Europa incluirá dados ambientais no cálculo do PIB a partir de 2010

A partir do ano que vem a União Européia utilizará indicadores ambientais para complementar o cálculo de seu Produto Interno Bruto. Serão incluídos dados sobre o nível de poluição e de impactos ambientais dentro do bloco europeu, questões como biodiversidade, mudanças climáticas, uso de água e geração de resíduos. Há, ainda, a intenção de divulgar tais dados com mais agilidade, já que atualmente eles levam de dois a três anos para serem atualizados.

Pode ser uma boa: há tempos que a forma atual como o PIB é calculado tem sido criticada. As falhas são evidentes: o trabalho doméstico produzido por uma dona de casa, por exemplo, não é computado. Já as obras de restauro dos danos provocados por um acidente ambiental, por exemplo, puxam o PIB para cima. Tais distorções têm estado na berlinda e modelos que se propõem a contemplar outros indicadores, como o bem estar social, estão sempre sendo apresentados. Esse é o caso do IDH-Índice de Desenvolvimento Humano, criado pela ONU. Ou do FIB-Felicidade Interna Bruta, que está em uso no Butão e em algumas comunidades pelo mundo (inclusive no Brasil), mas ainda é visto como algo exótico, como um experimento.

Não é para menos: ao incluir novos dados, os pesquisadores podem chegar a resultados questionáveis – como, por exemplo, eleger a Costa Rica como o país com habitantes mais satisfeitos. A proeza é da organização londrina New Economic Foundation, que criou o Índice do Planeta Feliz (HPI - Happy Planet Index). Com base em três indicadores - pegada ecológica, satisfação de vida e expectativa de vida – a ONG concluiu que os costarriquenhos deveriam liderar o ranking mundial por ter uma expectativa de vida longa e 99% da sua necessidade energética suprida com fontes renováveis. Você concorda? Pois é... Esse assunto não acaba tão cedo...


Mas se a União Européia incluir indicadores ambientais, a iniciativa poderá gerar um efeito cascata, dado o peso da região na economia mundial, a quantidade de multinacionais com operações em outros países e o peso que o tema pode vir a assumir em negociações internacionais. Não sejamos ingênuos: tem muita gente usando o verde e a sustentabilidade visando criar reserva de mercado e barreiras mercantis. Mas não há como negar seu efeito “didático”, já que leva as pessoas a enxergar a economia de uma nova maneira.

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