Sonho Americano

Tanta gente já se meteu a explicar porque as eleições americanas movimentaram o mundo todo, literalmente, que fico até sem graça de tocar no assunto novamente. Mas resolvi fazer isso para acrescentar algo que não vi / não li (ok, eu não li nem vi tudo que se escreveu sobre as eleições americanas, so forgive me if I am wrong).

Sim, existe a questão de ser o primeiro presidente negro na nação que mais discute e expõe seu racismo. Sim, o fator Bush também pesa - o mundo inteiro queria vê-lo pelas costas (aliás, vi uma materia divertidíssima na TV sobre as milhares de festas que aconteceram no mundo inteiro comemorando a saída dele da Casa Branca). E, sim, há a crise - e o indefectível raciocínio mítico do Super-Homem que salva a todos no final!

Mas tem algo mais, ou melhor, menos: não há hoje uma alternativa ao modelo americano em termos de SONHO. Nenhuma nação, religião, sistema político ou econômico conseguiu nos seduzir. Podemos comprar produtos chineses, mas alguém quer ser como um chinês? Ou tentar a vida na China? Na Índia? O Japão, por exemplo, atrai seus descendentes e mais ninguém.

Mas não é só pela falta de opções que o aspiracional do ocidente continua direcionado para os EUA: é também porque ele invoca valores muito inspiradores, como a livre-iniciativa, o empreendedorismo, a possibilidade de traçar o próprio caminho e fazer a vida... A Terra das Oportunidades! Esses traços, aliás, explicam porque a Europa não consegue rivalizar com os EUA nesse quesito: porque apesar da Comunidade Européia, ela ainda é vista como excludente, preconceituosa, arrogante... A herança da colonização (Casa Grande e Senzala) não se restringe à América escravocrata!!

A era Bush nos fez muito conscientes de tudo o que não gostamos nos "gringos": a visão umbigocêntrica, o consumo excessivo que está desequilibrando o planeta, a truculência nas negociações e na imposição de uma visão de mundo... Que bom!!!! A partir do momento em que sabemos o que está errado, temos a oportunidade de: 1) parar de repetir o erro; 2) corrigir.

Agora, é hora de olhar e ver o que eles têm de bom - porque se não tivessem, não daríamos tanta importância, não prestaríamos tanta atenção, não seríamos tão seduzidos pelo show! E ao identificar o que é válido, podemos repetir e aprimorar tais comportamentos ou valores.

Sem preconceitos.

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