Muita discussão sobre estabelecimento de cotas e créditos de carbono, muita propaganda com crianças e árvores... Mas a verdade é que muito pouco foi feito até agora para frear o avanço do aquecimento global por parte dos governos, das empresas e, sim, de nós, pobres mortais.
É muito fácil me chamar de ecochata e virar as costas, como se a responsabilidade fosse de uma entidade onipotente imaginária (o “sistema”?). O mais incrível é que este explicitamente mítico raciocínio é piamente aceito por pessoas com um nível educacional razoável e que, em outros temas, exibem senso crítico e bom senso.
Só que não tem jeito: todos nós somos responsáveis pelo problema... e pela solução!
Cabe a nós, como cidadãos, cobrar de nosso governo esquizofrênico uma definição clara em prol do ambiente.
Ao governo, cabe a criação de leis, normas e parâmetros que organizem a atividade econômica e a sociedade em um modus operandi mais eficiente, com menor desperdício. Também cabe ao governo fiscalizar e exigir o cumprimento das leis.
Cabe a nós, como consumidores, cobrar das empresas produtos e serviços com menor impacto ambiental.
Às empresas cabe o desenvolvimento de tecnologias, produtos e serviços mais limpos. Porque eu, como consumidora, dependo das opções que são colocadas no mercado para comprar o que quero / preciso. Também cabe às empresas a responsabilidade por uma comunicação mais honesta, transparente e verdadeira – e não só no relatório de sustentabilidade. Já está mais do que na hora de termos uma publicidade criativa, sim, porém menos enganosa e mais responsável, pois ela tem um efeito poderoso na formação dos jovens e na cristalização de hábitos de consumo.
E cabe a nós, habitantes deste planeta, optar por hábitos de consumo menos danosos: comprar produtos com menos embalagens, que tenham sido produzidos perto de onde estamos comprando, que possam ser reciclados... procurar cooperativas e separar o lixo para reciclagem... E, principalmente, abandonar o enorme equívoco que é o modo de vida baseado no descarte: copos descartáveis, meias descartáveis, celulares descartáveis, fraldas descartáveis...
O nome do jogo é Manter o Conforto e Reduzir o Consumo. De que forma? Pois é, não existe uma fórmula. Vamos ter que administrar caso a caso, negociar conosco mesmo, com nossas famílias e amigos. O primeiro passo é acabar com essa história de “ecochato”, que impede o diálogo e o raciocínio – premissas de qualquer mudança.
Acho que foi por isso que gostei tanto do discurso do Barack Obama no Dia da Terra. Ele mandou seu recado para o Congresso (criar medidas para combater o aquecimento global) e para o setor produtivo (desenvolver energias alternativas). Mas também falou diretamente à população, pois sabe do gigantesco efeito que qualquer pequena mudança de hábito de consumo fará, se adotada por 300 milhões de pessoas!
Confira o Guia Obama para uma Vida mais Verde:
“Encorajo todos os cidadãos a ajudar na proteção do ambiente e a contribuir com um mundo sustentável e saudável.”
“As famílias americanas podem economizar dinheiro escolhendo produtos mais eficientes no consumo de energia, apagando as luzes e tirando os aparelhos eletrônicos da tomada.”
“Diminuir o uso de ar condicionado.”
“Comprar produtos com menos embalagens.”
“Reciclar e reutilizar papel, plástico, vidro e alumínio com mais freqüência.”
“ Indivíduos e organizações podem plantar árvores, utilizar lâmpadas de menor consumo de energia, dirigir carros mais econômicos e ensinar aos mais jovens sobre a preservação ambiental.”
“As pessoas podem andar a pé, de bicicleta ou utilizar o transporte público.”
E aproveitando o gancho da última dica aí do Obama, pergunto: Kassab, cadê transporte público decente em São Paulo? Cadê as ciclovias???
Eu já postei minha cobrança no site da prefeitura. Agora, é sua vez!
Foto: The Telegraph
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