Mas por trás do processo de negação do outro está a afirmação do Eu - Eu sou melhor, eu sou mais puro, eu sou mais digno... Meu grupo tem mais direitos, tem mais história, meu Deus é mais verdadeiro... As facetas são múltiplas, mas a raiz é uma só: uma balança na qual a minha exaltação ocorre na exata proporção da degradação do outro.
Ok, é necessário rever e corrigir os mecanismos sociais por trás desse fenômeno (crise econômica, falta de perspectivas para a juventude, pobreza, ignorância etc. etc.), porém é preciso também começarmos a pensar nos PARADIGMAS EMOCIONAIS que regem a formação da nossa personalidade e nossa interação com grupos sociais. Sem uma atuação consciente e intencional sobre nossos mecanismos de projeção, auto-afirmação e criação de identidade, não conseguiremos dissociar barbárie e auto-estima.
Não estou fazendo psicologia de botequim. Estou falando de uma atitude que vale para as empresas, que tentam construir uma identidade corporativa junto a seus colaboradores; vale para governos e entidades da sociedade civil organizada que contribuem para a criação das identidades nacionais; vale para pais e professores e todos aqueles que lidam com crianças e jovens; vale para nós como consumidores, quando optamos por pagar mais por um produto pela exclusão social que aquele preço impõe para nos diferenciarmos...
É preciso ter consciência e cuidado com o que se esconde por trás do legítimo direito de querer ser melhor. Só isso.
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