O impacto ambiental de um computador

Você sabia que a produção de um desktop comum, que pesa meros 10 kg, consome 1 tonelada e meia de água + 2 toneladas de recursos da crosta terrestre?

E você sabia que hoje, segundo a ONU, existem 700 milhões de computadores obsoletos no mundo?

Basta fazer as contas para chegar à conclusão de que a cadeia produtiva da computação jogou literalmente no lixo 1,4 bilhão de toneladas de recursos terrestres + 1 bilhão de toneladas de água!

Em termos ecológicos, isso é um desastre. Em termos econômicos, isso é um enorme desperdício. Em termos sociais, isso é injusto, pois essa situação leva a uma nova etapa de trabalho que será paga pela sociedade (na forma de impostos para financiar a reciclagem ou para gerir o descarte dessa montanha de lixo).

Se pelo tripple bottom line (*) a forma como a indústria de computadores gerencia o ciclo de vida de seu produto não é sustentável, do ponto de vista da perenidade do negócio é quase uma atitude suicida: conforme noticiou a edição de abril deste ano da Superinteressante (eu AMO essa revista!), diversos dos materiais utilizados pela indústria de eletrônicos está com os dias, quer dizer, com os anos contados. Contados entre 4 e 57 anos, para ser mais exata.

Surpreende, portanto, que TODA a cadeia da indústria eletrônica não esteja empenhada em mecanismos de logística reversa (recolhimento dos produtos pelos fabricantes para uma correta destinação após sua vida útil) e reciclagem, mesmo não havendo marco regulatório para isso aqui no Brasil. Em outros países, no entanto, tal procedimento é a regra: tanto que fabricantes multinacionais, como Dell e HP, já oferecem essa possibilidade em nosso país. Pense nisso, na próxima vez que comprar um computador.

E nesta área, ninguém precisa reinventar a roda: basta consultar a Swiss e-Waste Competence http://www.e-waste.ch/ para checar como isso pode ser feito! A informação é pública e gratuita.

Empreendedores: esta é uma área promissora de negócios, pois certamente a procura pelos metais reciclados (e, por conseqüência, sua cotação) tende a subir nos próximos anos, em virtude da crescente escassez de matéria prima. Será que é por isso que a China está tão aberta a receber o lixo eletrônico de outros países? Afinal, boa parte dos fabricantes de componentes que abastecem todo o mundo está lá...

(*) Tripple bottom line, ou People, Planet, Profit são os resultados de uma empresa medidos em termos sociais, ambientais e econômicos.

Bem vindo ao século XXI

Me perdoe caso você já conheça este vídeo. Eu não o conhecia e fiquei impressionada com a forma simples como eles mostram um mundo em mutação.

Toda a discussão sobre sustentabilidade se dará com este pano de fundo. Por isso é que não dá para deixar o chamado "mundo virtual" de fora.

Aliás, para muitas pessoas, a diferença entre o real e o virtual já nem é perceptível. Porque a internet já faz parte das nossas vidas.

Bem vindo(a) ao Século XXI!


O que fazer depois da Hora do Planeta

Será que você conseguiria plantar uma árvore até o dia 22 de abril deste ano? Este é o desafio proposto pelo Movimento Natureza (http://movimento-natureza.blogspot.com/). A data-limite é o Dia do Descobrimento do Brasil, que simbolicamente marca o início da destruição da cobertura verde do País.

Se você gostou da idéia, mãos à obra: o primeiro passo é decidir onde ela será plantada. E aqui começam os problemas. Tem muita gente que mora em apartamento e não dá para plantar árvore dentro do apartamento (mas dá para fazer uma horta – veja a dica em http://ascendidamente.blogspot.com/2009/03/como-ter-uma-horta-em-casa.html). Mas será que conversando com o síndico não seria possível fazer uma ação conjunta nas áreas comuns do condomínio? Não custa lembrar que, com mais verde, o imóvel certamente ser valorizará.

O bairro onde você mora ou trabalha também se valorizará se você optar por plantar uma árvore na rua (preferencialmente do lado livre de postes e fios, para evitar acidentes em dias de muito vento e chuva), em uma praça ou parque. Se você tem filhos na escola, pode conversar com outros pais e mães e sugerir uma ação conjunta de plantio, que teria o duplo benefício de educar a garotada e, ao mesmo tempo, contribuir com a captura de CO2 da atmosfera.

Superado o primeiro obstáculo, vem a segunda dúvida: o que plantar? Uma boa opção é entrar no site da Secretaria do Meio Ambiente do seu município e checar os estoques disponíveis nos viveiros municipais para arborização urbana. No caso de São Paulo, o endereço é http://portal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/meio_ambiente/estoques_dos_viveiros/0001. Mas você também poderá escolher uma espécie frutífera, facilmente encontrada em lojas de jardinagem e barracas de plantas nas feiras livres, e ajudar a alimentar a população de pássaros de sua cidade.

Pronto! Você já sabe o que e onde plantar. Agora, decida quando fazer isso. Acompanhe a previsão do tempo e escolha dias de temperaturas mais amenas, para que a muda não estorrique debaixo do brasileiríssimo sol tropical. Aproveite e convide amigos e a família para acompanhá-lo(a) no plantio – e na comemoração que você certamente fará depois! Afinal, se precisamos plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho na vida, pelo menos uma das etapas você já terá cumprido!

Por fim, entre agora no blog do movimento e confirme sua participação! Lá, você também encontrará dicas de como divulgar a idéia.

E lembre-se: se puder, acompanhe a fase inicial de crescimento da sua árvore para assegurar que ela “vai para a frente”. Gestos simples, como um pouco de água na estação seca, ou um pouco de adubo uma vez ao ano, fazem uma diferença enorme no desenvolvimento das plantas.

Resultados da Hora do Planeta

A WWF informou que 4000 cidades em 88 países aderiram ao movimento Hora do Planeta, numa clara demonstração de que a sociedade quer soluções efetivas para o embroglio climático criado pela atual matriz energética de nossa economia.

Confira as imagens do que rolou no mundo todo no endereço

http://www.flickr.com/photos/earthhour_global/sets/72157615780247025/show/

A Petrobras e a sustentabilidade

Uma amiga me perguntou: você acha a Petrobras sustentável? Você acha que a empresa é percebida como sustentável?

Tricky question... Porque apesar de "tudo" o que a Petrobras faz, ela não é tão sustentável assim...

1) Primeiro porque seu core business não é sustentável do ponto de vista econômico (trabalha com reservas finitas no médio prazo) e ambiental (é diretamente responsável pelo efeito estufa).

2) Segundo, porque sua estratégia de negócio não está migrando para matrizes energéticas renováveis: basta ver seu relatório anual para perceber que boa parte dos investimentos e do foco da empresa permanecem em fontes que geram CO2: petróleo, gás e biodiesel (que, apesar de renovável, continua emitindo o principal causador do efeito estufa).

3) Terceiro, porque não melhora a qualidade ambiental de seus produtos. Vide o embroglio deste ano sobre a composição do diesel.

Ou seja, temos aqui uma boa candidata a Top Ten Greenwashing no Brasil.

Então por que a maioria das pessoas acha que a Petrobras está ficando sustentável (mesmo se lembrando dos acidentes ambientais provocados pela empresa há alguns anos)?

Porque imagem é um assunto complexo. Ela varia de acordo com a experiência que um determinado público tem com a marca. Por experiência quero dizer tanto a informação que chega como a experimentação direta (por uso, por trabalhar/viver perto da empresa etc.). E a "experiência Petrobras" varia muito.

Para a maior parte da população brasileira, certamente há uma imagem positiva porque a "experiência direta" restringe-se às ações de publicidade (sempre positivas, obviamente) e à Distribuidora BR, que não cheira nem fede.

Para uma parcela significativa de formadores de opinião (artistas, esportistas, ONGs, entidades), a "experiência Petrobras" muitas vezes está incorporada dentro das práticas de mecenato da corporação - e é por ela influenciada.

Apenas para a pequena parcela que tem acesso ao conceito de sustentabilidade e que está sensibilizada e comprometida com o tema é que os matizes mais escuros da marca se tornam evidentes.

Ou seja, se não houver investimento em educação e informação sobre o tema para toda a sociedade, aqueles que efetivamente investem em sustentabilidade não terão os devidos dividendos em imagem.

Sem isso, será que se sentirão incentivadas a manter a guinada de estratégias de negócio nessa direção?
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P.S.: Estou usando o recurso "editar postagens" para incluir neste texto a informação de que hoje, 31/03/09, durante uma palestra sobre sustentabilidade na BSP (Business School São Paulo, pertencente à Anhembi Morumbi), rolou o maior pau sobre este assunto. Porque na sessão de perguntas & respostas alguém na platéia resolveu questionar a sustentabilidade da Petrobras. Só que tinha um representante da empresa, que resolveu sair na defesa da corporação. Resultado: a Petrobras foi duramente criticada por representantes do mercado financeiro, engenheiros, físicos etc. Os organizadores do evento ficaram de levar alguém da Petrobras lá para explicar o que a empresa faz nessa seara. A conferir!

O be-a-bá dos Relatórios de Sustentabilidade

A tendência já está consolidada: basta ver os Relatórios Anuais das grandes empresas de capital aberto ou fechado, nacionais ou multis, para perceber que ele se transformou em um Relatório de Sustentabilidade. Mas se a contabilidade financeira já tem uma história de quase 200 anos, reportar sustentabilidade é uma tarefa recente, de não mais de uma década. Nesse período, a atividade ganhou várias normatizações – Ibase, GRI – mas o desafio continua: como reportar?

Em primeiro lugar, é preciso definir qual será a metodologia que orientará a produção do material. A pesquisa Count Me In, da consultoria KPMG (http://www.globalreporting.org/NR/rdonlyres/3F57ACC8-60D0-48F0-AF28-527F85A2A4B4/0/CountMeIn.pdf), mostra ainda que 90% dos leitores de relatórios veem com bons olhos a adoção de metodologias padronizadas de relato, sendo que a GRI G3, da Global Reporting Initiative, foi a melhor avaliada (brochuras em português podem ser baixadas do site da entidade: http://www.globalreporting.org/Home/LanguageBar/PortugueseLanguagePage.htm.

Ao analisar detalhadamente as vertentes econômica, social e ambiental de um negócio, a GRI produziu um material bastante complexo, porém inexeqüível em sua totalidade – inclusive porque a natureza dos negócios varia bastante, portanto nem todos os indicadores são aplicáveis a todo mundo. No entanto, para algumas atividades a GRI tem indicadores setoriais complementares às normas gerais, que devem ser integrados à produção do material.

Definida a metodologia, vem a segunda etapa: escolher o que fará parte do relatório e o que ficará de fora. E, ainda, hierarquizar as informações.

Nessa hora, é importante lembrar que embora seja um excelente instrumento para que os gestores tomem conhecimento do que acontece na empresa, o relatório tem por alvo seus públicos externos: mercado financeiro, governo, imprensa, clientes, fornecedores, formadores de opinião etc. Não por acaso, a metodologia GRI recomenda que as informações em um relatório deverão cobrir temas e indicadores que reflitam os impactos econômicos, ambientais e sociais significativos da organização ou possam influenciar de forma substancial as avaliações e decisões dos stakeholders. Perguntar-lhes o que eles consideram importante, sobre o que gostariam de ler e o que consideram dispensável é, portanto, o melhor ponto de partida.

À percepção externa – que pode ser captada via “n” canais, como painéis de stakeholders, clipping, SAC etc. – deve-se somar a percepção interna e dos gestores sobre o que é relevante. O cruzamento desses dois vetores vai gerar uma matriz de materialidade que permitirá à equipe responsável pelo relatório discriminar o que será relatado ou não.

Aqui, outra dúvida geralmente ocorre: os fracassos, as perdas e os erros devem ser relatados? Neste ponto, não há consenso: a empresa sente que se incluir informações negativas, abalará sua imagem. Os públicos externos, por sua vez, consideram a falta de auto-crítica e de informações negativas como indício de pouca credibilidade do material. Essa discordância foi evidenciada pela pesquisa Count Me In, que apontou que os leitores de relatórios anuais sentem falta de informações sobre o que deu de errado na vida da empresa no período relatado. Trata-se de uma questão importante pois, para os públicos externos, essa atitude é percebida como prova de transparência e compromisso com a melhora. E de veracidade, pois eles acham impossível não dar nada errado na vida de uma empresa em 12 meses!

Assumido o duro risco de falar de tudo o que é importante, inclusive o que deu errado (espera-se!), vem o desafio seguinte: criar métricas objetivas e comprováveis. Os indicadores financeiros têm uma vantagem natural, pois são métricas tangíveis fundamentadas em inúmeras normas e regulamentos. Graças ao avanço da legislação e normatizações voluntárias, na parte ambiental também já existem indicadores objetivos e parâmetros oficiais para análise. Mas, e quando o assunto a ser mensurado é o social? Como avaliar o impacto ou o benefício? Como esta é a mais jovem dimensão da sustentabilidade a buscar métricas, é importante buscar consultoria externa - não por acaso, uma das recomendações do GRI para todas as mensurações.

Vale lembrar ainda que o relato das informações ambientais e sociais exige um período mais longo de apuração, avaliação e validação do que o exigido para os dados financeiros. Portanto, o prazo de produção de um relatório de sustentabilidade não é o mesmo de um relatório anual. Jogue fora aquele cronograma!

Por fim, qual formato adotar? Porque a impressão em papel não é mais a única opção. Com o crescimento do acesso à internet por parte dos stakeholders, surgiu a tendência de se combinar relatórios mais sintéticos em papel com versões estendidas na web. Ainda assim, são relatórios de 50 a 70 páginas que evidenciam que a síntese é um desafio tão grande como todos os demais relatados neste texto.

Mais recentemente, algumas empresas, como o Banco do Brasil (http://www.bb.com.br/), deixaram de oferecer uma versão impressa, concentrando recursos no material de internet, que incorporou vídeos e gráficos animados que facilitam a compreensão. Como estamos em fase de transição e uma boa parcela dos stakeholders ainda se considera mais analógico que digital, convém prever recursos para uma pequena tiragem impressa. Nessa hora, não se esqueça: o papel certificado é ambientalmente mais correto que o reciclado.

20 anos do Exxon Valdez

Hoje, 24 de março, completam-se 20 anos desde o acidente com o petroleiro Exxon Valdez, no Alasca. Boa parte da cobertura de imprensa foi direcionada para as lições aprendidas e não aprendidas com o acidente. Confira as principais conclusões:

1) A principal, mais grave e preocupante conclusão é que a toxicidade da região permanece alta, mesmo após 20 anos de trabalhos de recuperação. O monitoramento do solo e da água indica que os níveis de toxicidade resultante de alguns componentes do petróleo - especialmente hidrocarbonetos policíclos aromáticos, moléculas carcinogências que se ligam à gordura e, consequentemente, não se dissolvem na água - estão em níveis de toxicidade centenas, em alguns casos milhares de vezes abaixo do esperado. Ao contrário do que os cientistas previram inicialmente, será necessário mais que UM SÉCULO para o meio ambiente superar a contaminação do óleo.

2) Esse dado é particularmente preocupante, uma vez que apenas nos EUA uma quantidade seis vezes maior do que vazou do Exxon Valdez é jogada a cada ano no meio ambiente por meio de pequenos vazamentos em empresas e veículos que utilizam óleo. Sabe aquele óleo que caiu no chão e foi parar na boca de lobo, quando você foi trocar o óleo do garro no posto de gasolina? Pois é...

3) Apesar de todas as evidências sobre a fragilidade do ecossistema ártico (incluindo o fato de que algumas espécies de peixes afetadas pelo desastre não se recuperaram até hoje), os planos para exploração de petróleo na região, incluindo o Alasca, continuam (com todo o lobby das cias. petroleiras e o apoio da governadora Sarah Palim, a Barbie Caribu).

4) Uma boa notícia: o cruzamento dos dados de acidentes nos últimos 20 anos versus a quantidade de petróleo transportada indicam que essa atividade se tornou mais segura com a adoção de tanques com duplo revestimento. Atualmente, 79% da frota mundial de petroleiros adota esse modelo. Esta parece ter sido uma lição aprendida por todos, exceto...

5) A Exxon continua irresponsável: de acordo com a Bloomberg, ela ainda usa tanques de revestimento único (cujo banimento total está previsto para 2015, graças a um acordo de 151 países), correndo um risco acima da média de incorrer em outro grande acidente ambiental.

Abaixo, um vídeo produzido pela WWF sobre a atual situação na região do acidente.

E-mail com causa

Uma forma simples de apoiar uma causa: entre no Replyforall (http://www.replyforall.com/), escolha o tema com o qual você mais se identifica, selecione a entidade que você quer apoiar, digite seu email e pronto! Você terá um banner na sua assinatura de email.
Só isso?

Não! A sacada desses caras foi criar uma nova mídia: cada banner vem com uma mensagem de um patrocinador - empresas como V irgin Mobile, The Body Shop e Liberty Mutual, que doam à entidade escolhida cada vez que um novo banner é gerado (ou seja, cada vez que você manda um email). Entre as entidades que podem ser beneficiadas com sua troca de emails estão o Wildlife Trust e ClimateCounts.org. O serviço está disponível para Gmail, Yahoo e Hotmail e é totalmente gratuito.

Não são muitas as entidades, nem os patrocinadores – a iniciativa está claramente no começo. Mas é uma bela sacada de marketing!

Energia solar no PAC da habitação

O Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, declarou que o recém-anunciado Plano Nacional de Habitação - que pretende construir um milhão de casas para famílias com renda até seis salários mínimos - incorporará técnicas ambientalmente sustentáveis, como o uso da energia solar para os chuveiros. Se realmente se tornar realidade, essa iniciativa terá impactos positivos do ponto de vista social e ambiental. Social, ao reduzir a pressão da conta de luz no final do mês para uma faixa menos favorecida da população. Ambiental, por se tratar de uma energia limpa.

Além de limpa, a energia solar pode ser econômicamente viável. Israel e Chipre já disseminaram seu uso com resultados bastante animadores. O uso da energia solar em Israel data praticamente da época da criação daquele Estado nacional; o primeiro aquecedor solar foi desenvolvido em 1950 com o objetivo de contornar a escassez de fontes de energia no país. Já em 1967, uma em cada 20 casas o utilizava. Um novo modelo, mais eficiente, seria concebido nos anos 70, simultaneamente à primeira crise mundial do petróleo. É ele que encontramos hoje em 90% dos domicílios israelenses.

Em 1980, o parlamento israelense (Knesset) aprovou uma lei que exige a instalação de aquecedores solares em todas as casas novas. No início dos anos 90, foi a vez dos prédios residenciais. Resultado: hoje Israel é o líder mundial per capita na utilização de energia solar, que responde por 4% do total da demanda por energia naquele país, evitando o consumo de 2 milhões de barris de petróleo por ano e a um custo quase competitivo com o dos combustíveis fósseis.

Esses números devem crescer nos próximos anos, já que no ano passado a Autoridade de Utilidade Pública de Israel aprovou uma tarifa incentivada para geradores solares domésticos e e comerciais (de, no máximo, 15 kWp e 50 kWp, respectivamente) e o Ministério de Nacional da Infraestrutura anunciou que levaria a iniciativa para usinas de energia solar de médio porte (de 50 KW até 5 MW). Simultaneamente, o Banco Hapoalim (o maior de Israel) anunciou uma linha de crédito especial de 10 anos para investimentos nesse setor.

CO2 democrata versus CO2 republicano

Em julho de 2008, sob a administração Bush, o então responsável pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, sigla para Environmental Protection Agency), Stephen Johnson, rejeitou as recomendações de sua equipe técnica e anunciou que a instituição continuaria com a consulta pública para descobrir se o aquecimento global realmente representava alguma ameaça à população.

Sob a administração Obama, a agência descobre que não precisa de mais evidências e envia à Casa Branca na última sexta-feira uma proposta na qual declara que o CO2 prejudica a o bem estar e a saúde da população.

As duas ações foram feitas em resposta a uma decisão da Suprema Corte norte-americana, que ordenou ao EPA esclarecer se o dióxido de carbono e outros gases do efeito estufa deveriam ser regulados no Clear Air Act (Ato do Ar Limpo) - o marco regulatório que pode limitar essas emissões nos EUA.

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Essa historinha é para ilustrar que não existe ciência neutra. Todo estudo pode ser usado para uma ou outra finalidade econômica ou política.

E para lembrar que se a sociedade civil não se manifestar, ficaremos à reboque dos interesses econômicos.

E para perguntar: o seu interesse é o mesmo da General Motors? Ou da Shell? Pense nisso na próxima vez que você estiver preso no trânsito. Ou quando inalar fumaça saindo de algum escapamento de caminhão...

Selo pela boa gestão da água

As empresas que utilizam recursos florestais de maneira sustentável podem comunicar isso ao mercado por meio do selo do FSC-Forest Stewardship Counsel. Em breve, quem tiver programas responsáveis de gestão da água poderá usar o selo da AWS - Alliance for Water Stewardship, entidade criada esta semana a partir da união de The Nature Conservancy, World Wildlife Fund (WWF), The Pacific Institute, The Water Stewardship Iniciative of Australia, Water Witness e The Water Environment Federation (http://www.allianceforwaterstewardship.org).

O objetivo da entidade é estabelecer parâmetros básicos para programas de gerenciamento de água em todo o mundo que permitam estabelecer uma certificação para as atuais e novas iniciativas de gestão da água de empresas e governos. A idéia é utilizar um padrão de certificação semelhante ao empregado pelo FSC, ou seja, que possa ser utilizado na comunicação com consumidores de forma tanto a sensibilizá-los sobre o tema, como a dar uma garantia sobre a qualidade do produto / serviço adquirido.

Com a crescente escassez da água, este selo tende a se tornar um importante ativo de imagem.

Hora do Planeta: 28 de março de 2009, das 20h30 às 21h30

A Hora do Planeta é uma iniciativa global da Rede WWF que pretende levar pessoas, empresas e governos a apagar suas luzes entre 20h30 e 21h30 no sábado, 28 de março de 2009. O objetivo é engajar 1 bilhão de pessoas em mil cidade para mostrar o apoio da população ao combate ao aquecimento global.

A estratégia de divulgação do WWF é fundamentada na internet. Isso significa site + presença em mídias sociais como orkut, Twitter, Flickr, Youtube e Facebook. Mas o legal é perceber como o WWF está seguindo, dentro do universo digital, as etapas necessárias ao envolvimento dos públicos-alvo em um processo de mudança adaptativa (ver http://ascendidamente.blogspot.com/2009/03/mudancas-tecnicas-versus-mudancas.html), a saber:

* Avaliar a questão;

* Vislumbrar uma solução;

* Informar os públicos;

* Engajar stakeholders;

* Integrar interesses;

* Compartilhar recursos;

* Inspirar a ação.

Na prática, essa abordagem se traduz pelo uso do site (http://www.horadoplaneta.org.br/) não só como instrumento de informação, mas também como ferramenta de mobilização. Lá, é possível baixar kits ensinando como participar da divulgação da campanha. Detalhe: são kits personalizados, de acordo com o público ao qual se dirigem (cidadãos, empresas, poder público e mídia). Consequentemente, as ações sugeridas e os materiais oferecidos são diferentes, de acordo com o público (por ex.: anúncios, para mídia, e assinaturas de email, para cidadãos - nem preciso dizer que foi uma assinatura no email de uma amiga que me levou a tomar conhecimento da campanha).

A contagem regressiva começou: vamos ver como a sociedade reage a esta campanha - que pode servir de benchmark para empresas e ONGs que queiram falar de sustentabilidade.



A horta dos Obama

E eis que Michelle Obama planta uma horta orgânica nos jardins da Casa Branca!

FANTÁSTICO!

Ter alguma planta em casa ou no trabalho faz parte da realidade de muitas pessoas, independente da classe social a que pertencem, ou a região onde moram. Mas geralmente as plantas são escolhidas por sua função decorativa.

Se trocá-las por plantas comestíveis, você:

1) terá acesso a um produto orgânico;

2) economizará $$;

3) reduzirá a emissão de carbono (porque certamente algum combustível fóssil foi queimado para levar aquele alimento até o supermercado/varejão e, de lá, até sua casa);

4) reduzirá o descarte de embalagens.

Nessa troca, vale tudo: pode ser um tempero, como cheiro verde, ou um chá, como cidreira...

Sim, o impacto em escala individual é pequeno. Mas se 10% dos 200 milhões de habitantes do Brasil deixarem de usar sacolinha plástica para trazer cheiro verde para casa, deixaremos de descartar 20 milhões de unidades! Isso em um único ato de consumo: deixo para você calcular quantas vezes por ano uma pessoa compra cheiro verde! risos!

Este é um pequeno exemplo de mudança adaptativa para fazer frente a necessidades que as mudanças técnicas não conseguem atender (ver http://ascendidamente.blogspot.com/2009/03/mudancas-tecnicas-versus-mudancas.html).

Como ter uma horta em casa

Parabéns!

Você está pensando em plantar algum alimento no lugar daquela bromélia insossa (que, diga-se de passagem, devia estar na Mata Atlântica, seu habitat natural), mas não sabe por onde começar. Confira abaixo algumas dicas que podem ajudá-lo(a) nessa nova carreira de micro-agricultor:

1 – Se você não tem tempo, não opte por uma espécie que precisa ser regada todo dia! Pesquise na internet (ou com amigos, ou com a dona da barraca de plantas da feira) de quais cuidados a planta precisa.

2 – Escolha um alimento que você gosta! Não adianta plantar repolho se vc não suporta nem o cheiro!

3 – Invista na compostagem do seu lixo orgânico para adubar suas plantas! Em http://www.planetaorganico.com.br/composto2.htm você encontra o passo-a-passo para fazer seu próprio adubo.

4 – Comece pequeno! Mas se descobrir que tem o dedo verde, poderá optar por uma horta, como fez a primeira dama dos EUA.

Mudanças técnicas versus mudanças adaptativas

Hoje foi o último dia do curso sobre Relatórios GRI (Global Reporting Initiative) realizado pela ABERJE - Associação Brasileira de Comunicação Empresarial. Entre os materiais recebidos pelos participantes, estava a tradução de um artigo de Ernst Ligteringen, Presidente da (GRI), no qual ele lembra a distinção entre lideranças técnicas e mudanças adaptativas feita por Ronald Heifetz no livro "Liderança sem Respostas Fáceis".

Segundo ele, mudança técnica "é a aplicação dos conhecimentos, habilidades e ferramentas atuais para resolver uma dada situação. È o campo natural dos especialistas. Os técnicos são especialistas, e nossa experiência coletiva nos dá a segurança para confiar que eles encontrarão a melhor solução".

A mudança adaptativa, por sua vez, "é necessária quando um problema não pode ser resolvido com as habilidades e conhecimentos existentes, e quando a solução exige que as pessoas modifiquem seus valores, expectativas, atitudes ou comportamentos habituais."

"Ainda que ambas as mudanças possam trazer inovações, a diferença entre elas se assemelha à diferença entre os avanços tecnológicos que permitiram ao homem alcançar a lua e os avanços sociopolíticos que fundamentaram os grandes movimentos do século passado – direitos trabalhistas, anticolonialismo, direitos civis e direitos femininos. Não há arcabouço histórico que permita compreender a natureza exata do problema e suas conseqüências ou identificar quem poderia desenvolver a melhor solução. Em vez disso, as soluções requerem o envolvimento das pessoas, e não há como confiar nos especialistas antes de termos nos envolvido intensamente para descobrir, por nós mesmos, a natureza do problema e suas conseqüências.

Um problema globalmente compartilhado, como é o caso da sustentabilidade do planeta, exige mudanças adaptativas em atitudes, valores, conhecimento, habilidades e ferramentas, em todas as sociedades e economias. "

[1] N. T. ‘Leadership without Easy Answers’ no original em inglês.

Aberje realiza curso sobre Relatórios GRI

A ABERJE-Associação Brasileira de Comunicação Empresarial está realizando em São Paulo seminário sobre a metodologia GRI (Global Reporting Initiative) para relatórios de sustentabilidade. O evento, que continua nesta sexta, conta com a presença de profissionais de empresas e agências de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Pernambuco.

Sempre é bom ter a oportunidade de receber um treinamento presencial e trocar idéias com outros profissionais envolvidos com o tema. Mas é igualmente bacana saber que a GRI criou um um micro-website em português com informações sobre a entidade, suas atividades, histórico - e vários manuais disponíveis para download gratuito. O endereço é http://www.globalreporting.org/Home/LanguageBar/PortugueseLanguagePage.htmm

O curso da ABERJE acontece menos de uma semana após o Conselho da Global Reporting Initiative ter lançado a Declaração de Amsterdã sobre Transparência e Relatórios - na qual apela a governos de todo o mundo que incentivem a prática de relatórios de sustentabilidade. Por coincidência (ou sincronicidade), entre os treinandos da ABERJE há representantes da esfera governamental!
Conheça a seguir a íntegra da Declaração:
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Declaração de Amsterdã sobre Transparência e Relatórios


O Conselho da Global Reporting Initiative (GRI)* declara que o sistema de relatos corporativos existente falhou em seus objetivos. Ao mesmo tempo em que reconhecemos que alguns governos têm demonstrado liderança na divulgação da sustentabilidade corporativa, conclamamos todos os governos a intensificar e fortalecer o sistema global de relatórios de sustentabilidade. Em especial, as premissas referentes à adequação do relato voluntário devem ser revistas.
Nós, do Conselho da GRI, concluímos que:
  • As principais causas da atual crise econômica teriam sido amenizadas por um sistema global de transparência e prestação de contas baseado no exercício da diligência e no relato do desempenho ambiental, social e de governança (ESG)**.

  • A profunda perda de confiança nas principais instituições será mais bem resolvida por meio da adoção de uma estrutura global de relatórios que aumente a transparência e esteja fundamentada no interesse legítimo de todos os principais setores da sociedade.

  • Um sistema econômico revitalizado e sólido somente será sustentável se prestar contas da totalidade dos custos e do valor das atividades ambientais, sociais e de governança.
    Portanto, a Diretoria da GRI conclama todos os governos a assumir a liderança da seguinte forma:
    1. Introduzindo uma política que exija que as empresas relatem os fatores ESG ou expliquem publicamente porque não o fazem.
    2. Exigindo o relato ESG por parte dos órgãos públicos, especialmente empresas estatais, fundos de pensão do governo e agências de investimento público.
    3. Integrando o relatório de sustentabilidade na estrutura regulatória financeira global que está sendo desenvolvida pelos líderes do G20.
  • Além disso, advertimos que a atual crise financeira ameaça mascarar a crise de sustentabilidade deste século, a qual representa um risco ainda maior para nossas economias e sociedades.

* O Conselho da Global Reporting Initiative é composto por Mervyn King (presidente), Ignasi Carreras, Kishor A. Chaukar, John Elkington, Denise Esdon, John Evans, Sean Harrigan, Sylvie Lemmet, Ernst R. Ligteringen, Simon Longstaff, Herman Mulder, Kumi Naidoo, Peter Wong e Ricardo Young Silva.


** Também conhecido como relatório “não-financeiro”, “extrafinanceiro” ou “triple bottom line”.

CEO da Global Reporting Initiative (GRI) fala sobre mudanças climáticas

Entrevista de Ernst Ligteringen, CEO da Global Reporting Initiative (GRI), comentando sobre mudanças climáticas - e sobre o quê as empresas podem fazer e como elas podem abordar o tema nos relatórios de sustentabilidade.

Mudanças climáticas podem provocar prejuízos tão grandes como a atual crise financeira

O Tesouro inglês publicou um estudo sobre os impactos na economia da mudança climática (http://www.hm-treasury.gov.uk/stern_review_report.htm). As conclusões são impressionantes: se não fizermos nada, os prejuízos globais provocados pelas mudanças climáticas representarão 5% do PIB mundial a cada ano... para sempre! Sem retorno! E dependendo da evolução dessas mudanças, eles podem atingir 20% do PIB global!

Para se ter uma idéia do que isso significa: estima-se que a atual crise financeira – considerada a pior desde a que foi gerada pelo crack da bolsa de Nova York em 1929 – cortou 30% das riquezas globais.

Ou seja, o prejuízo com o clima pode representar uma crise tão severa quanto a que estamos vivenciando hoje!

Esse mesmo relatório estimou em 1% do PIB mundial os gastos para reduzir a emissão dos gases que provocam o efeito estufa. Ou seja: reverter o atual quadro é muito mais uma questão de vontade política do que de orçamento - o que, pragmaticamente falando, parece ser uma notícia igualmente ruim.

Mudanças climáticas. Ou, se preferir, pode chamar de CUSTO.

Depois do caos provocado hoje pelas chuvas aqui em São Paulo, não dá para falar de outra coisa a não ser a tal da mudança climática. Como os alagamentos e o congestionamento recorde evidenciaram, ela deixou de ser mais um prognóstico incerto dos cientistas para se impor como realidade cotidiana. Pois é da mudança climática que decorrem a alternância entre picos de temperatura, as alterações na velocidade dos ventos e no volume das chuvas.

E quando o assunto é mudança climática, a conversa pode enveredar por inúmeros caminhos. Podemos falar em como o aquecimento global vai reduzir a biodiversidade. Ou na elevação do nível dos mares. Ou em como a Floresta Amazônica será afetada. Mas podemos também falar em contabilidade. Ou melhor: na necessidade de se incluir as mudanças climáticas no orçamento corporativo. Apenas para ficar na chuva de hoje: ela inundou o pátio de carros novos da Ford, aqui em São Paulo, causando danos que exigirão um desembolso da empresa para serem sanados. (http://g1.globo.com/Noticias/Carros/0,,MUL1046870-9658,00-CHUVA+ALAGA+PATIO+DE+CARROS+NOVOS+DE+FABRICA+DA+FORD.html).

Seja na forma de recursos para cobrir acidentes ambientais (nos mesmos moldes dos recursos provisionados para os créditos duvidosos), seja na forma de apólices de seguros mais caras e mais abrangentes, a questão é que as alterações no clima se impõem às empresas como uma realidade financeira que também atende pelo nome de CUSTO.

Se não pelo bom mocismo, será pela necessidade de se manter competitivo em um mundo globalizado que as empresas terão que levar a Sustentabilidade para dentro da gestão e da estratégia de negócios.

Foto: G1

Turismo sustentável - África do Sul

O que a África do Sul fez para que o aproveitamento econômico de seu potencial turístico contribua para a inclusão social e não deteriore o ambiente: este foi o tema do II Seminário sobre Turismo Sustentável, patrocinado pelo Grupo Santander em parceria com o Sebrae e a Embaixada Sul Africana, que aconteceu hoje em São Paulo e será realizado dia 18 em Brasília e dia 20 em Salvador (ver abaixo).

Embora o evento tenha durado um dia inteiro, foi já na primeira palestra, de Naledi Nkula – diretora de Desenvolvimento do Negócio de Turismo do Departamento de Assuntos Ambientais e do Turismo do Governo da África do Sul - que se revelou o pulo do gato. Além da abordagem integrada (econômica-social-ambiental), todas as iniciativas em prol do turismo baseiam-se em parcerias – sejam com outros países (com Espanha, responsável pelo funding de vários projetos), com multinacionais, com micro-empresas locais ou com comunidades.

Desta forma, o órgão governamental transformou-se num catalizador de redes sociais em prol do turismo.

Dentro desse esforço de transformar o turismo em um meio de inclusão social, foi um golaço a autorização inédita que a FIFA deu para que o país incluísse acomodações não-hoteleiras dentro do projeto de recepção aos turistas. Além de permitir um melhor contato com a cultura local, a iniciativa também favorece a inclusão de microempresários do turismo. _________________________________________________

Dia 18/03 (Brasília) – 8h30 às 17h30
SDS – Eixo Monumental – Lote 5 – Ala Oeste
Centro de Convenções Ulysses Guimarães – Brasília-DF
Inscrições gratuitas: gcallcenter@df.sebrae.com.br
Telefone: (61) 3362-1700 e 0800-5700800

Dia 20/03 (Salvador) – 8h30 às 17h30
Centro de Convenções da Bahia - Auditórios Ogum/Oxossi – 4º piso
Av. Simon Bolívar s/nº - Salvador – Bahia

Inscrições gratuitas: contato@mobileprodutora.com.br

Turismo não sustentável - Los Roques, Venezuela

Los Roques é um Parque Nacional (portanto, teoricamente controlado e preservado), composto por cerca de 18 ilhas na costa da Venezuela. O cenário é tipicamente caribenho: água cristalina, com tonalidades do transparente ao azul turquesa, e uma variedade infinita de peixes.

O acesso se dá por avião a partir de Caracas, em um vôo de aproximadamente 30 minutos. Dentro do arquipélago, o transporte entre as ilhas é feito por barqueiros. Como não há estrutura para o receptivo aos turistas nas ilhas, com exceção de duas delas, os barqueiros levam consigo todo o material necessário para o dia de lazer – o qual, depois de usado, se transforma em lixo.

O problema é que não há qualquer orientação, seja ao turista ou ao barqueiro sobre o que fazer com o lixo. Não há um cartaz, um folheto, um alerta qualquer das autoridades. Nenhuma pousada fala com o turista, orienta ou sugere qualquer coisa. Ou seja, a população não tem a menor idéia do que está causando; os empresários locais não se mobilizam ou se preocupam e autoridades nem se dão conta do que ocorre.

Resultado: alguns turistas conscientes trazem o lixo de volta ao local onde estão hospedados. A maioria, não. Os barqueiros tampouco se importam com o lixo que é despejado nas mesmas ilhas cuja beleza lhes garante o sustento.

Ah, sim, existem representantes do poder público lá! Mas raramente eles se afastam da mesa de sinuca, instalada no posto onde trabalham, para percorrer as ilhas e checar o que está acontecendo. E mesmo mediante denúncia de turistas, não tomam qualquer atitude.

As fotos anexas, tiradas por uma brasileira que visitou o arquipélago neste carnaval, ilustram o que a falta de gestão do lixo pode causar ao ecoturismo.
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Fotos e informações de Fátima Turci - http://www.recordnewstv.com.br/home.asp - economiaenegocios@recordnewstv.com.br

Consumo infantil - vídeo recomendado

Não deixem de ver este vídeo sobre publicidade para crianças - especialmente se você tem filhos ou netos:

'Criança, a alma do negócio'
'Criança, a alma do negócio'


É longo, mas cobre todos os aspectos envolvidos com a questão.

Metade da energia consumida no Brasil pode ser produzida pelo vento

Nunca entendi porque o Brasil explora tão pouco seu potencial eólico! Ok, a energia eólica tem suas limitações, sendo o armazenamento a principal delas: o que é produzido tem que entrar imediatamente no sistema. Porém, por seu baixíssimo impacto, ela tende a ser extremamente competitiva no futuro, quando o inventário ambiental das empresas começar a ser melhor detalhado em seus balanços. E quando as chamadas "externalidades" começarem a ser contabilizadas. Afinal, o baixo custo do petróleo não passa de ilusão: se sua conta incluir os gastos com saúde pública e recuperação ambiental, ele deixa de ser tão competitivo como aparenta ser. Fontes de energia que geram CO2 (como carvão, petróleo e gás) ficam mais caras, se seu impacto ambiental for contabilizado.

Mas voltando à energia eólica: minha frustração com a timidez do Brasil nessa seara aumentou ao consultar o Plano Decenal de Energia Elétrica do Ministério das Minas e Energia (http://www.mme.gov.br/site/menu/select_main_menu_item.do?channelId=7622). Nele, achei apenas o relato do que já foi obtido até hoje graças ao Proinfa, o marco regulatório que permitiu o início da exploração de fontes renováveis de energia no Brasil e que está assegurando um crescimento médio de 300 MW/ano. A primeira etapa desse programa de incentivo gerou 54 empreendimentos de energia eólica, totalizando uma potência de 1.493 MW – a maior parte deles, no Nordeste do país, onde se encontram os melhores ventos para a geração de energia elétrica.

E eis que hoje minha, digamos assim, surpresa aumentou depois de acompanhar o simpósio sobre Energias Renováveis, realizado na Ecogerma – Feira de Negócios e Congresso sobre Tecnologias Sustentáveis, em São Paulo pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha. Nele, fui informada que o Brasil tem um potencial eólico de 140 gigawatts. Esse número é 1,4 vezes maior que toda a potência instalada hoje! Tudo bem: tecnicamente, “apenas” 60 gigawatts são viáveis. Ainda assim, são mais de 40% de toda a energia produzida hoje no Brasil atualmente. Dados inéditos? Ninguém sabia? Não: são números oficiais, produzidos pelo Governo Brasileiro – e que podem ser encontrados no Atlas do Potencial Eólico Brasileiro (http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/pdf/06-Energia_Eolica(3).pdf).

Não falta potencial e tampouco falta tecnologia no Brasil: já estão instaladas no Brasil empresas como Telsis, Wobben WindPower, Suzlon, Impsa Wind, Siemens e a Vestas, a líder mundial nesse segmento (ver http://ascendidamente.blogspot.com/2009/03/boeing-e-vestas-fecham-parceria-para.html). Na falta de mercado interno, elas exportam boa parte de sua produção.

Mas falta um programa de longo prazo. A energia eólica é tratada pelo governo dentro do bloco das energias renováveis incentivadas pelo PROINFA. Não tem um projeto específico, apenas iniciativas esparsas – como o leilão, previsto para o segundo semestre deste ano: ainda sem data, sem a quantidade de MW prevista, sem tarifa... e sem perspectiva se este será um leilão isolado, ou se teremos outros.

A energia eólica no mundo

As energias renováveis (biomassa, geotérmica, solar, eólica) respondem hoje por apenas 2% de tudo que é gerado no mundo. Esse percentual deve alcançar 5% em 2020, de acordo com previsões da Siemens, apresentadas hoje no simpósio sobre Energias Renováveis, realizado hoje na Ecogerma – Feira de Negócios e Congresso sobre Tecnologias Sustentáveis, realizada em São Paulo pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha. Desse total, 50% serão gerados pelo vento.

Os mercados de energia eóilca e solar são os de crescimento mais rápido ao redor do planeta: eles devem passar de 14 bilhões de euros/ano em 2000 para 144 bilhões de euros/ano em 2020. E quem está puxando essa expansão são os Estados Unidos – que apenas no ano passado instalaram 6 gigawatts em energia eólica - e os países da região da Ásia/Pacífico, com destaque para a China. Um estudo do HSBC que vaticina uma queda de 20% no mercado de energia eólica este ano tem números ligeiramente distintos (ver em http://ascendidamente.blogspot.com/2009/03/ventos-que-sopram-para-baixo.html). Mas mesmo esse estudo confirma que a queda é circunstancial e que esse mercado deverá se recuperar rapidamente.

E quando o assunto é energia eólica, esqueça os cataventos! Desde 1998 que as turbinas saíram da classe de KW para MW. Hoje, aliás, já está na casa dos 4 MW, no caso das turbinas instaladas em alto mar. Concebidas dentro do modelo de ciclo de vida do produto, elas têm seus mais de 8 mil componentes totalmente recicláveis. E em pouco tempo de uso tornam-se totalmente carbon free: equipamentos de 2 a 3 MW de potência devolvem o CO2 necessário à sua produção em até seis meses de uso.

O que fazer com o lixo?

Lugar de lixo é no lixo: esse senso comum está na raiz de um enorme problema ambiental que afeta as nações urbanizadas em todo o mundo. É para os lixões que vão cerca de 60% das 230 mil toneladas de lixo domiciliar e comercial geradas diariamente no Brasil, segundo os dados do IBGE (2002). Esse padrão, prevalente em vários países ao redor do mundo, começa a ser questionado face a iniciativas bem sucedidas na Comunidade Européia. Aos poucos, vai surgindo o conceito de GESTÃO DO LIXO.

Especialistas do Brasil e da Alemanha reunidosna Ecogerma – Feira de Negócios e Congresso sobre Tecnologias Sustentáveis, realizada em São Paulo pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, foram categóricos: em todas as nações urbanizadas, as soluções baseadas no descarte estão esgotadas e oferecem um risco ambiental concreto. Em outras palavras, não dá mais para contar com os lixões quando o assunto é lixo.

Como o problema é complexo, as soluções devem ser igualmente multifacetadas. Um dos caminhos é a adoção, por parte do setor produtivo, do conceito de Ciclo de Vida do Produto. Isso permite desenvolver produtos e serviços cuja produção tenha menor impacto ambiental e cujo descarte possa ser programado e integrado à cadeia produtiva.

Complementando essa visão, governos e empresas que lidam com a coleta do lixo precisam contar com um amplo cardápio de opções porque cada caso é um caso, dependendo da composição do lixo e das condições ambientais do local de descarte, apenas para citar alguns aspectos técnicos da questão. Esse menu de opções deve conter desde técnicas já conhecidas e até incorporadas por alguns setores da nossa sociedade, como a separação e reciclagem (o que permite não só o reaproveitamento da matéria prima, como também reduz a pressão sobre o transporte de lixo e eleva a vida útil das áreas de descarte), até a compostagem do lixo orgânico.

Mas para que isso funcione, é preciso que haja legislação. Na Europa, já existem leis que regulam o ciclo de vida do produto. A maioria das tecnologias de gestão de lixo está regulamentada. Aqui, a lei não faz sequer menção ao lixo eletrônico! A biorremediação de solos, por exemplo, que é uma verdadeira reciclagem de terras contaminadas, não pode ser usada muitas vezes porque não é reconhecida pela lei. Resultado: não há como determinar, do ponto de vista legal, se a terra pode ou não ser reutilizada, mesmo que os exames técnicos comprovem isso. Para piorar: sem lei, projetos de longo prazo tropeçam e, muitas vezes, caem a cada quatro anos, com as eleições.

Controle dos gases do efeito estufa deve crescer nos EUA

Nesta terça, a Agência de Proteção ao Meio Ambiente dos Estados Unidos propôs regras para o monitoramento da emissão dos gases que provocam o efeito estufa .

Se aprovadas, elas atingirão 13 mil fábricas dos setores de química, petróleo, cimento, aço e ferro, além de automóveis, entre outros setores. E as novas regras irão além do gás carbônico, exigindo também o monitoramento de outros gases, como metano, óxido nítrico e hidrofluorcarbonos.

Com a proposta da EPA (http://www.epa.gov/climatechange/emissions/ghgrulemaking.html), os EUA sinalizam que já estão preparando sua economia para as regras que serão definidas em dezembro deste ano na Conferência do Clima de Copenhagen. Elas valerão a partir de 2012, dando continuidade ao esforço iniciado com o Protocolo de Kyoto para conter o efeito estufa. Pois caso o cronograma de aprovação se cumpra, o primeiro relatório do governo norte-americano sairia em 2011, com dados do ano que vem.

O custo da adaptação

Estima-se para as indústrias norte-americanas um custo de US$ 160 milhões no primeiro ano de validade das novas regras da Agência de Proteção ao M eio Ambiente para monitoramento da emissão dos gases que provocam o efeito estufa, cifra que cairia para US$ 127 milhões no ano seguinte.

Esses números me lembraram de uma declaração que o chairman da Alcoa, Alain Belda, deu à revista Veja (http://veja.abril.com.br/140207/entrevista.shtml ):

“Sai muito mais barato, a longo prazo, antecipar esses investimentos do que deixar para fazer depois, quando a regulamentação do governo entrar em vigor. Não é uma questão de ser bonzinho, mas de ser mais eficiente e entender para onde vai a regulamentação. Em termos econômicos e de antecipação de custo, isso é muito melhor do que correr para consertar o que já foi feito.”

Mensuração, o primeiro passo para a sustentabilidade

A noticia de que a Agência de Proteção ao Meio Ambiente dos EUA propôs regras para medir a emissão dos gases que provocam efeito estufa deve ser comemorada porque mensurar é o primeiro passo para a sustentabilidade.

A base de qualquer programa de sustentabilidade, seja ele público ou privado, é identificar os pontos críticos que precisam ser endereçados e mensurar o estado das coisas. Uma vez conhecido o cenário, estabelecem-se as metas de melhorias, os prazos, as formas de engajamento e treinamento dos envolvidos... Ah, sim, e o orçamento!

Pesquisadores do MIT descobrem novo gás do efeito estufa

Pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology publicaram hoje, 12/03, no Journal of Geophysical Research (http://www.agu.org/journals/jd/) um estudo que mostra que o “sulfuryl fluoride” (me perdoem, mas eu não sei traduzir isso!) tem potencial 4.800 vezes maior para provocar o efeito estufa do que o dióxido de carbono.

A ironia da história é que esse gás passou a ser usado pela indústria para substituir certos usos dos clorofluorcarbonos,no esforço de adaptação às regras estabelecidas em 1987 pelo Protocolo de Montreal, as quais visavam conter a destruição da camada de ozônio na atmosfera.

A pesquisa contou com o apoio da Dow AgroSciences, produtora do gás.

Boeing e Vestas fecham parceria para pesquisas

Na quarta, 11, durante o o Congresso de Mudanças Climáticas, promovido pela Universidade de Copenhagen, na Dinamarca, foi anunciada a parceria entre a Boeing e a Vestas para pesquisas e desenvolvimento tecnológico.

A Boeing, você sabe, produz aviões. A Vestas, por sua vez, é uma das maiores empresas de energia eólica do mundo.

Por parte da Boeing, a iniciativa faz parte do esforço para desenvolver aeronaves que consumam menos combustível (e, por consequencia, emitam menos gases na atmosfera). Para a Vestas, o objetivo é aprimorar o uso do metal necessário à construção dos moinhos de vento - objetivo que a empresa espera obter a partir do acesso ao know-how da Boeing.

Mudanças climáticas aquecem o lobby nos EUA

Que mercado cresceu 300% nos últimos cinco anos? Nos EUA, foi o de lobby em questões relacionadas com o clima, que hoje soma 2.340 profissionais - ou quatro lobistas para cada congressista - segundo pesquisa do Center for Public Integrity (http://www.publicintegrity.org/investigations/climate_change/articles/entry/1171/).

Esse crescimento indica que as mudanças climáticas adquiriram uma importância estratégica na agenda de Washington. Indica, também, que não será fácil mudar as coisas: por trás desse batalhão, estão as empresas de petróleo, carvão e eletricidade e entidades como a Câmara Americana de Comércio e a Associação Nacional de Manufaturas.

O orçamento dessa moçada também apresenta números impressionantes. Segundo o Center for Public Integrity, 95% dos lobistas em Washington não trabalham em regime de exclusividade. Porém cerca de 130 empresas e grupos de interesse financiaram lobistas dedicados exclusivamente ao tema, que gastaram US$ 23,5 milhões apenas em 2008.

Empresas no lobby pela mudança

Quebrando o senso comum, existem empresas que estão financiando um lobby “verde”: a legislação cap and trade conta hoje com o apoio de gigantes como Alcoa, Johnson & Johnson, General Electric e Dupont, segundo o Pew Center on Global Climate Change, que está trabalhando para formar alianças entre empresas e ambientalistas.

O uso político da incerteza

Hoje, durante o primeiro dia do Congresso de Mudanças Climáticas promovido pela Universidade de Copenhagen, John Ashton, do Escritório de Relações Internacionais e com a Commonwealth do Reino Unido, chamou a atenção para como a palavra “incerteza” tem significado (e uso) diferente para cientistas e políticos.

Segundo Ashton, para cientistas, incerteza significa “ok, há um sinal, mas existe incerteza sobre sua amplitude, que pode ser entre 4 e 6”.

Políticos, por sua vez, usam essa abordagem como desculpa para a falta de iniciativa. Para eles, incerteza significa: “ok, volte mais tarde quando tiver certeza”.

Para os temas oficiais do encontro, cheque http://climatecongress.ku.dk/ (em inglês).

Ventos que sopram para baixo

Em relatório divulgado na última sexta, o HSBC revisou para baixo sua expectativa em relação ao mercado de energia eólica, que deve sofrer uma redução de 20% ao longo de 2009 em todo o mundo. Um novo ciclo de crescimento, impulsionado pelo estímulo governamental nos EUA, Europa e China, só deve ocorrer em 2010.

A queda será mais acentuada nos EUA (40%), país que em 2008 havia liderado a adoção da energia eólica em todo o mundo, instalando mais de 8 mil MW (ou um crescimento de 50% em relação a 2007). Se os prognósticos do HSBC estiverem corretos, este ano o acréscimo será de apenas 5 mil MW. Para a China, a expectativa é que sejam instalados 6 mil MW de energia eólica este ano – metade do que o governo chinês havia programado para o período.

Perto da realidade brasileira, no entanto, os números acima são fantásticos. Segundo relatório do Global Wind Energy Council (http://www.ewea.org/fileadmin/ewea_documents/documents/press_releases/2009/GWEC_Press_Release_-_tables_and_statistics_2008.pdf), o Brasil, com 341 MW instalados no final de 2008, só está à frente do Marrocos, do Irã, da Tunísia, da Coréia do Sul, das Filipinas, da Nova Zelândia, das ilhas do Pacífico e dos demais países da América Latina em capacidade instalada.

Quer uma carona?

Que tal economizar dinheiro, reduzir a emissão de gás carbônico, ajudar a diminuir o trânsito e, de quebra, conhecer pessoas e fazer novos amigos?

Essa é a proposta do Coletivu (http://www.coletivu.com.br/), uma rede social criada exclusivamente para organizar caronas. Tudo muito simples: basta abrir um cadastro, localizar pessoas com itinerários semelhantes ao seu (para ir e voltar ao trabalho, a um show ou até uma viagem) e compartilhar caronas!
Dica da Helena Gober!

A faixa verde dos consumidores norte-americanos

Sim, muita gente ainda duvida que o efeito estufa seja causado pelo homem. Mas não os jovens americanos entre 18 e 34 anos - um público estimado em 76 milhões de consumidores que percebe claramente a relação causa-efeito entre as atividade humanas e as atuais mudanças climáticas.

Por consequência, eles são duas vezes mais inclinados a comprar produtos com apelo ecológico do que as pessoas que acreditam que o aquecimento é um fenômeno natural. Mas mesmo estas estão adotando atitudes mais sustentáveis, como reciclar lixo e experimentar produtos mais ecológicos.

Estas são as principais conclusões de uma pesquisa, divulgada hoje nos EUA, da EnviroMedia Social Marketing (www.enviromedia.com). Segundo seu co-fundador, Kevin Tuerff, esses consumidores valorizam empresas que oferecem produtos e serviços menos tóxicos, com menos embalagens e que exigem menos energia.

A opinião dos americanos sobre as mudanças do clima

Outras conclusões da pesquisa da EnviroMedia Social Marketing (www.enviromedia.com):
  • No total, 51% dos norte-americanos acreditam que as mudanças de clima são provocadas pela atividade humana. Ou seja, em termos de opinião, existe um empate técnico sobre o assunto.

  • No momento da compra de um produto com apelo ecológico, os que acreditam na relação entre atividade humana e mudanças climática são mais influenciados por certificações de terceiros do que por selos do próprio fabricante ou pelo boca-a-boca.

  • E apesar da crise e da falta de clareza sobre o tema na opinião pública, nada menos que 82% dos entrevistados declararam que ainda estão comprando produtos ecológicos, apesar da crise. Pelo visto, o americano médio não acredita em bruxa, mas que elas existem, existem!

Dia Internacional da Mulher

E eis que na semana que antecede o Dia Internacional da Mulher, ocorrem dois fatos que simbolizam muito bem a atual situação feminina no mundo:

1) Uma menina de 9 anos grávida, após ter sido estuprada pelo padrasto - ícone da violência doméstica e da violência sexual que infelizmente ainda é corriqueiramente utilizada como modo de dominação do homem sobre a mulher.

2) A patética reação da Igreja Católica, que excomunga família e médicos responsáveis pelo aborto dos gêmeos gerados pelo estupro, mas não excomunga o estuprador - legitimando, desta forma, a violência contra a mulher (afinal, o que importa é a vida que ela carrega em seu ventre - ela mesma é mero receptáculo, né???).

Quando comemoramos as conquistas realizadas no último século, às vezes esquecemos que elas só se aplicam a uma parte da sociedade ocidental. E mesmo nessa pequena parte, a mulher ainda ganha menos que o homem, não ocupa tantos cargos de liderança na política e na economia, é chamada de "minoria" nos recenseamentos demográficos...

Imprensa e sustentabilidade

Eu trabalhava em uma empresa de Comunicação, muito forte na parte de Assessoria de Imprensa - pedi demissão hoje porque quero me aprofundar em sustentabilidade. Foi isso o que expliquei aos clientes e amigos com quem falei ao longo do dia. E foi por isso que tive conhecimento de depoimentos bastante tristes de jornalistas que cobrem o tema na imprensa brasileira:

1 - Quando perguntados diretamente sobre o tema, os profissionais especializados na área invariavelmente mostram-se bastante céticos. É quase uma unanimidade a queixa de que as empresas acham que sabem o que é sustentabilidade, mas que não sabem. Visão superficial do tema, greenwashing e o desânimo provocado pelo cancelamento de projetos em virtude da crise econômica são alguns dos motivos citados para justificar essa postura.

2 - Ao aprofundar a conversa, no entanto, detecta-se que o ceticismo também tem por origem a dificuldade que o repórter de sustentabilidade enfrenta dentro da redação: falta de espaço para suas matérias ou falta de destaque, quando se consegue o famigerado espaço. Motivo: "sustentabilidade não vende". Ou seja, não é a imprensa que não tem interesse - é o leitor.

3 - Há, ainda, a questão da coerência: falar sobre sustentabilidade trabalhando em empresas que não são sustentáveis e que não estão caminhando nessa direção. Porque inovações ocorrem, com o lançamento de portais de internet, novos projetos gráficos, revisão nas hierarquias, Projeto Isso, Projeto Aquilo... Mas não há qualquer esforço para elevar o nível de qualidade das relações humanas, para minimizar o impacto ambiental - e, em alguns casos, sequer para uma gestão financeiramente mais equilibrada!

De tudo isso, o que mais me assustou foi a falta de interesse dos leitores. Até que eu me lembrei de tudo que já li sobre os esforços das empresas de mídia impressa para rejuvenescer seus leitores. Até que me lembrei que a internet anda quebrando os jornais lá nos EUA. E que cresce a importância das mídias sociais como canal de informação para os jovens.

Em outras palavras, sustentabilidade pode não vender revista porque o público interessado pelo tema se abastece de informações em outras mídias. E já já essas pessoas estarão em posições de comando na política e na economia - inclusive nos grupos jornalísticos. Ainda que mais tarde que outras empresas, eles também terão que voltar-se à sustentabilidade se quiserem sobreviver na economia do século XXI.

(Pode me chamar de Polyanna, mas esteja certo de que o fim do monopólio da Grande Mídia não significa o fim dos leitores)

Ecoabundância

A empresa de pesquisas norte-americana TrendWatching, que todo mês publica uma pesquisa de tendências de consumo, acaba de lançar seu mais recente estudo (http://trendwatching.com/briefing/). O foco é a importância da pegada verde para as marcas e a conclusão é arrasadora: segundo os pesquisadores, quem não adotar uma consciência ecológica – e comunicar isso a seus stakeholders – ficará de fora do mercado quando a crise passar.

Crise, aliás, parece ser uma palavra que passa longe, quando o assunto é sustentabilidade. Para os autores desse estudo, inúmeras oportunidades surgirão, no curto e longo prazos, apesar da crise – ou, algumas vezes, impulsionadas por elas. Não por acaso, a pesquisa tem um nome bastante otimista: ECOABUNDÂNCIA!

Incrível: ainda não se completaram sequer 100 dias de governo Obama e o tema sustentabilidade está onipresente nos EUA (depois da crise, é claro). Jornais, revistas, sites e blogs trazem todo tipo de notícia otimista: desde uma pesquisa que mostra que quatro em cada cinco consumidores norte-americanos ainda estão pagando a mais, mesmo com a crise, para ter produtos verdes (http://greenseal.org/resources/green_buying_research.cfm) , até o lançamento de formas mais eficientes de abastecimento da energia solar ou o anúncio de estudos para aproveitar a energia das ondas!

Evidentemente, havia uma demanda reprimida naquele país por produtos, serviços e condutas empresariais mais sustentáveis - que transformam a sustentabilidade em uma pegada estratégica também para o marketing!

Ecomarketing

Para que o pessoal de marketing possa aproveitar a onda da ecoabundância, a TrendWatching, relacionou 12 tendências (http://trendwatching.com/briefing/). Afinal, é para o povo de marketing que eles vendem esses estudos, né? Mas aqui só vou resumir as mais legais!

Ecostatus – de todas as tendências apresentadas no estudo, é por esta que torço mais! Trata-se simplesmente de construir o status da marca em cima de sua sustentabilidade. Até aí, nada de novo, né? BodyShop e Natura são cases clássicos de ecostatus! Mas tirando essas marcas, você se lembra de alguma outra? Pois é... Associar sustentabilidade / apelo ecológico a status ainda é raro, quando o assunto é produtos (no caso de pessoas, isso já está mudando – veja o post http://ascendidamente.blogspot.com/2009/02/generosidade-como-icone-de-status.html ). Vou ficar muito feliz se no futuro meus amigos dependentes de grifes se gabarem de produtos ecológicos – e não de “séries especiais” com preços nas alturas que se baseiam em uma noção de exclusividade excludente: pelo preço alto eu excluo este produto da massa de consumidores!!

Ecohistórias – quando a história por trás de seu produto é que lhe assegura o status (“esta camiseta é feita com PET reciclado coletado pela ONG tal e tal etc. etc.”, “esta calça é de algodão orgânico produzido pela comunidade XYZ etc. etc.”). Todas estas tendências são ilustradas, na pesquisa original, por exemplos, que eu não reproduzi aqui por uma questão de espaço (e porque o material original está a um clique de você). Mas, no caso da ecohistória, vou abrir uma exceção e contar a sacada da marca de roupas Icebreaker, que criou um “baacode” - em português, algo como código do béééé. Sim, bééée de ovelha! Graças a esse código, o consumidor entra no site da empresa (http://www.icebreaker.com/) e rastreia em qual das 120 estações de criação nos Alpes sulinos da Nova Zelândia está a ovelha que produziu a lã de sua peça – e em quê condições o animal se encontra atualmente! Além, é claro, de conhecer os donos da fazenda, entender melhor o processo produtivo etc. etc. Que bela ecohistória!

Ecofrugal – produtos ecológicos são bons, porém caros? A nova tendência é “bons e baratos” – sendo que o “barato” é justamente o benefício ambiental do produto (gasta menos gasolina, gasta menos energia elétrica, gasta menos água...). Os autores do estudo apostam que esta tendência vinga no curto prazo porque o benefício é justamente econômico: e economizar é o que mais se deseja em tempos de crise!

Ecoeducação – o TrendWatching fala das escolas que estão ficando verdes na forma (no lanche oferecido às crianças, nos materiais de construção, no uso de produtos recicláveis etc.). Por aqui, o pessoal já está pensando na ecoeducação do ponto de vista do conteúdo (ver post http://ascendidamente.blogspot.com/2009/02/ecopedagogia.html)

Ecodicas – a versão online dos ecocierges: sites com dicas sobre como ter uma vida mais sustentável. Dentro dessa tendência, está o Green Groove, dica de fevereiro deste blog (http://ascendidamente.blogspot.com/2009/02/voce-conhece-o-wwwgreengrooveorg.html)

Ecoduráveis – oferta de bens que maior durabilidade. Será o fim da obsolescência programada? (sim, as indústrias de eletrônicos programam até quando sua geladeira ou televisão funcionarão, para ampliar o mercado) E a moda? Será que o vintage ascenderá em status??

Ecoícone – tendência de expor de forma beeem visível o apelo ecológico do produto – como na imagem do navio movido a energia solar, que ilustra este post.

Rotulagem: uma forma de avançar na responsabilidade socioambiental

Nem todo mundo lê a tabela nutricional que é obrigatoriamente impressa nas embalagens dos alimentos, mas elas estão lá ajudando muita gente que precisa controlar a ingestão de sódio, ou tem intolerância ao glúten, ou quer simplesmente entender melhor o que está comendo. Mas a partir do momento em que a informação está disponível, ela gera um efeito transformador!

Apenas para citar um exemplo: ao dar maior consciência à sociedade sobre a quantidade e os tipos de gordura presentes em um alimento industrializado, criou-se o ambiente favorável à regulamentação da gordura trans, um veneno que há décadas consumíamos sem saber.

O mesmo processo pode ocorrer com a questão ambiental. Desde 2007 a Natura inlcui uma Tabela Ambiental nas embalagens de seus produtos em 2007 (mais informações em http://www2.natura.net/Web/Br/Inst/CabonoNeutro/DOC/carbono_por.pdf). Nos EUA, essa idéia está começando a circular agora, entre os verdinhos - que, na administração Obama, aparentemente terão melhor acolhida do que nos anos Bush.

Caso essa prática isolada fosse tranformada em lei - aqui e lá - os fabricantes teriam um estímulo maior para reduzir a pegada ecológica de seus produtos. Afinal, ninguém ia querer sair mal na foto, quer dizer, na tabela! E, a exemplo da gordura trans, certamente adquiriríamos informação e consciência suficientes para banir aquilo que é mortal e reduzir aquilo que é danoso!

Crise não ameaça cargo de Chief Sustainability Officer

Tudo começou como obrigação: ter alguém para manter os fiscais do lado de fora dos portões. Porém, com o tempo, as grandes empresas nos EUA perceberam que poderiam ganhar dinheiro com isso - e eis que surge o Chief Sustainability Officer.

Mais que um zelador pago para assegurar que a empresa andará na linha em assuntos ambientais e trabalhistas, este executivo com status de vice-presidente e que se reporta diretamente à principal liderança da empresa deve gerar valor para a corporação. Para tanto, ele ganhou espaço e poder, passando a responder pela reputação da marca, opinando sobre a pesquisa de novos produtos e fechando parcerias com fornecedores para o lançamento de itens ecologicamente mais corretos.

A lista de empresas que já exibem esta função tem nomes de peso, como HSBC, Sun Microsystems, Dow e Dupont. No caso da GE, a função é percebia como tão complexa que é ocupada por dois executivos. E esta semana a multinacional SAP juntou-se ao time, sinalizando que a tendência é forte, já que o anúncio acontece em um momento de grande desemprego por lá.

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Uma nova agenda para o aquecimento global

Anote na sua agenda: dezembro de 2009. É quando as nações de todo o mundo se reunirão em na Conferência do Clima de Copenhagen, na Dinamarca, para estabelecer os novos parâmetros da segunda fase do Protocolo de Kyoto, após 2012.

Desta vez, porém, a reunião contará com a participação e endosso dos EUA (inexistentes em 1997). Mais que isso: para os EUA, o encontro da Dinamarca servirá para demonstrar ao restante do mundo que suas intenções de migrar para um modelo econômico “low carbon” são sérias – e urgentes!

Não se trata de bom mocismo: uma boa parte da atual crise econômica se deve às guerras promovidas por Bush Pai e Bush Filho no Oriente Médio – guerras estas motivadas pelo fato de que os EUA dependem das reservas de petróleo da região. Aliás, o petróleo da região é que torna o Irã um interlocutor tão importante no cenário mundial. É o que fez a Rússia de Putin rugir tão grosso para o resto do mundo.

E o investimento na preservação do planeta pode ser, além de tudo, um bom negócio: tanto que Obama incluiu em seu orçamento as receitas que virão de um futuro sistema de controle de emissão de carbono.

Copenhagen: a corrida já começou

A ênfase que o presidente Barack Obama está dando às questões ambientais não dá margem a dúvidas sobre suas intenções. Resultado: diplomatas de todo o mundo e as Nações Unidas já começaram a se mexer para defender as teses de seus países na Conferência do Clima de Copenhagen.

No site do Ministério do Meio Ambiente (http://www.mma.gov.br/), descobri que nosso governo defende metas mais ousadas de redução dos gases responsáveis pelo efeito estufa, a transferência de tecnologias limpas e, com maior ênfase, a provisão de recursos financeiros para as nações em desenvolvimento.

Bom, em ano de recessão global (o FMI divulgou esta semana que a economia global deverá ficar parada em 2009), é pouco provável que a idéia de transferir recursos para as nações em desenvolvimento seja bem recebida. Ainda mais se em dezembro forem confirmadas as previsões de vários economistas de que a crise não atingirá os países em desenvolvimento de forma tão forte como às nações desenvolvidas.

Atualmente, os indicadores mais fortes que temos do rumo que a Conferência tomará estão no orçamento de Obama: tecnologia e regulamentação do mercado de carbono – que, por sinal, anda bem combalido por conta da crise econômica.

A crise facilitará a Conferência do Clima de Copenhagen?

A grande dúvida é: qual será o impacto da crise econômica sobre a Conferência do Clima? Muitos acham que a agenda ambiental será (ou melhor, já está sendo) comprometida pela recessão. Podemos deduzir que isso é verdade pelo mero fato de que vários projetos das empresas estão sendo cancelados (novos projetos muitas vezes, embora nem sempre, incorporam novas tecnologias, mais limpas). Outros acham que o fato de que estaremos emitindo menos carbono (menos fábricas operando, menos vôos, etc) facilitará as coisas.

Mais uma vez, aposto no Obama. Sua intenção de reduzir a atual dependência do petróleo exigirá investimentos em infra-estrutura que movimentarão a economia – em escala global, se outros países adotarem esse modelo. A adesão ao Protocolo de Kyoto, por sua vez, fatalmente gerará legislações ambientais mais restritivas, que obrigarão as empresas a adaptarem suas tecnologias produtivas – mais uma vez, criando um círculo virtuoso de consumo de máquinas, equipamentos e capacitação.

E a mera discussão do tema pela sociedade aguçará sua sensibilidade para questões ambientais, tornando os produtos ecologicamente corretos mais desejáveis na hora do consumo. Taí o crescimento do mercado de orgânicos que não me deixa mentir!

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