
Ainda não foi decidido se a pegada de carbono será contabilizada nos custos do projeto, processo conhecido no mercado financeiro como “shadow price”. Se isso ocorrer, confirmará a tendência de taxação do carbono lançada com o decreto ambiental do Obama, de cap-and-trade, que prevê taxação sobre produtos importados de países que não estão reduzindo suas emissões. Esta abordagem, bastante simpática aos militantes da esquerda, encontra apoio do presidente francês Sarcozy. Obviamente, trata-se de uma barreira não-tarifária disfarçada de boa intenção e que,na prática, reduz a competitividade dos países em desenvolvimento que não detêm tecnologia para fomentar uma economia de baixa emissão de carbono. A simples possibilidade de um encarecimento no financiamento pelo Banco Mundial, se vier a ocorrer, é mais uma pedra no caminho das nações emergentes e subdesenvolvidas.
A decisão sobre esse ponto virá somente depois da Conferência Internacional do Clima em Copenhagen, no final deste ano. Mais do que negociações sobre emissões, o que está em jogo é um novo arcabouço financeiro que poderá privilegiar investimentos em determinados setores, alterar a remuneração sobre o uso de determinadas tecnologias e consolidar novos mercados, como o de carbono. Por outro lado, os ambientalistas têm razão quando condenam o financiamento de projetos de grande impacto ambiental,como usinas elétricas movidas a carvão. Ocorre que outras formas de energia não têm um preço tão competitivo – por isso, obrigar um país a adotar fontes alternativas, que hoje têm um custo muito mais alto, acaba por lhe tirar a competitividade. Porque elas não estão concorrendo com outros investimentos, mas sim com outras plataformas energéticas já instaladas – e que geram energia por um custo muito mais baixo. Sem uma regulamentação que equilibre o mercado, o foco no investimento pode até ser politicamente correto, porém terá um efeito perverso.
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