Rio+20: a voz e a vez das pessoas


Pedro Telles, Luís Flores, Severn Suzuki,
Wael Hmaida, Rubens Born, Sharan Burrow, Kumi Naidoo eCamilla Toulmin

O fracasso da Rio+20 levou um grupo de notáveis a se manifestar individualmente, como pessoas, para além das bandeiras que seus movimentos representam. O resultado foi emocionante e passa uma mensagem de indignação e de esperança à sociedade.


“Não vamos desistir. Não vamos perder a esperança. Vamos continuar juntos e esperamos que esses lideres e negociadores se juntem a nós por mudanças concretas.”  Com estas palavras, Pedro Telles, um dos jovens que participou do projeto Youngers+Elders, resumiu o sentimento que levou líderes dos mais variados segmentos da sociedade civil – trabalhadores, comunidades indígenas, cientistas, setor privado, ambientalistas dos cinco continentes – a lançar na véspera do encerramento da Rio+20 uma carta aberta de repúdio ao documento O Futuro Que Queremos.  Em uma manifestação espontânea e pacífica, Severn Suzuki (a menina que, há 20 anos, fez um emocionante apelo aos chefes de Estado reunidos na Rio92), Luis Flores, Wael Hmaida, Sharan Burrow, Kumi Naidoo, Rubens Born, Fabian Cousteau e Camilla Toulmin representaram mais de 50 nomes de todo o mundo que já subscreveram a carta A Rio+20 Que Não Queremos” (clique aqui para ver o texto e a relação de signatários).
  
“Se esta declaração sair, vai ser a prova da falha do sistema de governança mundial.  O que significa quando lideres mundiais se juntam e não podem trabalhar para o bem da humanidade?”, indagou Severn Suzuki.  “Um processo sem metas, datas e inclusão da sociedade é inadmissível”, completou Sharan Burrow.  “Depois de quatro anos de crises econômicas, quero que nossos lideres nos liderem para uma nova economia.  Uma economia que seja baseada em novos valores e não em cima de uma dívida econômica e ecológica.  Tem que ser construída para benefício de muitos e não de poucos”, completou Camila Toullmin.

Wael Hmaidan, que representou as ONGs na sessão de abertura da parte oficial da Rio+20 e pediu a retirada da expressão que declara ter havido “ampla participação” da sociedade civil na produção do documento, lembrou o que ele aprendeu com a Primavera Árabe:  “A persistência faz a diferença”.

Kumi Naidoo também reforçou que a iniciativa de protestar contra o fracasso da Rio+20 foi deflagrada pela esperança: “Gandhi disse que primeiro eles te ignoram, depois riem na tua cara, depois lutam contra você e aí você ganha. Eles não estão nos ignorando, não estão rindo de nós: eles estão lutando contra nós, o que quer dizer que estamos prestes a ganhar”, concluiu.

“Esta é uma iniciativa de indivíduos de diferentes origens e segmentos, que vieram aqui se manifestar contra o resultado da conferência”, declarou Rubens Born na abertura do evento, que lotou uma das plenárias do pavilhão reservado aos Major Groups.  “É nosso dever, como cidadãos de nossos países e do planeta, expressar nossa indignação – uma indignação legítima e que não foi capturada e não está refletida na agenda oficial.  Porque a cada fracasso comprometemos o tempo e as opções para realizar a transição para um modo de vida sustentável”, completa.  

Se você também quer fazer parte desta iniciativa, mande seu nome para comunicacao@vitaecivilis.org.br  
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