Não bastasse a expectativa de concordata nos EUA, a General Motors no Brasil enfrentou hoje uma aparente tentativa de suicídio feita por um funcionário no portão principal de sua fábrica em Santo André. Vejam a reportagem aqui.
Não dá para saber se há uma relação entre o ato do funcionário e a situação da empresa, mas a coincidência fala por si só – e chama a atenção para uma significativa lacuna nas notícias sobre a situação da GM nos EUA, que não criticam a ausência / vagueza de menções a um eventual plano para minimizar o impacto social do processo de reestruturação em curso. Pelo contrário: acabei de ler matéria da Reuters publicada no site de O Estado de S. Paulo que “ao menos um grande detentor de bônus da GM está se preparando para uma potencial concordata ao avaliar quais tribunais poderiam ser mais favoráveis aos credores, e não aos trabalhadores e à montadora”. No site de um jornal de Pittsburgh, achei uma matéria que fala que o fundo de pensão da montadora, do qual dependem 670 mil pensionistas, também está quebrado.
BACK TO BASICS
Como Marx gentilmente nos explicou, aqueles que são expropriados dos meios de produção vendem sua força de trabalho. Quem compra, paga menos do que aquilo que ela rende. A diferença é a tal da mais valia. Isso significa que o valor vem do trabalho humano – evidência que se tornou inequívoca no final do século XX, com a comoditização das tecnologias.
Do ponto de vista LEGAL, não há problema: foi feita uma operação de compra e venda de força de trabalho, ajustada em contrato que previa local e condições de trabalho, valor, condições de encerramento do contrato etc. etc.
Do ponto de vista MORAL, fica a pergunta: por que o lucro é privado se o prejuízo é socializado? Por que a lógica de Animal Farm ainda impera, estabelecendo que o colaborador é um stakeholder menos importante que o acionista? Down with Milton Friedman!
MINHA TPM
Eu juro que quero ser otimistas e achar que as coisas vão melhorar e que esta crise pode ser uma oportunidade para que as empresas e os governos entendam que é preciso agir no dia de hoje com os olhos no dia de amanhã, que é preciso agir com RESPONSABILIDADE e RESPEITO pelo outro e pelo ambiente, que não dá mais para manter a visão antropocêntrica na qual a natureza é vista como Outro e como Inimigo... mas tem dias em que isso é difícil.
Hoje, por exemplo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário