Outro dia eu estava pensando que se houvesse uma análise de ciclo de vida dos produtos agrícolas, a agroindústria teria que integrar o sistema de esgotos à sua cadeia. Me perguntei se isso não seria uma boa, já que o processamento do esgoto poderia gerar fertilizantes, fechando o ciclo com a integração do descarte à produção.
Pois não é que isso existe?!?! E mais: tem até feira sobre isso lá nos EUA!!
We are talking business, então esqueça as palavras chulas: o nome técnico da coisa é biossólido. Apenas este ano, 4 milhões de toneladas de biossólidos serão usadas como fertilizante agrícola nos EUA. O produto vem do processamento do esgoto de cidades como Nova York e Los Angeles, segundo a National Association of Clean Water Agencies, um grupo de comércio e tratamento de esgoto.
È um belo negócio: para o governo, pagar para eliminar parte do esgoto, mais do que ter que tratar e dar um destino correto à sua totalidade, é mais fácil e econômico. Para o agricultor, esse subsídio do governo deixa o produto mais barato e contribui para reduzir os custos da produção.
Se você ficou chocado com a possibilidade de comer um alimento fertilizado por coco, não se preocupe: vários americanos compartilham sua opinião e estão fazendo oposição a esta iniciativa.
Os levantamentos disponíveis indicam que nosso coco tem resíduos de produtos farmacêuticos, esteróides, retardantes de chamas (!!), metais, hormônios e patógenos humanos. Ao todo, são mais de 100 toxinas, porém sem qualquer comprovação de risco à saúde humana.
Mas como a diversidade de opiniões sempre traz benefícios para todos, a controvérsia está levando as empresas envolvidas no negócio e o próprio governo dos EUA a promover estudos sobre eventuais riscos à saúde. Porque até o momento a iniciativa se provou segura, economicamente viável e ambientalmente sustentável.
Por isso, tenha mais respeito pelo que sai de dentro de você! Em breve, isso poderá dar dinheiro. E o melhor: contribuindo para um ciclo de produção mais limpo e sustentável.
(*) Foto da Associated Press
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