Transparência é tuuuudo de bom e tem que ser incentivada. Por isso, dou os parabéns às corporações que hoje deram a cara à tapa apresentando seus inventários de emissões dos gases causadores do efeito estufa durante o lançamento oficial do programa Empresas Pelo Clima, em parceria com a FGV.
Inventário é o termo técnico para o levantamento que as empresas fazem para saber o quanto estão jogando na atmosfera de gases causadores do efeito estufa (o gás carbônico é o mais conhecido, mas tem também metano, NOx, SOx etc.). Esse levantamento é fundamental para qualquer trabalho sério de redução: é preciso saber o tamanho do problema para depois checar se as ações de mitigação (=diminuição) das emissões foram ou não bem sucedidas.
As emissões desse grupo são referentes a 2008 e representam 3,8% daquilo que o Brasil emitiu no ano de 2005 (últmo ano com dados consolidados disponíveis). Excetuando os gases-estufa originados do desmatamento e das mudanças no uso do solo, o porcentual sobe para 8,5%.
O ranking só tem pesos pesados da indústria - porque para emitir muito, tem que ser grande. A lista é liderada pela toda-poderosa Petrobrás salve-salve!!! A fofa jogou cerca de 51 milhões de toneladas de CO2 no ar. Obviamente esse número não computa o que sai dos escapamentos de carros, ônibus, caminhões e tratores que utilizam os produtos da gradiosíssima salve-salve Petrobrás! Em seguida vem a Votorantim, com 18 milhões de CO2e emitidos, e a Alcoa, com 2 milhões de CO2e. Ambas possuem programas sérios que visam reduzir o impacto social e ambiental de suas atividades - algo que não posso falar daquela-que-não-deve-ser-mencionada. Os detalhes dos inventários estão disponíveis no site da FGV.
Empresas pelo clima
O programa Empresas Pelo Clima, coordenado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (GVces, é uma plataforma empresarial permanente que visa criar as bases regulatórias no processo de adaptação econômica às mudanças climáticas no país. Traduzindo: como mudanças serão inevitáveis de 2012 em diante, com a revisão das metas do Protocolo de Kyoto que deve sair no final do ano, na COP15, esse grupo está se antecipando. Motivo: sai mais barato antecipar tendências do que custear a adaptação depois. (parênteses: o GVCes consolidou-se como "o" ponto de referência em sustentabilidade empresarial; eles passaram o CEBDS para trás em termos de iniciativas e visibilidade!)
Ao aderir ao EPC, as empresas se comprometem a fazer inventários anuais das emissões de gases que afetam o clima a partir da metodologia definida pelo GHG Protocol. Das 27 empresas que elaboraram seus inventários, 10 conseguiram cumprir todas as diretrizes do Programa Brasileiro GHG Protocol logo no primeiro ano. São elas: Alcoa, Ambev, Anglo American, CESP, CNEC, Embraer, Ford, Natura, Suzano Papel e Celulose e Votorantim. Cinco empresas optaram por não publicar seus dados neste ano. Mesmo assim, o total de emissões diretas dessas companhias já está computado no número global divulgado nesta quinta-feira.
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