser feliz, de se expressar, de ser quem a gente realmente é e não quem a gente acha que deveria ser. Mas o fato de sermos iguais na essência não quer dizer que não tenhamos uma individualidade única, singular. E se cada um é único, então não há padrão. De verdade: de perto ninguém é normal e essa é uma boa notícia. Os conceitos de normal, comum, certo são como marcadores que usamos para chegar a um determinado conteúdo – mas o conteúdo em si é único. Busque uma palavra no google: ela é o conceito de normal que vai lhe trazer milhares, milhões de expressões individuais. Não é muito mais interessante quando clicamos nos links e encontramos conteúdos diferentes? Ou você gosta de encontrar o mesmo texto, a mesma foto, o mesmo filme em todos eles? Com pessoas, é a mesma coisa: a riqueza, em todos os sentidos da palavra, está na diferença. É ela quem dá a riqueza genética que assegura a continuidade da raça (se fossemos todos geneticamente iguais, talvez já tivéssemos desaparecido da face da Terra). É ela quem pode gerar riqueza material para as empresas, na forma de idéias, projetos, produtos e formas diferenciadas de consumo. É ela quem pode nos trazer diferentes formas de enxergar o mundo e a vida, ajudando a encontrar as soluções necessárias para os problemas complexos que estamos enfrentando – e que não conseguiremos resolver sozinhos, nem só com a nossa tchurma! Sabe a história de pensar fora da caixa? Ela só se concretiza se pensarmos além do paradigma do jovem-adulto-branco-heterossexual como nossa meta de governante, consumidor, funcionário, chefe, líder... Pensar fora da caixa é pensar que podemos, sim, ser atendidos por um caixa de banco transexual. É largar a máscara deste eterno Carnaval de Veneza e parar de fingir que somos pierrôs de face lívida. E que grande ironia: uma das máscaras mais conhecidas na sociedade ocidental traz uma lágrima no canto do olho. Chame de persona social, ou super-ego, dependendo da disciplina acadêmica de sua preferência, mas a verdade é que não ser o que somos de verdade vai nos matando aos poucos, por sufocamento: sufocamento de talento, de criatividade, de afeto... Sufocamento que às vezes é somatizado em doenças e comportamentos de risco que geram prejuízos individuais e sociais. Sufocamento auto-impingido pela incorporação da cultura? Práticas sociais discriminatórias? No fundo, é tudo a mesma coisa e essa coisa tem nome: dominação. Só que quando todos são dominados, quem é o dominador? Porque o homem branco heterossexual também sofre com o peso desse modelo de conduta. E se essa conduta provoca tanto sofrimento, ela não é uma conduta responsável. Portanto, não é sustentável.

Portanto, quando pensar em sustentabilidade, não pense só no aquecimento global, na Floresta Amazônica, no copo de plástico. Pense em como você lida com você mesmo. E em como você trata e respeita o outro. Dentro de casa. Na mesa com os amigos. No ambiente de trabalho. Não precisa ir até a ONU, não: basta olhar para sua vida. E não se chocar se um dia você for atendido por um caixa de banco transexual.

Curso on-line gratuito sobre sustentabilidade

Dica do Reinaldo Bulgarelli, da Txai Consultoria e coordenador do curso de Sustentabilidade da FGV: o novo curso online sobre sustentabilidade do portal "Práticas em Sustentabilidade" do Banco Real já está disponível. É gratuito e aberto a qualquer pessoa interessada no assunto.

Ele é dividido em três etapas, cada qual contendo um filme, quizzes e textos, caso o participante queria se aprofundar nos temas abordados e receber um certificado ao final do curso. O conteúdo é transmitido de forma lúdica, por meio do personagem Roberto, que apresenta um dia em sua rotina (primeira etapa, já no ar), o conceito de sustentabilidade e suas principais implicações no dia-a-dia, nos negócios e no mundo (lançamento previsto para maio) e como esse novo olhar está influenciando novos comportamentos e abrindo oportunidades para indivíduos, sociedades e negócios (lançamento previsto para junho).

No site do Práticas também estão disponíveis cursos online específicos sobre Direitos Humanos, Edificação Sustentável e Diversidade. Ainda este ano devem ser lançados cursos sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e sobre Investimento Social Privado (ainda sem data de lançamento).

Case: você conhece o hotel Ponto de Luz?

Eu estive lá, achei que conhecia... e descobri que não nesta manhã, quando a Jô, gerente de negócios do Hotel Ponto de Luz (Joanópolis, SP) contou em detalhes o que é feito lá aos membros do Comitê de Sustentabilidade do WTC, organizado pelo Floreal Rodriguez.

Eu achava que o Ponto de Luz é somente um spa holístico com uma excelente infra-estrutura de serviços para meditações e massagens e terapias alternativas. Eis que hoje tive a grata satisfação de descobrir que ele é um cases de sustentabilidade interessantíssimo sob todos os aspectos:

* HUMANO – o Hotel Ponto de Luz empregou pessoas da região durante sua construção e continua usando mão de obra e fornecedores locais. Os colaboradores, todos registrados, têm acesso à mesma alimentação das demais pessoas que freqüentam o local (respeitando o paladar regional, obviamente) – o que é raro nessa indústria! E mais: eles têm bolsa de estudos, programa de qualidade de vida e acesso aos mesmos tratamentos dos hóspedes! Fiquei com vontade de trabalhar lá!

* SOCIAL – por si só, a oferta de emprego e a aquisição de mercadorias de fornecedores locais já contribuem com a fixação das pessoas na região. Mas o Ponto de Luz foi além: ao perceber que a comunidade no entorno do empreendimento não tratava esgoto, entrou de casa em casa para instalar fossas sépticas (não negras). O bom relacionamento com os vizinhos não poderia dar outro resultado senão boas parcerias: hoje o Ponto de Luz já conta com produtores orgânicos para fornecer os itens que eles não produzem internamente. E o dono do terreno onde se encontra a mina de água que abastece o hotel, preocupado com a preservação daquela água, os procurou espontaneamente para vender o local!

* AMBIENTAL – basta olhar para o hotel para perceber que o projeto foi concebido para interferir o mínimo possível, integrando-se à paisagem. Foi feita a recuperação da mata no terreno do hotel, o qual foi construído com materiais rústicos e conta com aquecimento solar e estação de tratamento de esgoto. No seu entorno, foram adquiridas terras para evitar sua degradação pelo avanço da agricultura local. Aliás, quem vai lá e se encanta com o lugar é convidado a comprar terrenos na região para ampliar as áreas de preservação. E não é que tem dado certo? Diversos hóspedes já compraram terras no local! Os hóspedes, aliás, são incentivados a participar do projeto, reduzindo as trocas de toalhas (para reduzir o consumo de água) e separando o lixo para reciclagem. Também chamou minha atenção a estação de tratamento das chamadas “águas cinzas” (de lavanderia e cozinha), composta por 5 sistemas de filtragem que geram 2,5 mil litros/dia para irrigação. E, naturalmente, a maravilhosa horta orgânica de meio alqueire que eles têm lá: quem já se hospedou no Ponto de Luz sabe que não existe comida igual no mundo!! Também, pudera: tudo é adubado com a compostagem produzida com o resíduo orgânico do hotel!

De 2008 para cá, o Ponto de Luz começou uma nova etapa dentro de seu projeto de sustentabilidade: a introdução do Sistema Agro Florestal, por meio do qual serão cultivados cinco anéis de agroflorestas com leguminosas, hortaliças e árvores frutíferas com fases diferentes de frutificação.

A abordagem é muito interessante: as sementes são jogadas na terra, porém sem práticas convencionais de cultivo, pois o intuito é que deixar que a germinação ocorra de forma espontânea, dentro da seleção natural do próprio ambiente. O Sistema Agro Florestal será usado na horta e também no Morro das Bruxas, em frente ao hotel – neste caso, com a finalidade de alimentar os animais silvestres da região, que são poucos, infelizmente, por conta das monoculturas (batata e eucalipto) fortemente baseadas no uso de agrotóxicos que predominam na região.

O Ponto de Luz foi fundado há 15 anos, na época como uma opção de vida de seus proprietários. Hoje, eles têm consciência de que se trata de um negócio sustentável.

Em todo os sentidos da palavra!


NÃO DEIXE DE VER ESTE VÍDEO!

"A História das Coisas" - talvez você já tenha recebido este vídeo por email. Mas ele é perfeito para esclarecer inúmeros conceitos que embasam a sustentabilidade, como ciclo de vida de produto, externalidades, respeito às pessoas...

Mas a melhor parte é quando a apresentadora fala que na nossa sociedade somos identificados, medidos e valorizados como CONSUMIDORES – e não como homens, mulheres, pais, mães, amigos... A parte que relaciona consumo e auto-estima é fantástica!

Não deixe de ver!



Dica da Cárin Duarte. Obrigada, Cárin!

Violência dentro de casa: a solução começa dentro de casa

A questão da igualdade da mulher ainda está em aberto. Tanto que somos consideradas "minoria" nos censos, mesmo quando nossa participação no total da população ultrapassa os 50%.

Em relatórios de sustentabilidade, as empresas têm que declarar quantas mulheres integram o quadro funcional, quantas estão em cargos de liderança (que é onde começa a se evidenciar a discriminação) e qual a média de salários das mulheres versus homens.

Porque, infelizmente, a prática é que as mulheres ganhem menos.

E ganham menos justamente por conta dessa percepção de que valem menos que o homem.

E por não terem o mesmo respeito que um homem tem, são mais vítimas: da violência nas ruas, de assaltos em congestionamentos e também da violência dentro de casa - a qual se assenta na milenar porém equivocada percepção da mulher como propriedade do homem.

Resultado: a cada 15 minutos uma mulher é espancada dentro de casa aqui no Brasil.

Trata-se de um problema social seríssimo, que merece toda a atenção da sociedade. Mas cuja solução pode começar agora, dentro de nossas casas: confira no vídeo abaixo, do Instituto Avon, o peso que a educação e o exemplo dos pais têm na formação dos valores e da percepção dos papéis sociais de homens e mulheres - e como eles estão diretamente ligados à discriminação e à violência contra a mulher.




Mas se não for possível resolver a questão só dentro de casa, lembre: disque 180 e denuncie.

O meu, o seu, o nosso papel nessa história

Muita discussão sobre estabelecimento de cotas e créditos de carbono, muita propaganda com crianças e árvores... Mas a verdade é que muito pouco foi feito até agora para frear o avanço do aquecimento global por parte dos governos, das empresas e, sim, de nós, pobres mortais.

É muito fácil me chamar de ecochata e virar as costas, como se a responsabilidade fosse de uma entidade onipotente imaginária (o “sistema”?). O mais incrível é que este explicitamente mítico raciocínio é piamente aceito por pessoas com um nível educacional razoável e que, em outros temas, exibem senso crítico e bom senso.

Só que não tem jeito: todos nós somos responsáveis pelo problema... e pela solução!

Cabe a nós, como cidadãos, cobrar de nosso governo esquizofrênico uma definição clara em prol do ambiente.

Ao governo, cabe a criação de leis, normas e parâmetros que organizem a atividade econômica e a sociedade em um modus operandi mais eficiente, com menor desperdício. Também cabe ao governo fiscalizar e exigir o cumprimento das leis.

Cabe a nós, como consumidores, cobrar das empresas produtos e serviços com menor impacto ambiental.

Às empresas cabe o desenvolvimento de tecnologias, produtos e serviços mais limpos. Porque eu, como consumidora, dependo das opções que são colocadas no mercado para comprar o que quero / preciso. Também cabe às empresas a responsabilidade por uma comunicação mais honesta, transparente e verdadeira – e não só no relatório de sustentabilidade. Já está mais do que na hora de termos uma publicidade criativa, sim, porém menos enganosa e mais responsável, pois ela tem um efeito poderoso na formação dos jovens e na cristalização de hábitos de consumo.

E cabe a nós, habitantes deste planeta, optar por hábitos de consumo menos danosos: comprar produtos com menos embalagens, que tenham sido produzidos perto de onde estamos comprando, que possam ser reciclados... procurar cooperativas e separar o lixo para reciclagem... E, principalmente, abandonar o enorme equívoco que é o modo de vida baseado no descarte: copos descartáveis, meias descartáveis, celulares descartáveis, fraldas descartáveis...

O nome do jogo é Manter o Conforto e Reduzir o Consumo. De que forma? Pois é, não existe uma fórmula. Vamos ter que administrar caso a caso, negociar conosco mesmo, com nossas famílias e amigos. O primeiro passo é acabar com essa história de “ecochato”, que impede o diálogo e o raciocínio – premissas de qualquer mudança.

Acho que foi por isso que gostei tanto do discurso do Barack Obama no Dia da Terra. Ele mandou seu recado para o Congresso (criar medidas para combater o aquecimento global) e para o setor produtivo (desenvolver energias alternativas). Mas também falou diretamente à população, pois sabe do gigantesco efeito que qualquer pequena mudança de hábito de consumo fará, se adotada por 300 milhões de pessoas!

Confira o Guia Obama para uma Vida mais Verde:

“Encorajo todos os cidadãos a ajudar na proteção do ambiente e a contribuir com um mundo sustentável e saudável.”

“As famílias americanas podem economizar dinheiro escolhendo produtos mais eficientes no consumo de energia, apagando as luzes e tirando os aparelhos eletrônicos da tomada.”

“Diminuir o uso de ar condicionado.”

“Comprar produtos com menos embalagens.”

“Reciclar e reutilizar papel, plástico, vidro e alumínio com mais freqüência.”

“ Indivíduos e organizações podem plantar árvores, utilizar lâmpadas de menor consumo de energia, dirigir carros mais econômicos e ensinar aos mais jovens sobre a preservação ambiental.”

“As pessoas podem andar a pé, de bicicleta ou utilizar o transporte público.”


E aproveitando o gancho da última dica aí do Obama, pergunto: Kassab, cadê transporte público decente em São Paulo? Cadê as ciclovias???

Eu já postei minha cobrança no site da prefeitura. Agora, é sua vez!

Foto: The Telegraph

A economia caiu. As emissões dos gases do efeito estufa, não.

Dados coletados em 60 locais ao redor do planeta pelo NOAA (National Oceanic Atmospheric Administration, dos EUA) confirmam que as emissões dos dois gases que mais contribuem para o efeito estufa não diminuíram em 2008, mesmo com o declínio da atividade econômica.

O crescimento das emissões foi de 16,2 bilhões de toneladas de dióxido de carbono e de 12,2 milhões de toneladas de metano (neste último caso, interrompendo um período de dez anos de estabilidade). Em outras palavras, somente no ano passado 2,1 moléculas de gás carbônico entraram (e ficaram) no ar para cada milhão de moléculas já existentes. Por conseqüência, a concentração global atingiu 386 ppm – em comparação,antes da revolução industrial, no início do século XIX, esse número era de 280 ppm.

No caso do metano, o acréscimo foi de 4,4 moléculas para cada bilhão de moléculas de ar já existentes, elevando a concentração global para 1788 partes por bilhão. Embora as emissões e a concentração de metano sejam menores, não custa lembrar que ele é 25 vezes mais potente que o CO2 na geração do efeito estufa.

A informação consta da mais recente edição do guia anual de gases causadores do efeito estufa do NOAA, que acaba de ser lançado, o qual traz explicações sobre a multiplicidade de fatores que mantêm altos os níveis destes dois gases, apesar da recessão mundial.

Ou seja, não devemos minimizar o impacto da atividade econômica sobre o efeito estufa, mas sim entender que o processo é mais complexo – e, como tal, exige ainda mais cuidado e atenção, caso queiramos que o mundo ainda esteja habitável na época de nossos netos...

Fonte: NOAA http://www.noaanews.noaa.gov/stories2009/20090421_carbon.html


Propaganda que evapora, imagem que fica

Você aprovaria uma campanha cujos anúncios evaporam literalmente em duas horas? Pois o Aquário de Londres aprovou!

Em uma ação arrojada, eles pintaram 2000 imagens de tartarugas marinhas, tubarões e cavalos marinhos em 300 pontos espalhados por várias calçadas da capital inglesa. E sem qualquer problema com a prefeitura ou qualquer outra autoridade.

O segredo?

A “pichação”, feita por um time vestido com roupas de mergulho, utilizou apenas e simplesmente água marinha sobre stencil. Como a água salgada evapora mais lentamente, as mensagens ficaram visíveis por até duas horas. Ao evaporar, não deixaram qualquer resíduo no ambiente.

A campanha foi concebida pela agência Curb, especializada em ações utilizando materiais naturais (como neve, areia e grama).

Esta, até o Kassab aprovaria!

(*) imagem obtida no site da Curb

A sustentabilidade da energia nuclear

A história de como a humanidade encara a energia nuclear é um exemplo de conduta não sustentável por parte de todos os atores envolvidos, de governos a organizações não governamentais.

Baseio minha afirmação em um histórico de defesas e acusações apaixonadas, quase ideológicas, e que se repete hoje, quando ela é simplesmente descrita como a melhor fonte de energia para enfrentarmos o aquecimento global. De grande vilã a salvadora da humanidade, o que há é uma notável uma ausência de maturidade para encarar a questão do risco inerente a esta atividade. Mesmo depois de Chernobyl, nota-se que o risco ambiental das usinas nucleares ainda é percebido como algo que pode ser gerenciado apenas por meio de procedimentos de operação. Eles são fundamentais, sem dúvida! Mas a gestão de risco, para ser mais eficaz, precisa começar antes: mais especificamente, na definição do projeto.

Análise de ciclo de vida do produto e eco-engenharia podem reduzir muito o impacto ambiental de qualquer atividade produtiva. Tanto que é exatamente a atualização tecnológica que o governo inglês invoca para convencer a população da Grã-Bretanha a aceitar a instalação de novas usinas após a identificação do desastre provocado pelas já existentes. Porque atualmente é na ilha do fog e do chá das cinco que se encontra o site mais contaminado da Europa ocidental.

Trata-se de Sellafield, na Cumbria (região nordeste na Inglaterra), onde quantidades enormes de lixo radioativo encontram-se em um edifício que não oferece condições de segurança mínimas para evitar a contaminação. A origem deste desastre silencioso remonta a 1972, quando uma greve de mineiros afetou o fornecimento de energia na ilha (o carvão respondia, naquela época, pela quase totalidade da matriz energética da Grã-Bretanha). Para compensar, a usina passou a trabalhar em carga total, gerando resíduos que não tinham como ser gerenciados – e que foram simplesmente jogados na água de resfriamento para desintegrar. A desintegração aconteceu, mas ela não eliminou a radiação: apenas criou o que pode ser descrito como um esgoto tóxico que emite doses potencialmente letais de radiação.

Mas não se trata apenas de um altíssimo risco ambiental e humano. Sellafield é também um enorme passivo financeiro para o contribuinte bretão, que terá que desembolsar 500 milhões de libras em impostos ao ano para financiar um projeto de recuperação que, segundo estimativas de especialistas, poderá custar 50 bilhões de libras (algo como R$ 156 bilhões) nos próximos 100 anos.

São números como estes que obrigam a questionar o atual modelo de avaliação de custo de projeto, focado apenas no investimento inicial – e que tem sido o principal impedimento à expansão de energias limpas, como eólica e solar.

Bom, estas são as notícias que os britânicos estão encarando no mesmo momento em que o governo avalia 11 locais que poderão vir a abrigar novas usinas. O argumento oficial é que a tecnologia hoje é muito mais eficiente e limpa. E é aí que o problema sai do lado de lá do Atlântico e atinge nossas praias. As de Angra dos Reis, para ser mais específica. Pois, como a Folha de S. Paulo informou em sua edição de hoje que o Governo vai retomar o projeto de Angra 3 revalidando a concorrência ganha pela Andrade Gutierrez em 1983.

Mas se a matéria questiona a legitimidade de retomar uma obra deste porte sem uma nova licitação, mais uma vez fica a lacuna sobre a gestão de risco dessa obra. Porque uma licitação de 1983 significa um projeto de 1983. Seria o mesmo que pedir a uma montadora que implantasse uma linha de produção da década de 80, a qual gerava automóveis muito mais poluentes que hoje.

Face ao custo que se pode ter no futuro para recuperar uma área ocupada por uma usina nuclear, não faria mais sentido rever agora o projeto em busca de alternativas mais seguras, eficientes e limpas?

Pode até ser que a energia nuclear seja mesmo a melhor alternativa para impedir o avanço nas emissões dos gases causadores do efeito estufa. Só que a forma como ela tem seu risco gerenciado é preocupante.

Informações do The Guardian. Imagem de Sellafield, Inglaterra. Foto Alamy, Cumbria.

A beleza como violência contra a mulher

Quando o assunto é violência contra a mulher, o nível fisico é apenas a face mais visível.

Padrões irreais de beleza também são uma forma de violência contra a mulher.

Confira no vídeo abaixo.



Esgoto urbano é usado como fertilizante agrícola nos EUA

Outro dia eu estava pensando que se houvesse uma análise de ciclo de vida dos produtos agrícolas, a agroindústria teria que integrar o sistema de esgotos à sua cadeia. Me perguntei se isso não seria uma boa, já que o processamento do esgoto poderia gerar fertilizantes, fechando o ciclo com a integração do descarte à produção.

Pois não é que isso existe?!?! E mais: tem até  feira sobre isso lá nos EUA!!

We are talking business, então esqueça as palavras chulas: o nome técnico da coisa é biossólido. Apenas este ano, 4 milhões de toneladas de biossólidos serão usadas como fertilizante agrícola nos EUA. O produto vem do processamento do esgoto de cidades como Nova York e Los Angeles, segundo a National Association of Clean Water Agencies, um grupo de comércio e tratamento de esgoto.

È um belo negócio: para o governo, pagar para eliminar parte do esgoto, mais do que ter que tratar e dar um destino correto à sua totalidade, é mais fácil e econômico. Para o agricultor, esse subsídio do governo deixa o produto mais barato e contribui para reduzir os custos da produção.

Se você ficou chocado com a possibilidade de comer um alimento fertilizado por coco, não se preocupe: vários americanos compartilham sua opinião e estão fazendo oposição a esta iniciativa.

Os levantamentos disponíveis indicam que nosso coco tem resíduos de produtos farmacêuticos, esteróides, retardantes de chamas (!!), metais, hormônios e patógenos humanos. Ao todo, são mais de 100 toxinas, porém sem qualquer comprovação de risco à saúde humana.

Mas como a diversidade de opiniões sempre traz benefícios para todos, a controvérsia está levando as empresas envolvidas no negócio e o próprio governo dos EUA a promover estudos sobre eventuais riscos à saúde. Porque até o momento a iniciativa se provou segura, economicamente viável e ambientalmente sustentável.

Por isso, tenha mais respeito pelo que sai de dentro de você! Em breve, isso poderá dar dinheiro. E o melhor: contribuindo para um ciclo de produção mais limpo e sustentável.

(*) Foto da Associated Press

Violência contra a mulher

Todo dia quando acordo, agradeço por ter nascido em um grande centro urbano do Ocidente.

Porque sou mulher e sei que o Século XXI não é homogêneo. Quando se trata de direitos do ser humano, a geografia é muitas vezes mais determinante que o tempo.

Para constatar isso, não é preciso ir até o Afeganistão, onde foi promulgada a chamada “lei do estupro”, que assegura o direito aos homens xiitas de exigir sexo de suas mulheres uma vez a cada quatro dias. Basta olhar com atenção os números da pesquisa que o IBOPE fez a pedido do Instituto Avon sobre Percepções sobre a Violência Doméstica contra a Mulher no Brasil (*).

Segundo o levantamento, o maior temor de 56% das entrevistadas é ser agredida em casa pelo companheiro, pelos filhos ou pelos netos. A violência doméstica vem antes que a preocupação com o aumento dos casos de aids (51%), com a violência urbana (36%) e com o câncer de mama e de útero (31%).

E não é por acaso: mais da metade das entrevistadas (55%) afirma conhecer uma mulher que sofreu ou sofre agressões de seu parceiro. Agora, o número mais chocante: apenas 39% estão tomando medidas colaborativas para ajudar mulheres que sofrem ou sofreram alguma agressão. Isso significa que em 61% dos casos não há apoio.

Não se trata de falta de conhecimento da lei: segundo esse mesmo estudo, 78% declaram conhecer a Lei Maria da Penha. Mas um oceano separa a informação da sensação de segurança necessária para avançar na luta pelo respeito: mais da metade das entrevistadas (56%) se mostraram céticas em relação a proteção judicial e policial à mulher vítima de agressão. Mais uma vez, não é por acaso: existem atualmente apenas 410 delegacias da mulher em todo Brasil – sendo que apenas uma, em São Paulo, 24 horas.

Ao ceticismo, some-se o medo: 17% das mulheres não denunciam o agressor temendo serem assassinadas. E nada menos que uma em cada quatro entrevistadas acaba dando continuidade à relação com o agressor por dependência financeira.

Para mais de um terço das pesquisadas (36%), a violência contra a mulher é uma questão cultural. Ainda assim, apenas 11% defendem a participação do agressor em grupos de reeducação como a melhor medida jurídica. Para mais da metade da amostra (51%), a prisão do agressor é mais eficiente – um indicador do nível de indignação e revolta sentidas.

Mais uma vez, não é por acaso: assista ao vídeo da ONG Women´s Aid.

Disque 180 para denunciar a violência contra a mulher

Denúncias de casos de violência doméstica podem ser comunicados pelo número 180. Ele atende 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive feriados, em qualquer lugar do Brasil. E aceita chamadas de qualquer telefone, público, fixo ou celular – ao contrário do Instituto Avon, para onde tentei ligar do meu celular, e que não aceita chamadas de telefones móveis.

(*) A Pesquisa Instituto Avon/Ibope - Percepções sobre a Violência Doméstica contra a Mulher no Brasil foi realizada em âmbito nacional de 13 a 17 de fevereiro de 2009 e entrevistou 2002 mulheres, em cidades com mais de 20 mil habitantes e capitais.

De boas intenções o inferno está cheio

Vejam porque eu acredito que quem trabalha com comunicação e marketing PRECISA se qualificar em sustentabilidade: a rede inglesa de supermercados Tesco lançou uma promoção para incentivar os consumidores a trocar as lâmpadas convencionais pelas de baixo consumo. Além de elevar vendas, esta iniciativa certamente beneficiaria as comunidades atendidas pelas rede, que teriam uma redução no seu consumo de energia... não fosse por um pequeno detalhe: para incentivar a troca, a rede converte a compra em milhas para vôos aéreos. Só que aviões são um dos principais emissores dos gases de efeito estufa da atualidade - tanto que se cogita impor cotas de redução de CO2 à indústria aeronáutica na Convenção do Clima de Copenhagen. Ou seja, é mais ou menos como oferecer um maço de cigarros de brinde para quem comprar um patch de nicotina.

E por falar em coerência, li hoje em O Estado de S. Paulo que o Banco Itaú não explicou porque está encerrando as atividades da financeira Taíí. É, quando vi o relatório de sustentabilidade dessa instituição - um catatau de três volumes!! - logo percebi que transparência não é um conceito introjetado na cultura deles...
Informações do Ethical Living.

O inferno astral da General Motors e a minha TPM

Não bastasse a expectativa de concordata nos EUA, a General Motors no Brasil enfrentou hoje uma aparente tentativa de suicídio feita por um funcionário no portão principal de sua fábrica em Santo André. Vejam a reportagem aqui.

Não dá para saber se há uma relação entre o ato do funcionário e a situação da empresa, mas a coincidência fala por si só – e chama a atenção para uma significativa lacuna nas notícias sobre a situação da GM nos EUA, que não criticam a ausência / vagueza de menções a um eventual plano para minimizar o impacto social do processo de reestruturação em curso. Pelo contrário: acabei de ler matéria da Reuters publicada no site de O Estado de S. Paulo que “ao menos um grande detentor de bônus da GM está se preparando para uma potencial concordata ao avaliar quais tribunais poderiam ser mais favoráveis aos credores, e não aos trabalhadores e à montadora”. No site de um jornal de Pittsburgh, achei uma matéria que fala que o fundo de pensão da montadora, do qual dependem 670 mil pensionistas, também está quebrado.

BACK TO BASICS

Como Marx gentilmente nos explicou, aqueles que são expropriados dos meios de produção vendem sua força de trabalho. Quem compra, paga menos do que aquilo que ela rende. A diferença é a tal da mais valia. Isso significa que o valor vem do trabalho humano – evidência que se tornou inequívoca no final do século XX, com a comoditização das tecnologias.

Do ponto de vista LEGAL, não há problema: foi feita uma operação de compra e venda de força de trabalho, ajustada em contrato que previa local e condições de trabalho, valor, condições de encerramento do contrato etc. etc.

Do ponto de vista MORAL, fica a pergunta: por que o lucro é privado se o prejuízo é socializado? Por que a lógica de Animal Farm ainda impera, estabelecendo que o colaborador é um stakeholder menos importante que o acionista? Down with Milton Friedman!

MINHA TPM

Eu juro que quero ser otimistas e achar que as coisas vão melhorar e que esta crise pode ser uma oportunidade para que as empresas e os governos entendam que é preciso agir no dia de hoje com os olhos no dia de amanhã, que é preciso agir com RESPONSABILIDADE e RESPEITO pelo outro e pelo ambiente, que não dá mais para manter a visão antropocêntrica na qual a natureza é vista como Outro e como Inimigo... mas tem dias em que isso é difícil.

Hoje, por exemplo.

Mudanças no Ethos

Sérgio Mindlin, presidente da Fundação Telefónica, assume a presidência do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos, que também incorporou dois novos membros: Antonio Jacinto Matias, vice-presidente-executivo do Banco Itaú, e Raymundo Magliano Filho, diretor-presidente da Magliano Corretora de Câmbio e Valores Mobiliários.

Um dos fundadores do Instituto Ethos, ao lado de Oded Grajew, Ricardo Young e outros oito empresários, Mindlin substitui Oded, que passa a se dedicar integralmente ao Movimento Nossa São Paulo.

Desta forma, o Conselho Deliberativo do Ethos passa a ter a seguinte composição:

* Sergio Mindlin (presidente do Conselho) - diretor-presidente da Fundação Telefônica

* Antonio Jacinto Matias - vice-presidente-executivo do Banco Itaú

* Celina Borges Torrealba Carpi, vice-presidente do Grupo Libra

* Daniel Feffer, vice-presidente corporativo da Suzano de Papel e Celulose

* Eduardo Capobianco, vice-presidente da Construcap Engenharia e Comércio

* Fábio Barbosa, presidente do Grupo Santander Brasil

* Guilherme Leal, presidente-executivo da Natura Cosméticos

* Hélio Mattar, presidente do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente

* Jorge Luiz Numa Abrahão, diretor da Uni Engenharia e Comércio

* José Luciano Duarte Penido, diretor-presidente da Votorantim Celulose e Papel (VCP)

* Marcelo Vespoli Takaoka, presidente da Y Takaoka Empreendimentos

* Oded Grajew, integrante do Movimento Nossa São Paulo

* Raymundo Magliano Filho, diretor-presidente da Magliano Corretora de Câmbio e Valores Mobiliários

* Ricardo Young, presidente do Instituto Ethos


Outra novidade do Ethos: até junho deste ano a entidade deverá ter um Comitê de Ética, instituído pelo Conselho Deliberativo para ajudar as empresas na discussão de temas correlatos.

Campanha da WWF pela água

Páscoa Sustentável

Seja pela lembrança da libertação do povo escolhido do cativeiro no Egito ou da morte e ressurreição do Messias – ou até pelos ovos do coelhinho, símbolos pagãos de fertilidade! – a Páscoa remete à possibilidade de (re)nascimento, renovação e libertação. Que tal então comemorar a data fazendo coisas novas e que simbolizem um compromisso com o futuro?

Comprar ovos de Páscoa com embalagens mais simples é um começo. Poucos produtos esbanjam tanto papel e plástico para acomodar meras gramas do que vai efetivamente ser consumido! E se você receber aquele ovo que vem em caixa dentro da qual tem um berço de plástico onde está um produto envolto em papel alumínio (ufa!), não se esqueça: separe cada material e leve a um posto de coleta seletiva de lixo.

Ao comprar, lembre-se de incluir alguns itens para dar a entidades que cuidam de crianças e idosos carentes. Pequenas lembranças em festas tipicamente familiares, como Natal e Páscoa, contribuem para humanizar a situação de quem não vive em família.

Aliás, que tal aproveitar que a Páscoa é sinônimo de renovação para criar novas tradições? Por exemplo: levar as crianças para a rua ou um parque e plantar uma árvore com elas! Esse é um ato que pode ser repetido todo ano, escrevendo uma história familiar na paisagem urbana. Dicas sobre como e o quê plantar estão aqui.

Mas Páscoa é também sinônimo de almoço em família. Na hora de preparar a comida, privilegie receitas que demandam menos energia (= menos tempo de forno, fogão e microondas). Converse com amigos e faça compras conjuntas de itens cuja embalagem traz quantidades maiores do que o que você precisa – além de descartar menos embalagens no ambiente, você também perceberá a economia no bolso. E após a refeição, nada de jogar os restos do prato no lixo! Junte tudo e prepare uma marmita bacana para aquele cão de rua que não tem dono – apenas lembre-se de não colocar salada (que eles detestam) e de tirar os ossos pequenos, que podem causar danos ao trato digestivo do animal.

E que todos nós tenhamos uma Boa Páscoa!


Aulas de Harvard, MIT, Berkeley, Princeton, Stanford e Yale de graça na internet

O Aldo Rebelo que me perdoe, mas o inglês é fundamental em um mundo cada vez mais globalizado. Sem ele, por exemplo, você perderá a chance de assistir de graça a palestras de professores de Harvard, MIT, Berkeley, Princeton, Stanford e Yale. Porque as palestras que a Academic Earth oferece em seu site só estão disponíveis nesse idioma

Agora, se você fala inglês, aproveite! São mais de 1.500 vídeos sobre economia, empreendedorismo, história, direito, medicina, filosofia, ciências da computação, engenharia, biologia e inúmeras outras disciplinas. Você pode ouvir o próprio Thomas Friedman falando sobre sua obra, O Mundo é Plano, ou Carol Bartz, CEO do Yahoo. Ou acompanhar sequências temáticas que criam verdadeiros cursos on-line, como a série Entendendo a Crise Financeira ou Empreendedorismo Social.

Os cursos são oferecidos sob a licença da Creative Commons. Segundo o material de divulgação do site, eles oferecem materiais associados, como transcrição das palestras, sugestões de leitura e testes. Isso não significa que você consiga obter um diploma pelo site, mas certamente vai ajudá-lo(a) bastante em seus estudos por aqui.

Porque é importante reciclar eletrônicos

Quando se fala em reciclagem, a primeira imagem que vem à nossa mente é a do reaproveitamento de materiais. Sim, isso também é possível com os eletrônicos. Mas no caso de pilhas, baterias, computadores e TVs há um motivo mais grave: impedir que metais pesados e substâncias tóxicas sejam liberadas no ambiente.

Nada menos que 25% do peso de um tubo de TV antigo (não de plasma ou LCD) ou de um monitor de computador é constituído de chumbo. A exposição crônica a este metal causa tremor muscular, alucinações, perda da memória e da capacidade de concentração, sintomas que podem progredir até o delírio, convulsões, paralisias e coma – além de anemia e complicações renais.

Um monitor também possui fósforo, na forma de pó – que concentra boa parte do chumbo do aparelho e, portanto, pode causar intoxicação se inalado, quando o monitor se quebra. Mesmo se ninguém respirar o pó, ao atingir o solo, ele o contaminará.

Isso para não falar nas lâmpadas fluorescentes! Elas possuem mercúrio, metal que pode causar lesões no sistema neurológico e levar até à vida vegetativa ou à morte, conforme a concentração. Sim, a concentração por unidade é pequena – cada lâmpada possui entre 5 e 20 gramas. O problema é que a falta de informações claras ao consumidor faz com que o descarte seja feito com o lixo comum. Dependendo de seu destino, esse lixo, com várias lâmpadas, pode contaminar solos e lençóis d'água, e, conseqüentemente, os alimentos, ou ainda populações que morem perto de aterros e lixões.

São Paulo tem programa para coleta de lixo eletrônico

Se você mora em São Paulo, não precisa depender da boa vontade dos fabricantes para dar um happy end ao ciclo de vida dos eletrônicos. A Secretaria do Meio Ambiente tem um programa chamado Mutirão do Lixo Eletrônico - na verdade, uma articulação de recicladoras e ONGs para recebimento e destinação apropriada de pilhas, baterias, celulares, computadores, televisores, DVD’s, CD´s, rádios e lâmpadas fluorescentes. Os endereços onde você pode entregar seu eletrônico usados estão listadas aqui.

Procura-se como reciclar um eletrônico

Se você, como eu, decidiu que terá o cuidado de dar uma destinação correta a computadores, televisores, celulares, geladeiras e demais eletrônicos usados, prepare-se: não vai ser fácil.

Esta indústria não tem uma cadeia produtiva sustentável. A engenharia não faz produtos fáceis de serem desmontados. Isso inibe o surgimento de recicladores, que também enfrentam a dificuldade de lidar com uma miríade de materiais, alguns dos quais muito tóxicos (como os metais de baterias de celular e computador). Para piorar a situação, estamos falando de uma indústria globalizada que enfrenta uma enorme variedade de legislações a respeito, conforme o país.

E legislação faz diferença!! Tanto que qualquer consumidor pode dar uma destinação correta a seu celular (bateria, componentes, capa) graças à resolução CONAMA que obriga os fabricantes a isso. Resultado: pontos de reciclagem são facilmente encontrados nas lojas das operadoras.

Mas se o objeto a ser reciclado for um computador, um televisor ou um microondas, a situação se complica.

Comecei minha pesquisa pelo varejo, ligando para as três enormes redes de venda de eletrônicos: Casas Bahia, Magazine Luiza e Ponto Frio. Todas me informaram, via chat on line, que não recebem produtos usados para reciclagem.

Resolvi então procurar os fabricantes. Comecei pelos computadores. HP e Dell possuem esquema de logística reversa, descrito em seus sites. Positivo Informática, não. A Apple – que atua nos segmentos de computadores, tocadores de música e telefones – tem um programa de reciclagem liiiindo... que não está disponível no Brasil .

Liguei para a Philips, cujo SAC me informou que,sim! eles possuem esquema de logística reversa! Ok, então como faço para enviar meu produto? Resposta: “a reciclagem é feita em Manaus, então a senhora precisa procurar no site da prefeitura de sua cidade para ver como é feito o recolhimento”. Bom, o site da prefeitura de São Paulo, cidade onde vivo, é um portal, com milhares de informações. Perguntei à atendente da Philips em qual parte do site da prefeitura está essa informação e, obviamente, ela não soube responder.

E obviamente quando entrei no site da prefeitura e usei o serviço de busca para localizar informações sobre “reciclagem”, não veio NADA!

Liguei também para a Samsung, que oferece esse tipo de serviço nos Estados Unidos (http://pages.samsung.com/us/recyclingdirect/locations.jsp). O SAC me informou que bastava que eu procurasse uma assistência técnica que eles receberiam meu produto e o encaminhariam para a fábrica para reciclagem. Só que ao ligar para a assistência técnica indicada pelo SAC da Samsung, descobri que esse tipo de serviço não existe.

No caso da GE/Dako, pediram que eu ligasse na fábrica, em Campinas...

A esta altura do campeonato, eu louvei a sinceridade da atendente da Brastemp, que simplesmente admitiu que não há qualquer mecanismo de reciclagem dos produtos.

Por ser um país de enormes diferenças sociais, o Brasil ainda está no estágio em que a melhor reciclagem é a doação – o Comitê para Democratização da Informática já incluiu milhares de pessoas com base nesse mecanismo. Mas não podemos nos esquecer que embora inclusivo, esse esquema repassa o ônus do descarte para classes menos favorecidas. Ou seja, no final do ciclo de vida do produto é preciso haver uma destinação ambientalmente correta de fácil acesso para todos. Algo que, infelizmente, não existe no setor de eletrônicos.

FORA DO AR ATÉ SEGUNDA

Por conta da extrema oscilação da banda larga da TIM e dos bugs do Windows Vista, da Microsoft, este blog só voltará a ser atualizado diariamente a partir da segunda.

Violência contra a mulher

Violência domêstica deixa duas mulheres mortas por semana.

Esta situação revoltante é encenada com maestria por Keira Knightley em um filme de pouco mais de dois minutos produzido para a Women´s Aid.

Não deixe de ver, de repassar e de ajudar a mudar a cultura de violência que ainda impera em todo o mundo (ocidental, oriental, urbano, rural..)

Consumidores que querem ser vendedores

O instituto de pesquisas norte-americano TrendWatching, especializando em tendências de consumo, acaba de divulgar um novo estudo. Intitulado Sellsumers, neologismo resultante da junção das palavras seller (vendedor) e consumer (consumidor), ele conclui que os consumidores estão cada vez mais interessados em serviços que lhes permita ganhar algum dinheiro.

Os consumidores que são vendedores, ou vendedores que são consumidores, podem ser divididos em categorias:

1 – Espaço – que tal interligar pessoas que têm algum tipo de espaço para comercializar? Pode ser uma vaga de carro, como ocorre no Reino Unido, Irlanda, Canadá, Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia. Ou um local bacana para acampar. Ou qualquer outro espaço! Para o consumidor, o valor do serviço está em colocá-lo em contato com possíveis interessados.

2 – Ecologia – na Irlanda, no Reino Unido, na Austrália e na Califórnia (EUA) já existe regulamentação que permite ao consumidor destinar o excesso de energia produzido por auto-geração (painéis solares, por exemplo) para o sistema operacional que abastece esses locais. Ah, sim, e receber ($$) por isso.

3 – Criação – viabilizar o potencial criativo do cliente e ajudá-lo na comercialização dos seus produtos. As editoras de autor são um exemplo.

4 – Conteúdo – permitir que o consumidor receba pelo conteúdo de seu blog a partir de um certo número de acessos, por exemplo.

5 – Outros – oferecer uma central de aluguel de coisas, qualquer coisa, para outras pessoas; centralizar o cadastro de pessoas que estão dispostas a oferecer seus carros para ações de marketing e promoção das empresas; distribuir produtos e serviços de jardinagem feitos por pessoas comuns; ou criar um serviço de entregas que pega carona nas viagens que as pessoas farão.

Embora haja, sim, um aspecto circunstancial por trás desse movimento, que é a atual crise econômica, os consumidores-vendedores estão também atrás da expressão pessoal e da experimentação do empreendedorismo – integrando, desta forma, a megatendência da participação do consumidor na cadeia produtiva. E você deve ter reparado que vários destes serviços reduzem desperdício (de espaço, de viagens) e estimulam práticas sustentáveis.

E você? Você consumiria um serviço que o transforma em um vendedor?

Greenpeace lança guia de produtos eletrônicos verdes

Nos EUA, o Greenpeace acaba de lançar a 11a versão do seu Guia dos Produtos Eletrônicos Verdes, com a mais recente análise da performance ambiental de empresas de telefonia celular (Nokia, Motorola), computadores (Dell, HP, Lenovo, Apple) e eletrônicos em geral (Samsumg, LG, Nintendo).

O descritivo é simples e objetivo - um exemplo para quem trabalha com relatórios! São apenas duas tabelas por empresa: a primeira, com a média ponderada por tema; a segunda, com o detalhamento dos itens analisados: uso de produtos químicos, descarte do lixo eletrônico e eficiência energética.

Essa análise gerou um ranking, liderado pela Nokia. A pior nota - pasme! - foi para a Nintendo!!
Os fabricantes de computadores HP, Lenovo e Dell tiveram um ponto descontado da média que determina sua posição no ranking porque não cumprirão o acordo, firmado com o Greenpeace, para eliminar até o final deste ano o PVC e os retardantes de chamas à base de brominatos (é assim que se fala em português?!?!). A Lenovo comprometeu-se com uma nova data - 2010 - mas a HP e a Dell ainda não informaram o novo prazo.
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