Em parceria com a Iniciativa Financeira do Programa de Meio Ambiente da ONU (UNEP-FI), um grupo de mais de 200 gestores de fundos que controla US$ 2 trilhões em ativos em todo o mundo acaba de lançar o relatório “Fiduciary Responsibility: Legal and Practical Aspects of Integrating Environmental, Social and Governance Issues into Institutional Investment”. O documento de 120 páginas explica porque investimentos verdes não podem mais ser vistos como opção ou como luxo: eles já são uma responsabilidade legal pois, segundo os autores, se os consultores de investimentos não incorporarem aspectos ambientais, sociais e de governança em seus serviços, eles já podem enfrentar riscos reais de processos jurídicos por negligência.
Trata-se claramente de uma tentativa de criar melhores mecanismos de governança, atendendo à demanda da sociedade e dos governos em função da recente crise financeira. O relatório também dá continuidade a iniciativas como os Princípios do Equador e os Princípios para Investimentos Responsáveis, promovido por entidade homônima ligada ao sistema ONU, que reúne 600 instituições que controlam US$ 18 trilhões em ativos. Nesse sentido, o documento enfatiza que o papel dos investidores institucionais (fundos de pensão, companhias de seguros, fundos soberanos e fundos mútuos) têm na transição para uma economia eficiente no uso de recursos e com baixa emissão de carbono.
Nas palavras do diretor geral da UNEP, Achim Steiner, “os temas ambientais, sociais e de governança não são periféricos e devem fazer parte do processo regular de tomada de decisão de todos os agentes do mercado de investimentos”.
Sem dúvida, o papel dos agentes financeiros é crucial para o andamento da economia. A escolha sobre o que deve ou não ser financiado molda nossas opções de consumo, nossa matriz energética, nossos modais de transporte. Porém, não vamos esquecer que a lógica desse profissional é lucro porque é o que nós, investidores que colocamos o dinheiro no banco, queremos. Ao destacar o aspecto legal que pode afetar os indivíduos envolvidos nas transações (ou seja, processo e cadeia), o setor financeiro pode até refrear um pouco a busca por lucro a qualquer custo. Mas se nós, investidores, continuarmos fechando os olhos para as fontes do lucro de nossos investimentos – sejam eles fundos, poupança ou aposentadoria – e se continuarmos a exigir a rentabilidade sem preocupação de onde ela vem, as finanças nunca serão sustentáveis. Ou seja, se você não pensar no aquecimento global quando as ações da Petrobrás derem rentabilidade de 40% a.a. - e se você não tiver coragem de recusar esta lucratividade e contentar-se com outra opção, talvez menos rentável, porém mais sustentável – nada vai mudar. Depois, não adianta jogar pedra no Lehman Brothers, ok?
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