Bill Clinton: investir na mulher é o melhor caminho para combater a pobreza

Aconteceu durante o quinto encontro anual da Clinton Global Initiative, promovido pela ONG dirigida pelo ex-presidente norte-americano que ficou famoso por suas investidas sexuais fora do casamento. Não sei se para se redimir ou por realmente só pensar em mulher, mas a verdade é que a seção de abertura do evento foi dedicada às mulheres. Para ser mais específica, para mostrar como o investimento na mulher é o caminho mais eficiente para se erradicar a pobreza.

Segundo relatos que peguei na internet, a realização ficou aquém da intenção. Mas com certeza já valeu para colocar o assunto na pauta do dia. Porque em pleno século XXI, a discriminação da mulher ainda é real. Para você ter idéia da situação, Clinton disse que atualmente as mulheres são responsáveis por 66% de todo o trabalho do mundo, produzem 50% dos alimentos do planeta, porém só respondem por 10% da renda mundial e por 1% das propriedades no planeta. Mais da metade (57%) da população contaminada pelo vírus HIV na África subsaariana é de mulheres; entre os jovens, esse índice sobe para 75%. Não sei se você sabe, mas naquela região acredita-se que transar com uma virgem “limpa” o homem da doença, crença que está na raiz dos vergonhosos números de estupros e contaminação na região. Outros palestrantes complementaram: apenas 1% das verbas destinadas aos países em desenvolvimento é direcionada para programas que beneficiam mulheres.

E não pense que isso é coisa que só acontece na África! Aqui no Brasil, as estatísticas indicam que a cada 15 minutos uma mulher é espancada. Os dados sobre desigualdade de salários estão no site do IBGE. E basta uma viagem para o interior do país para perceber que ainda somos uma nação muito, muito machista.

Diante desses números, os palestrantes do evento (entre eles, Edna Adan, diretora de um hospital na Somália e que foi a primeira mulher a dirigir um carro naquele país) explicaram que a educação é o fator mais importante para o empoderamento da mulher. Não só por favorecer a entrada no mercado de trabalho, mas principalmente porque leva a mulher a querer (e a ter) controle sobre sua fertilidade. A partir do momento em que começa a ter menos filhos, ela interrompe o processo de multiplicação da pobreza – e uma das principais causas de mortalidade entre mulheres no mundo subdesenvolvido. Também ganha condições de lutar por trabalhos mais dignos e melhor remunerados, beneficiando sua comunidade: pesquisas mostram que as mulheres reinvestem 90% de seus ganhos no bem estar de sua família, contra 35% dos homens. Melhor acesso à educação está por trás de uma queda de 43% nos índices de má nutrição registrados entre 1970 e 1995.

E um dado curioso: os telefones celulares contribuem nesse processo, pois o hábito de usar mensagens de texto eleva o nível de alfabetização.

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