Quando o assunto é água, temos que ir para o campo, pois 70% da água potável do mundo é usada em práticas de irrigação muitas vezes antigas e pouco eficientes. A Revolução Verde dos anos 60 teve o benefício de quase triplicar a produção global de grãos, o que é sempre uma boa notícia, pois precisamos, sim, eliminar a fome. Porém ela trouxe custos ambientais sérios que não podem ser ignorados. Pelo contrário: graças a investimentos públicos e privados, hoje o mundo dispõe de uma pujante rede de pesquisas no setor agrícola. Ora, por que não acioná-la para desenvolver melhores soluções para o uso da água?
Porque a Revolução Verde foi embasada no princípio do mais-mais: mais insumos, mais produção, mais máquinas, mais produção. Por consequência, o consumo de água na agricultura elevou-se drasticamente nesses últimos 50 anos. Ampliar as colheitas sem elevar o consumo da água deveria ser um assunto tão presente na mente dos produtores e de sua padroeira, Kátia Abreu, como tem sido o Código Florestal. Afinal, todos eles sabem que, sem água, as plantas secam. E é sem água que poderemos ficar se esse nível de desperdício continuar. Não custa lembrar que já existem alternativas economicamente viáveis para aproveitamento de água da chuva, no caso de pequenas propriedades, e microirrigação, para as mais variadas extensões de terra. Aliás, nada mais inspirador nesse sentido do que uma viagem para Israel: ver o deserto convertido em lavoura pela ação de meras gotas de água chega a parecer um milagre. Mas como dizia a Feiticeira, não se trata de feitiçaria, é pura tecnologia. Que, infelizmente, não tem encontrado adesão em outros países.
A tão cantada produtividade da agricultura esconde sérias ineficácias: está na hora de cobrar melhorias no uso dos insumos, a começar pela água.
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