Quando a reciclagem tem que ser educacional

Talvez você já tenha visto alguma matéria sobre o malfadado Plano Decenal de Energia Elétrica do Ministério das Minas e Energia, que traça as metas para o setor entre 2008 e 2017. Ele prevê um acréscimo de 55 mil mW em nossa matriz energética para acompanhar o crescimento econômico previsto para o País. Até aí, nada demais. Só que quase metade desse total (20,8 mil mW) serão gerados por termelétricas!

Em outras palavras, se até 2017 nada mudar, o Brasil despejará na atmosfera milhões de toneladas de gás carbônico a mais do que faz hoje. Dependendo se a fonte da informação é do governo ou da oposição, esse acréscimo varia de 25 milhões de toneladas a 61 milhões de toneladas! Quando até os EUA começam a falar em créditos de carbono e redução nas emissões, o Brasil entra na contramão...

Obviamente, o Ministério das Minas e Energia tem uma "razão" (desculpa?) para isso: as supostas dificuldades na obtenção de licença ambiental por tecnologias mais limpas, como hidrelétricas. Ora, basta um olhar um pouco mais crítico sobre os projetos apresentados para perceber que a dificuldade de obtenção das licenças ambientais deve-se ao simples fato de que eles desconsideram os impactos ambientais que podem causar! Se o caro leitor for um paulistano, não precisa ir longe para comprovar essa afirmação: basta olhar o que foi proposto para o trecho sul do Rodoanel para perceber como o projeto desconsiderava totalmente o impacto ambiental que iria causar (isso depois de já termos visto o que aconteceu no entorno das pistas que já estão funcionando!).

E, mais uma vez, o motivo para isso é bastante simples: os engenheiros hoje responsáveis por grandes projetos, como hidrelétricas, rodovias, túneis etc., não foram preparados para incluir, em seus cálculos, o impacto ambiental das obras - um tema bastante recente na pauta da sociedade.

Ou seja, quando o assunto é energia, é de fundamental importância RECICLAR o conhecimento, requalificando nossos engenheiros para que possam desenvolver projetos em linha com os anseios da sociedade - e com as necessidades da economia sustentável.

Sua dose diária de consciência ecológica

Um site inteiro só com DICAS bem práticas para uma vida mais sustentável - essa é a proposta do http://www.idealbite.com/ Para quem mora nos EUA, ele traz inclusive dicas de locais para consumo sustentável nas principais cidades.

Para nós, do resto do mundo, existe uma ótima seção com dicas para mães que querem dar uma criação mais sustentável a seus filhos - além, obviamente, da indefectível newsletter, que entrega na sua caixa de email uma dose diária de consciência ecológica.

Geração G (de Generosidade)

Trendwatching é uma empresa de pesquisas de tendências. Todo mês, eles divulgam gratuitamente um briefing sobre tendências detectadas na sociedade norte-americana. Este mês, o tema é Geração G (http://www.trendwatching.com/briefing/).

Tirando essa mania patética de tentar relacionar fenômenos comportamentais com gerações (os fenômenos estão + rápidos que as gerações, será que ainda não perceberam?) e um certo tom "polyanna" - como se toda uma horda de anjos tivesse encarnado nessa nova geração!! - o estudo é interessante ao mostrar que há milhares de pessoas que já incorporaram o dar e compartilhar em suas vidas, indo além do voluntariado / trabalho social como algo separado do dia-a-dia.

Exemplos disso são o volume de vídeos postados todos os dias no YouTube ou a Wikipedia, feita da contribuição voluntária de internautas do mundo inteiro.

Ah, sim, o estudo lembra que não devemos subestimar estes exemplos pois as pessoas mais jovens tendem a usar mais (e melhor) os recursos de comunicação remota (como internet e celular).

Generosidade Corporativa


Obviamente, o mundo corporativo terá que correr atrás desta nova tendência para reter / ampliar consumidores – e talentos! E uma das partes mais interessantes do estudo da TrendWatching (http://www.trendwatching.com/briefing/#ecogenerosity) é justamente apontar de que forma as empresas poderão acompanhar esta nova tendência. Ao todo, são oito, mas as mais interessantes são:

1) Co-doar: criar canais para que os consumidores possam indicar os projetos que devem ser apoiados pelas empresas. Google e MSN já fazem isso (nos EUA).

2) Ecogenerosidade: ir além da neutralização dos efeitos da atividade empresarial sobre o planeta e incorporar ações que melhorem o planeta.

3) Amor Livre: favorecer novos modelos de negócio que permitam a troca de mercadoria entre consumidores e a entrega de produtos / serviços sem custo.

As demais me pareceram o mesmo blábláblá de sempre do marketing, com uma (tentativa de) nova roupagem.

Generosidade como ícone de status social

Um dos pontos que achei mais interessante no estudo da TrendWatching (http://www.trendwatching.com/briefing/) foi colocar a generosidade como um novo ícone de status social.

Isso fica bastante claro no mundo do show business: a estrela pode ter grana, jóias, carrão, IPhone, avião particular... mas se não se envolver com alguma "causa", não terá a mesma respeitabilidade. Julia Roberts(*) versus Angelina Jolie - entendeu a diferença?
(*) ok, eu sei que a Julia Roberts também esteve envolvida em iniciativas de cunho social, porém poucas, dispersas e sem foco. Prova desta afirmação é que hoje ela não é lembrada por seu ativismo social (característica valorizada no século XXI), mas sim pelo fato de ter conseguido chegar ao topo do ranking das estrelas mais bem pagas em Hollywood (característica valorizada no século XX). É dessa diferença que estamos falando!!!!!!!!!!

O quarto "R"

Reduzir.
Reutilizar.
Reciclar.

Precisamos acrescentar: REGULAR

Afinal, o governo também tem que fazer alguma coisa...

Ranking de empresas ambientalmente responsáveis

Climate Counts (http://www.climatecounts.org/scorecard_overview.php) é um site que busca conscientizar empresas e cidadãos sobre o combate às mudanças climáticas.

No link Climate Scores, é possível encontrar um ranking de empresas (americanas, obviamente) listadas segundo seu comprometimento com questões ambientais.

Vale a pena conferir!

Xadrez: e se as peças decidissem seus movimentos?


Entrem em http://sites.google.com/site/artmarcovici/democratic-chess e conheçam o ícone perfeito do que deveria ser o futuro da Comunicação Interna nas empresas!

Trata-se do Xadrez Democrático, jogo no qual as peças têm câmeras e caixas de som e, com isso, analisam os movimentos que os jogadores fazem e os comentam entre si. Os jogadores, se quiserem, podem deixar a próxima jogada ser escolhida em consenso, ao invés de assumir o ônus da decisão.

O projeto ainda está em fase de desenvolvimento, mas já sintetiza bem a mudança das relações de poder em uma sociedade de conhecimento.

Convites legais pela internet

O mundo corporativo ainda insiste em fazer convites em papel - como se o convite por email fosse uma opção válida apenas para pessoas físicas. E aí escolhem bike boys (no lugar de motoboys) para fazer um envio ecologicamente mais correto...

Deem uma olhada em http://www.pingg.com/ Além das inúmeras opções de lay-out para formatação dos convites, ele permite a realização de RSVP on line, comunicação pós-evento... Enfim, eles olham o convite como um processo, não como um produto.

E sem gastar papel a toa! Não é o máximo??

Ecopedagogia


Encontrei na Revista Lusófona de Educação (http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/349/34900602.pdf) um artigo de Moacir Gadotti sobre o conceito de Ecopedagogia.

Como o próprio autor admite, não se trata de uma tendência concreta. Mas saber que já existe um questionamento sobre o enfoque antropocêntrico das pedagogias clássicas e, principalmente, uma proposta de abordagem a partir do Planeta é uma excelente notícia!!

Qual seu conceito de desastre ambiental?


Quando alguém fala em desastre ambiental, qual a primeira imagem que vem à sua mente? Chernobyl? Exxon Valdez? Bhopal?

Hans Michael Van Bellen, em seu livro "Indicadores de Sustentabilidade" comenta que a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) estimou os danos ambientais acumulados na Europa em 4% do produto nacional bruto médio de cada país do velho continente.

Porque apesar dos estragos impressionantes, em termos proporcionais os grandes acidentes ambientais não se comparam ao efeito cumulativo de práticas ambientalmente agressivas, como despejar esgoto sem tratamento no ambiente, não reciclar lixo, não reduzir a emissão de gases na atmosfera...

Ao desastre agudo, que tanto nos choca, precisamos acrescentar a noção de desastre crônico - e começar a cobrar e implantar medidas / atitudes para minimizá-lo.

Sustentabilidade versus crise


Tenho lido matérias questionando o avanço da sustentabilidade face à atual crise econômica em alguns jornais, revistas e sites.

Fiquei preocupada. Se mesmo quem escreve e entende do assunto ainda vê a sustentabilidade como algo extrínseco à atividade econômica, que dirá quem não tem familiaridade com o assunto?

Não custa lembrar que o conceito de sustentabilidade baseia-se em três pilares, sendo um deles a prosperidade econômica das empresas. Porque sem lucro não há empregos, não há salários, não há investimentos.

Se fosse sustentável, o Lehman Brothers não teria quebrado porque teria gerido seus recursos de forma mais responsável.

Por que então achar que a crise pode retardar o avanço da sustentabilidade no mercado corporativo???

O desejo de ser melhor

À infelizmente já corriqueira violência urbana no Brasil, somaram-se nos últimos dias as notícias dos nefandos trotes universitários e da brasileira atacada por neonazistas em Zurique, na Suíça.

Situações diferentes, lugares diferentes, porém um traço em comum: em todos esses casos, a violência é deflagrada porque não há uma percepção de que a vítima é igual ao algoz.

Esse processo é bastante claro no nazismo, que explicitou a suposta superioridade de uma raça sobre outras. Mas é o mesmo "raciocínio" do preconceito e da violência entre grupos rivais, gangues e desavenças pessoais. Em outras palavras: você não é igual a mim. Você não é gente, portanto as regras que se aplicam às pessoas (= eu e meu grupo) não se aplicam a você.

Um raciocínio / sentimento simples, que gera, no indivíduo, a sensação de legitimidade por seus atos de barbárie.

Por trás do desejo de ser melhor

Mas por trás do processo de negação do outro está a afirmação do Eu - Eu sou melhor, eu sou mais puro, eu sou mais digno... Meu grupo tem mais direitos, tem mais história, meu Deus é mais verdadeiro... As facetas são múltiplas, mas a raiz é uma só: uma balança na qual a minha exaltação ocorre na exata proporção da degradação do outro.

Ok, é necessário rever e corrigir os mecanismos sociais por trás desse fenômeno (crise econômica, falta de perspectivas para a juventude, pobreza, ignorância etc. etc.), porém é preciso também começarmos a pensar nos PARADIGMAS EMOCIONAIS que regem a formação da nossa personalidade e nossa interação com grupos sociais. Sem uma atuação consciente e intencional sobre nossos mecanismos de projeção, auto-afirmação e criação de identidade, não conseguiremos dissociar barbárie e auto-estima.

Não estou fazendo psicologia de botequim. Estou falando de uma atitude que vale para as empresas, que tentam construir uma identidade corporativa junto a seus colaboradores; vale para governos e entidades da sociedade civil organizada que contribuem para a criação das identidades nacionais; vale para pais e professores e todos aqueles que lidam com crianças e jovens; vale para nós como consumidores, quando optamos por pagar mais por um produto pela exclusão social que aquele preço impõe para nos diferenciarmos...

É preciso ter consciência e cuidado com o que se esconde por trás do legítimo direito de querer ser melhor. Só isso.

Você conhece o www.greengroove.org ?

O site http://www.greengroove.org/ é uma espécie de "organizador pessoal" para quem quer incorporar hábitos de vida mais sustentáveis.

A premissa dos criadores é simples: é muito difícil abrir mão de hábitos de vida arraigados. Por isso, eles criaram um assistente para programarmos as mudanças. Dá para escolher a duração do período de adaptação, o nível de dificuldade e as áreas de nossa vida que queremos alterar (casa, carro, alimentação, estilo de vida etc.).

Entre os hábitos de vida sustentáveis listados pelo site estão atitudes simples e pontuais, como trocar lâmpadas incandescentes por fluorescentes ou optar por cobranças eletrônicas no lugar dos boletos via correio, até hábitos recorrentes, como prestar atenção no consumo de embalagens para reduzi-lo.

Vale a pena navegar no site - mesmo que você não esteja disposto a mudar nada na sua vida no momento. Pelo menos, você poderá ter uma idéia do quanto cada um de nós pode fazer.

Sonho Americano

Tanta gente já se meteu a explicar porque as eleições americanas movimentaram o mundo todo, literalmente, que fico até sem graça de tocar no assunto novamente. Mas resolvi fazer isso para acrescentar algo que não vi / não li (ok, eu não li nem vi tudo que se escreveu sobre as eleições americanas, so forgive me if I am wrong).

Sim, existe a questão de ser o primeiro presidente negro na nação que mais discute e expõe seu racismo. Sim, o fator Bush também pesa - o mundo inteiro queria vê-lo pelas costas (aliás, vi uma materia divertidíssima na TV sobre as milhares de festas que aconteceram no mundo inteiro comemorando a saída dele da Casa Branca). E, sim, há a crise - e o indefectível raciocínio mítico do Super-Homem que salva a todos no final!

Mas tem algo mais, ou melhor, menos: não há hoje uma alternativa ao modelo americano em termos de SONHO. Nenhuma nação, religião, sistema político ou econômico conseguiu nos seduzir. Podemos comprar produtos chineses, mas alguém quer ser como um chinês? Ou tentar a vida na China? Na Índia? O Japão, por exemplo, atrai seus descendentes e mais ninguém.

Mas não é só pela falta de opções que o aspiracional do ocidente continua direcionado para os EUA: é também porque ele invoca valores muito inspiradores, como a livre-iniciativa, o empreendedorismo, a possibilidade de traçar o próprio caminho e fazer a vida... A Terra das Oportunidades! Esses traços, aliás, explicam porque a Europa não consegue rivalizar com os EUA nesse quesito: porque apesar da Comunidade Européia, ela ainda é vista como excludente, preconceituosa, arrogante... A herança da colonização (Casa Grande e Senzala) não se restringe à América escravocrata!!

A era Bush nos fez muito conscientes de tudo o que não gostamos nos "gringos": a visão umbigocêntrica, o consumo excessivo que está desequilibrando o planeta, a truculência nas negociações e na imposição de uma visão de mundo... Que bom!!!! A partir do momento em que sabemos o que está errado, temos a oportunidade de: 1) parar de repetir o erro; 2) corrigir.

Agora, é hora de olhar e ver o que eles têm de bom - porque se não tivessem, não daríamos tanta importância, não prestaríamos tanta atenção, não seríamos tão seduzidos pelo show! E ao identificar o que é válido, podemos repetir e aprimorar tais comportamentos ou valores.

Sem preconceitos.

E por falar no Fórum Social...

Nota na coluna da Sônia Racy de hoje (jornal O Estado de S. Paulo) informam que o ditado "casa de ferreiro, espeto de pau" aplicou-se à organização do Fórum Social, em Belém:

  • No lugar de tendas ecológicas, usaram pré fabricadas de aço e plástico;
  • Quase não usaram papel reciclado;
  • Ao invés de energia solar, geradores a diesel;
  • E, o pior: no final, uma enorme quantidade de garrafas PET e sujeira espalhados pelo local do evento.

Como cobrar sustentabilidade se não se tem uma conduta sustentável????

Comentando a entrevista do Touraine no Estadão

No último domingo li uma entrevista do sociólogo Alain Touraine no Estadão (http://www.estadao.com.br/suplementos/not_sup316240,0.htm). Nela, entre outras coisas, ele apontou a desregulamentação como fator-chave para o fortalecimento da economia e o simultâneo enfraquecimento da política nos últimos anos e concluiu que a atual crise econômica deverá resultar no fortalecimento da política porque ela está aumentando a demanda da sociedade por regulamentação.

Confesso que fiquei um tanto decepcionada com este raciocínio mitológico (volta à idade do ouro). Ok, não fiz Sorbonne, não sou PhD, mas sei que nada volta - nem nas nossas vidas, nem na História. Touraine parece se esquecer que a importância que o Estado já teve deve-se à sua forte presença econômica, gerindo companhias dos mais variados setores. E embora exista uma marola nessa direção atualmente (com questionamentos sobre se os Estados deveriam assumir bancos falidos, por exemplo), a sociedade pós-privatização quer mudanças, sim, mas não a volta para o passado. Queremos taxas mais competitivas e SACs mais eficientes. Mas alguém quer de volta a fila do Plano de Expansão da Telesp??? (nunca ouviu falar nisso?? converse com seus pais ou avós)

Mesmo a demanda por ecologia, que Touraine identifica como um exemplo dessa demanda por regulamentação, ocorre hoje em esferas paralelas aos Estados. Davos-Belém é a prova cabal dessa tese: os Estados estavam em Davos. Quem estava em Belém, discutindo ecologia, era a sociedade civil organizada (ou tentando se organizar).

Mas o que a entrevista de Touraine me fez pensar foi: a sociedade hoje demanda regulamentação ou hedges? Porque depois de um longo período de expansão econômica, parece que esquecemos de fatores básicos da economia, como risco, por exemplo. E quando digo "esquecemos", falo de pessoas jurídicas e de pessoas físicas também (que estão chorando as perdas na Bolsa de Valores, mas nunca se questionaram de onde vinha a valorização de 15%, 20%, 40% acima dos índices do mercado).

Parece que esquecemos também (PJs e PFs) de outras noções básicas, como saturação de mercado, por exemplo. Pegue o mercado automotivo como exemplo: será que o crescimento de vendas vivido nos últimos 2 anos, graças ao crédito abundante, permaneceria em patamares semelhantes, mesmo se o crédito continuasse fácil? Não chega um ponto em que há saturação de mercado?

E visão de longo prazo? Alguém aí lembra que as commodities metálicas se valorizaram em grande parte por conta da demanda do mercado chinês - sendo que parte dessa demanda vinha das obras para as Olimpíadas - ou seja, tinham data para acabar?

Ooops, vamos voltar ao tema: embora me parece que oportunisticamente muita gente está querendo é garantias, e não regulamentação, vamos supor que Touraine está certo e que há, sim, uma demanda por regulamentação por parte da sociedade. Se isso for verdade, é muito mais grave porque pelos exemplos e por inúmeros outros exemplos (Enron, Lehman Brothers etc) percebemos que o mercado (=as pessoas, gente como eu e você) encara as regras como algo a ser burlado. Então, qual será o modelo de aplicação da "regulamentação"? Vigiar e Punir??? Estaremos dispostos a pagar o custo da estrutura de fiscalização e punição que este modelo exige? Estaresmo dispostos a sermos tratados como crianças irresponsáveis, que é a premissa desse modelo??

Enfim, este é o ponto que mais me frustrou na entrevista de Touraine. Porque olhar para trás, para a Idade do Ouro, e invocar Regulamentação e Estado? Não está na hora de olhar para a frente e cobrar Auto-Regulamentação e Responsabilidade de TODOS os agentes - econômicos, políticos, sociais?

Solução / revolução coletiva foi a ilusão dos anos 60. Hoje, está cada vez mais evidente que os problemas coletivos exigem soluções individuais. Emprego, aquecimento global, violência... Pode parecer loucura, mas a solução de tudo passa pelo engajamento individual e parte de nossos valores e crenças e posturas e atitudes.

Você abre mão do lucro?

Todo mundo fala em sustentabilidade, mas poucos têm coragem de colocar o dedo na ferida: a conta - alguém vai ter que pagar pela conta da sustentabilidade. E eu não estou me referindo aos custos com consultorias e certificações etc. etc.

Para que este planeta tenha uma chance, temos que reduzir o ritmo de exploração de seus recursos.

Com menos matéria prima, produziremos menos.

Produzindo menos, vendemos menos.

Podemos até elevar um pouco o preço, mas ganharemos menos.

O consumidor, por sua vez, pagará um pouco mais por cada item. E consumirá menos itens no total.

As empresas terão lucros menores. Os salários, obviamente, ficarão também menores (ou alguém aí acha que o patrão vai deixar de ganhar para dar pro funcionário??).

Os balanços mostrarão lucros menores, portanto os investidores da bolsa terão dividendos menores.

O governo arrecadará menos impostos.

A pergunta é: estamos preparados para isso?? Ou vamos brincar de faz-de-conta-que-estamos-sendo-sustentáveis???

Encruzilhada no mundo corporativo

Não é a crise que vai colocar as empresas em uma encruzilhada: são as pessoas. Mais especificamente, as novas gerações.

Hoje qualquer jovem de 14 anos tem facilmente 600, 800 ou mais contatos em seu orkut - um networking que pessoas da minha geração (tenho 44 anos) demoram uma vida corporativa para reunir! São pessoas acostumadas a recorrer a amigos ou às redes sociais para obter a informação de fontes primárias que podem falar sobre suas experiências diretas com tais medicamentos, determinadas situações de vida etc.

São pessoas acostumadas a interagir e se expressar - como elas se sentirão com o jornalizinho da empresa??? O mural???? E, como consumidores, vão se contentar com os atuais SACs? Os sites das empresas?

Essa geração demandará uma nova postura de interatividade, que quebrará o atual controle / monopólio que as organizações tentam impor sobre suas informações. Sem esse controle, mudarão as relações de poder da empresa com seus colaboradores, com seus fornecedores, com seus consumidores...

Acredito que ao entrar no mercado de trabalho, a moçada que hoje já acha blog demodé (quando eu acabei de criar um...) provocará uma revolução nas relações pessoais. Uma revolução que será muito pautada pela forma como a tecnologia formatou o modo de convivência e interação dessa geração.

Aguardo, ansiosa, por essas mudanças!!!
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